quarta-feira, 20 de abril de 2005

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Morreu o S.
Quando nasci já ele cá trabalhava. O meu avô depositava muita confiança nele.
Lembro-me dele desde sempre. Alto, olhos claros, o cabelo cada vez mais branco e um sorriso franco.
Contava-me histórias, a mim e ao meu irmão. Sentados na alameda, à sombra dos freixos, ou nas escadas dos lagares no tempo da vindima.
Trazia-nos bolinhos sempre que a mulher os fazia.
Foi ele que nos ensinou muito sobre cavalos, apesar de termos tido um professor de equitação.
Reparei que tinha crescido, quando as histórias que ele me contava eram sobre uma menina de caracóis louros que já não tinha caracóis, tinha cabelos castanhos claros, e já não era menina.
Hoje voltei a sentir, tal como quando a mulher dele morreu, e quando a M. também que, por cada uma destas pessoas, que me ajudaram a crescer, que parte fico um bocadinho mais incompleta. E é nestas alturas que vejo o quanto de mim lhes devo a eles, pessoas que não são da minha familia mas que fazem parte da minha vida.
E já sinto saudades dele...

3 comentários:

Anónimo disse...

Minha querida, terás sempre saudade, mas não creio que tenhas ficado mais incompleta. Quando amamos muito alguém, ficamos sempre com a memória e com a possibilidade de o invocarmos e de o partilharmos com quem o conheceu e com quem nunca o conhecerá. Pelo menos é isso que eu sinto em relação aos meus anjos da guarda.
um abraço muito forte
Sofia & Pirilampo

carlag disse...

Devemos guardar saudades, do que foi bom...
Beijinhos

Xuinha Foguetão disse...

Margarida,
é sempre tão difícil vermos pessoas que gostamos partir! Pessoas que nos ensinaram tantas coisas... sei o q isso é! E fica um vazio no coração!
O tempo passa e essa pessoa continua connosco porque a nossa memória e o nosso coração as mantêm vivas!
Um beijinho do tamanho do mundo,
Xuinha