domingo, 15 de julho de 2007

Dez dias?!

Passaram dez dias desde que escrevi aqui?! Dez dias, assim num ápice?!
Dez dias sem nem posts telegráficos, é verdade.

Não vou dizer que estive sempre, sempre a trabalhar, porque em dez dias vive-se, e dez dias de vida encerram em si muito mais do que o trabalho. Mas estive, quase sempre.
Agora, trabalho feito e entregue, horas de sono regularizadas, é tempo de voltar a uma certa normalidade.

Deseja-se o regresso a uma certa normalidade, mas como costumo escrever sobre aquilo que me domina no momento... lamento não ter nada minimamente interessante acerca do que escrever, porque o que me domina agora, apesar das várias horas dormidas, é o sono. Um sono persistente e invasor que deixa quase tudo parecer muito longe.
Por agora não me sinto capaz de muito mais do que vegetar pela casa, com as muitas páginas do Doutor Jivago debaixo do braço, aterrar, à vez, na sala, no quarto, nas águas-furtadas e deixar-me acormecer com o livro nas mãos. Tapar-me com uma manta leve e aninhar-me nas almofadas. E sentir uma paz preguiçosa e envolvente.

Ontem estava assim. Hoje, mais do que ontem.
Amanhã já deve ter passado.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Em género telegráfico*

Esta noite tive insónias. Já não tinha insónias há muito tempo.
Não tinha saudades disto. Não tendo sido especialmente penoso, fiquei só cansada por me parecer que o tempo, às vezes, parece passar tão lentamente.

Esta manhã cheirava a Verão no campo. Acho que hoje é, verdadeiramente, o primeiro dia de Verão.
Ainda não tinha cheirado a Verão este ano, a feno aquecido pelo Sol quente da manhã, a fruta madura e a ar morno.
Também já quase não me lembrava do cheiro do Verão; do Verão no campo, e apesar de não gostar de calor, hoje soube-me bem e senti-me reconfortada.

Andam a caiar os muros. E eu que, por acaso, não tenho qualquer costela alentejana, curiosamente gosto de ver caiar os muros e as paredes. Gosto daquele branco luminoso e puro, e gosto até de caiar.
Hoje, ao passar por lá não resisti. Salpiquei de branco os calções, a camisa, os sapatos, as pernas, os braços, a cara e o cabelo, mas fiz o que me apeteceu.
E depois almocei sentada no chão à sombra de umas árvores com as mulheres que andam a caiar. Comi bifanas e depois morangos, e muito pão daquele que só a M. sabe fazer. E ri-me genuinamente e descansada, junto de pessoas que me conhecem desde pequena e de quem sei que só me querem bem; muito bem.

E agora, volto ao trabalho normal.

* Como todos os que se prevêem nos tempos mais próximos. Por falta de tempo, só falta de tempo e nada mais do que isso.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Do cansaço

Estou cansada. Muito cansada. E, por isso mesmo, a tentar gerir as parcas energias e a falta de tempo que se imagina.
O meu Avô que, cada vez mais, acho que era um homem sábio dizia-me que: É o muito que deve ser bem governado, que o pouco por si se governa.
Sei bem o que ele queria dizer com isto mas, desta vez, neste caso especifíco, dou por mim a discordar dele. A energia que tenho é tão pouca que, por isso mesmo, tem de ser criteriosamente gerida.

(E sabes o que me apetecia, prima? uma noite daquelas, de conversa, até descobrirmos que lá fora o céu começa a ficar azul e o dia a nascer; daquelas conversas soltas; de saltarmos de uma para outra e para outra... sem preocupações de nexo; de juntá-las ao sabor do acaso e dos nossos apetites do momento, sem uma sequência previsível; dessas conversas de todas as cores como as pedrinhas de vidro daquele meu colar, que são só únidas por um fiozinho. Apetecia-me uma noite dessas apesar do cansaço... ou exactamente por causa dele.)

Sim, eu sei que é Segunda-feira, mas há fins-de-semana mais cansativos do que os dias da semana. E não, não foi de divertimento este fim-de-semana.