Está feito! O rapaz da Telepac/PT esteve cá umas horas, abriu caixas, experimentou modems, computadores, pediu medições de débitos e concluiu que o problema estava no spliter. Subistitui-o por outro, experimentámos as ligações e parece, por agora, que o problema está resolvido.
Gostava, porque tenho a consciência que existem pessoas que por aqui passam e acabam por ler o que escrevo. Gostava, dizia-a eu, por respeito a essas pessoas, de voltar com épisódios alegres e solarengos. Mas nunca enfeitei realidades, e estes dias não foram doces. Foram confusos, doridos, longos... Deixaram-me um bocadinho sem referências.
Depois daquele telefonema que me deixou animada para, finalmente, acabar de uma vez a tese, o rumo dos ventos mudou.
No dia seguinte discuti com o meu pai, depois descobri que ele tinha telefonando a uma das minhas melhores amigas a dizer que me achava triste nos últimos dias e que, não sabendo o que fazer lhe pedia uma ajuda. Concluiram que a causa para essa dita tristeza era, como não podia deixar de ser, o A.
Combinaram falar com outra. A mesma conclusão. Todos de acordo: eu andava profundamente deprimida - mas não sabia - e a culpa de tudo era do A. E também do facto de eu me recusar a esquecer o bebé.
Que fique claro que não duvido da boa intenção destas minhas amigas, que sei que são daquelas que fazem qualquer coisa para me defender, que estão comigo para o bem e para o mal, que são muito especiais, que gosto muitissimo delas e que lhes estou muito, muito agradecida. Mas há coisas que me atormentam.
Primeiro: eu não estava deprimida, andava cansada e um bocado preocupada com questões de trabalho, exclusivamente.
Segundo: custou-me muito que tivessem, mesmo reconhecendo que não podiam ter melhor intenção, que andado a falar de mim por trás das minhas costas, a combinar coisas, a falar sobre a minha vida, a fazer planos para mim, sem me tirem dito nada. Eu não sou parte interessada, ou sou incapaz de decidir da minha vida?
Terceiro: o A. não é culpado de tudo. É culpado de muitas coisas, fez coisas horrorosas, fez-me muito infeliz, mas não agora. Agora estava muito bem arrumado como uma recordação, só! E, mesmo que não o queira sequer ver, e que lhe tenha raiva (acho eu), deu-me também muitos momentos bons, muitas coisas, o meu filho...
Quarto: o meu filho existiu. Ainda existe nalgum sitio. Um dia hei-de voltar a encontrá-lo. Foi real, existiu, cresceu dentro de mim durante meses, conhecia-lhe já os habitos, o que o assustava, o que o acalmava... Fez-me companhia em momentos bons e maus. Foi e é o centro da minha vida. Existiu! Não o esqueço, nem quero!!!
Apetecia-me gritar! NÃO ESQUEÇO! NÃO POSSO! NÃO QUERO!
Porquê? Porquê que insistem para que o esqueça, que siga como se não tivesse sido nada?! Porquê?! As minhas melhores amigas, os meus pais?! E também não é assunto para impor ao V!
Custou-me voltar a estes assuntos. Voltar a lembrar o A.
Querem tanto tirá-lo da minha vida e não param de falar dele, e de atribuir-lhe a motivação de todas as minhas reacções.
Eu tinha conseguido arrumar recordações, gerir sentimentos e prioridades e seguir em frente.
E o meu filho...! Porquê que não compreendem? E se não compreendem porquê que me querem forçar a esquecer? Como se fosse possível...
Já fiquei sem ele! Não tentem também tirar-me a recordação dele!
Por agora é o meu único filho, a coisa mais importante da minha vida, esteja onde estiver! Se um dia tiver a felicidade de ter outros, este será sempre o meu primeiro! E isso nunca ninguém me vai tirar!