segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

Estes dias...

Está feito! O rapaz da Telepac/PT esteve cá umas horas, abriu caixas, experimentou modems, computadores, pediu medições de débitos e concluiu que o problema estava no spliter. Subistitui-o por outro, experimentámos as ligações e parece, por agora, que o problema está resolvido.

Gostava, porque tenho a consciência que existem pessoas que por aqui passam e acabam por ler o que escrevo. Gostava, dizia-a eu, por respeito a essas pessoas, de voltar com épisódios alegres e solarengos. Mas nunca enfeitei realidades, e estes dias não foram doces. Foram confusos, doridos, longos... Deixaram-me um bocadinho sem referências.

Depois daquele telefonema que me deixou animada para, finalmente, acabar de uma vez a tese, o rumo dos ventos mudou.
No dia seguinte discuti com o meu pai, depois descobri que ele tinha telefonando a uma das minhas melhores amigas a dizer que me achava triste nos últimos dias e que, não sabendo o que fazer lhe pedia uma ajuda. Concluiram que a causa para essa dita tristeza era, como não podia deixar de ser, o A.
Combinaram falar com outra. A mesma conclusão. Todos de acordo: eu andava profundamente deprimida - mas não sabia - e a culpa de tudo era do A. E também do facto de eu me recusar a esquecer o bebé.
Que fique claro que não duvido da boa intenção destas minhas amigas, que sei que são daquelas que fazem qualquer coisa para me defender, que estão comigo para o bem e para o mal, que são muito especiais, que gosto muitissimo delas e que lhes estou muito, muito agradecida. Mas há coisas que me atormentam.

Primeiro: eu não estava deprimida, andava cansada e um bocado preocupada com questões de trabalho, exclusivamente.
Segundo: custou-me muito que tivessem, mesmo reconhecendo que não podiam ter melhor intenção, que andado a falar de mim por trás das minhas costas, a combinar coisas, a falar sobre a minha vida, a fazer planos para mim, sem me tirem dito nada. Eu não sou parte interessada, ou sou incapaz de decidir da minha vida?
Terceiro: o A. não é culpado de tudo. É culpado de muitas coisas, fez coisas horrorosas, fez-me muito infeliz, mas não agora. Agora estava muito bem arrumado como uma recordação, só! E, mesmo que não o queira sequer ver, e que lhe tenha raiva (acho eu), deu-me também muitos momentos bons, muitas coisas, o meu filho...
Quarto: o meu filho existiu. Ainda existe nalgum sitio. Um dia hei-de voltar a encontrá-lo. Foi real, existiu, cresceu dentro de mim durante meses, conhecia-lhe já os habitos, o que o assustava, o que o acalmava... Fez-me companhia em momentos bons e maus. Foi e é o centro da minha vida. Existiu! Não o esqueço, nem quero!!!

Apetecia-me gritar! NÃO ESQUEÇO! NÃO POSSO! NÃO QUERO!
Porquê? Porquê que insistem para que o esqueça, que siga como se não tivesse sido nada?! Porquê?! As minhas melhores amigas, os meus pais?! E também não é assunto para impor ao V!

Custou-me voltar a estes assuntos. Voltar a lembrar o A.
Querem tanto tirá-lo da minha vida e não param de falar dele, e de atribuir-lhe a motivação de todas as minhas reacções.
Eu tinha conseguido arrumar recordações, gerir sentimentos e prioridades e seguir em frente.
E o meu filho...! Porquê que não compreendem? E se não compreendem porquê que me querem forçar a esquecer? Como se fosse possível...
Já fiquei sem ele! Não tentem também tirar-me a recordação dele!
Por agora é o meu único filho, a coisa mais importante da minha vida, esteja onde estiver! Se um dia tiver a felicidade de ter outros, este será sempre o meu primeiro! E isso nunca ninguém me vai tirar!

Por motivos alheios...

Pois é! Lembro-me de, quando era pequena, de vez em quando, estar a ver televisão e haver uma avaria. Logo de seguida aparecia uma locutora, normalmente muito pintada, com um fato cheio de folhos e um penteado anos 80 - ou não fosse essa a década a que remontam essas recordações.
Com um sorriso de orelha a orelha, e com um jeitinho afectado, lá pedia desculpa aos caros telespectadores pela interrupção, que tinha acontecido sempre por motivos alheios à nossa vontade. E prosseguia, no mesmo ar risonho com uma prometedora promessa: a emissão segue dentro de momentos.

Pois como a internet também tem destas coisas, a minha avariou-se. O meu precioso ADSL deixou de funcionar. A Telepac também me prometeu uma rápida resolução da avaria. Mas o certo é que continuo sem este precioso serviço.
Sem poder visitar os blogs das amigas, sem poder desabafar o que me vai na alma...
Enfim... espanto-me com a falta que isto me faz!
Espero que resolução do problema não demore!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

Capitulo 4

Já vamos no Capitulo 4...!
Ontem, ao final do dia tive uma surpresa. O telemóvel tocou pouco tempo depois de ter terminado uma longa conversa com o V. Olhei para o visor e admirei-me com identificação do número de origem: o número de uma antiga professora minha, da faculdade, coordenadora do mestrado à data em que o iniciei.

Atendi ainda sob o efeito da surpresa. Uma voz bem disposta, decidida e acolhedora diz : Então Margarida? Vamos voltar ao trabalho...?
Quis saber como estava, o que tenho feito, quais são os meus planos para os próximos tempos. Conhecedora, de perto, de tudo o que se passou comigo, entendeu que estava na hora de eu voltar à faculdade. Exigiu-o mesmo!
Disse que eu tinha feito um trabalho exemplar até o ter deixado, que estava muito bem feito, muito claro, muito bem fundamentado, que tinha imensas potencialidades... Disse ainda mais: disse que o meu orientador, pessoa a quem devo muito e credor da minha amizade e total confiança, mas também pessoa muito parca em elogios, lhe tinha dito que era da mesma opinião: que eu tinha muita capacidade, que tinha muito trabalho feito, e realmente bem feito... que era uma pena ter abandonado tudo! Uma enorme pena!

Acrescentou que, a partir de agora, ou eu resolvia falar com ele rápidamente para regressar, ou ela me ia telefonar até eu o fazer. Mas combinámos que para a semana, eu iria falar com ele.
Prometeu que estaria sempre disponível para me ajudar em tudo, em qualquer momento, e disse que me podia ajudar muito - o que eu sei bem que é verdade!

Perante isto, e depois de me torturar tanto, de passar noites mal dormidas a pensar no que tinha abandonado, a dúvidar se devia ou não voltar, depois de ter medo de encarar o meu orientador por não saber a opinião dele ao meu desaparecimento, depois de sentir o coração bater descompassado de cada vez que pensava a sério na situação, depois de tantas angústias e inseguranças... tive esta benesse!
Já não tenho motivo para hesitar! Tenho é muitos bons motivos para meter mãos à obra!
Não é que o título académico me interesse, mas gosto muito do trabalho nesta área, gosto muito do que estava a fazer, gosto de acabar o que começo, gosto de saber que faço coisas bem feitas.

Não fiz uma lista de objectivos para estes ano. Nem nunca o fiz para ano nenhum.
Mas este ano tinha imensos. Muitos mesmo!
Não sei se vou ter tempo e capacidade para concluir todos, não sei se vou ser capaz de fazer num ano tudo o que devia ter feito em vários, mas tenho recebido ajudas providenciais! Acho que tenho mesmo o meu anjo lá am cima a olhar por mim!

terça-feira, 25 de janeiro de 2005


Não era esta imagem que eu queria editar. Esta foi tirada de um site acerca da Terra de Lemos. Mas serve para ilustrar o que se passa lá fora. Está uma lua enorme, redonda, brilhante,linda, mágica... Inspiradora de tantas decisões, testemunha de tantas mudanças... Mágica..., em suma! Posted by Hello

Esclarecimento

Não me apetecia voltar a este assunto mas, para o encerrar definitivamente tinha que voltar a ele. Uma última vez.

Agradeço todas as palavras de incentivo e compreensão. Aquelas que foram deixadas aqui e as que me chegaram via email.
Mas, para ser franca, toda esta situação me faz sentir um bocadinho envergonhada.

Em primeiro lugar devo dizer que não fui vitima - desta vez! - de nada! Não fui vitima de nada a não ser do meu excesso de sensibilidade.
Perante uma frase que li num blog, admiti que ela se pudesse dirigir a mim. E fui mais longe: admiti que mesmo que aquela não fosse, pudesse haver outras pessoas a fazer julgamentos. E julgamentos errados.

Como já expliquei a algumas pessoas, não é segredo que passei por um momento muito dificil na minha vida, cujas consequências ainda foram agravadas por julgamentos errados e injustos- e à revelia - sem que tivesse sequer a possiblidade de me defender.
A simples ideia de puder reviver situações desse tipo deixou-me muito mais abalada do que eu imaginava que pudesse acontecer.

Como já disse, quando comecei a escrever no blog fazia-o exclusivamente para mim, depois foram surgindo amizades por aqui e, quando escrevia, sabia que, para além de mim acabaria por ser lida por essas pessoas: um grupo de pessoas com muitas coisas em comum, umas mais próximas do que outras, mas todas com algum ponto em comum. Uma espécie de irmandade.

A ingenuidade de só nesse momento ter compreendido que, afinal, podia estar a abrir o coração a todo o tipo de pessoas e não só a pessoas bem intencionadas deixou-me com uma sensação estranha. Porque motivo havia de continuar a fazê-lo?

A resposta veio dessas pessoas boas, que me fazem companhia. Que passam por aqui e por onde eu passo quase todos os dias. Entre elas o autor do dito blog, que não teve culpa nenhuma do sucedido e a quem devo um pedido público de desculpas.

E, posto isto... resta continuar! Mesmo sabendo que o mundo está muito longe de ser perfeito. Ou talvez por isso mesmo!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

Delete

Hoje escrevi um post e depois apaguei-o.
Apaguei-o porque percebi que neste mundo, tal como no outro - no dito real - tudo está sujeito a julgamento.
Tudo está sujeito a ser julgado por qualquer pessoa. Pessoas que nem sempre estão na posse de todos os elementos necessários para fazer um julgamento isento, por pessoas precipitadas, por pessoas com um auto-convêncimento demasiado grande para o guardarem dentro de si... e até por pessoas bem intencionadas mas que podem enganar-se e outras que podem conseguir julgar de uma forma justa. Mas são as primeiras que me preocupam.

Criei o blog para falar para mim mesma. Acho que foi por isso!
Encontrei pessoas que comecei a acompanhar e fiz algumas amigas. Quando dei por mim, já não falava só para mim, falava também para elas. Mas falava sem pensar, com o coração. Sem filtrar as palavras pelo crivo da razão.
Não reciei, nunca, ser julgada e mal interpretada.
Era transpatente... Transparente como raramente se pode ser no mundo real. E não temia porque sabia que não tinha sentimentos mesquinhos, nem maldade, nem convêncimento... nem vaidade! Em nada!

Hoje, depois de ter escrito o tal post, passei por um blog que passou, recentemente, a fazer parte do meu roteiro. Reparei num post sucinto. Curto, mesmo!
Reparei que era um julgamento! Um julgamento com uma acusação. Um julgamento feito a alguém que tem um blog onde a pessoa por detrás desse tem feito comentários.
Vi que a data era a de 20 de Janeiro, lembrei-me que tinha editado um post no dia anterior em que me comparava àquela minha avó da fotografia. Percebi que podia ser mal interpretado. Podia parecer vaidade. Mas não era! Não acho que nenhuma daquelas caracteristicas sejam especialmente bonitas. Pelo contrário; não gosto nada de ter a testa alta, e gostava de ter os ombros mais largos...
A acusação de vaidade feita nesse blog podia, ou não, ser dirigida a mim. Mas, mesmo que aquela não fosse, outra pessoa podia ler e achar isso mesmo, julgar que era vaidade. E eu estava só melancólica... mais nada!

Seja como for, o que li nesse blog fez-me pensar.
Vim até aqui e apaguei o último post por recear julgamentos errados. E não creio que volte a escrever com a mesma pureza de sentimentos com que o fiz até aqui. Vou ter sempre presente que há gente por aí a julgar. E, assim sendo, não sei bem se vale a pena continuar...

quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

Aniversário

No dia 20 de Janeiro, de há uns anos atrás, no inicio da noite, uma menina pequenina era posta no banco de trás do banco do carro do pai. Essa menina era eu.
Era demasiado pequena para guardar uma recordação muito precisa dos acontecimentos mas, a importância do momento era tal que guardo algumas imagens na minha memória tão nitidas como se tivesse acontecido ontem. Fazem parte da minha coleção de primeiras memórias.

Lembro-me que estava escuro. Não tenho noção das horas, nem do tempo que fazia. Sei, pelo que ficou registado e pelo que a familia conta, que passavam alguns minutos das oito da noite.
Lembro-me do meu pai parar o carro e dizer-me para ficar quietinha, que não se demorava. Lembro-me também da sensação estranha de ter ficado sózinha pela primeira vez na vida, e do escuro lá fora. Mas fiquei quietinha, e sem medo, embora admirada.

Lembro-me do meu pai regressar ao carro. Não sei se demorou muito ou pouco.
Disse-me para ir com ele.
Não me lembro do sítio por onde passei.
Mas lembro-me de entrar num quarto, de ver a minha mãe deitada numa cama com uma colcha branca e de estar, do lado direito da cama, um pequenino berço com um bebé deitado.
Lembro-me do minha admiração por ver um menino tão pequenino, tão quietinho.
Lembro-me de ouvir dizer: Dá um beijinho ao mano! e de alguém me ter pegado para chegar até ele.
Lembro-me da calma, e da alegria daquele momento! A partir desse dia eu tinha um mano!
Hoje é o dia de anos do meu maninho!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2005


Dizem que herdei muita coisa dela. A testa alta, os ombros estreitos, a cintura fina, o pescoço longo, as mãos esguias... Tudo isto é verdade, mas a expressão é diferente, o meu rosto é mais redondo e o olhar menos vago. Apesar disso, hoje, aquilo que eu acho que existe, realmente, em comum é o olhar. Não este olhar vago de quem paira acima das coisas, ainda que doce e condescendente. Hoje devo ter o olhar vazio, assim como se olhasse para as coisas e elas fossem transparentes. Simplesmente por que me sinto vazia, hoje. Talvez sem motivo. Talvez só hoje... Posted by Hello

terça-feira, 18 de janeiro de 2005

Missão cumprida

Pronto! Finalmente acabei esta fase do projecto de reestruturação da vinha!
Amanhã à tarde ainda tenho que entregar uns comprovativos na entidade competente, mas o essencial está feito. Posso, finalmente, respirar mais tranquila!
É tão boa a sensação do dever cumprido; de missão terminada.
Sinto-me muito mais leve, mais tranquila e, apesar do cansaço , muito mais bem disposta.
Devia levantar-me daqui, arrastar-me para a cama e dormir umas 20 horas, mas não. Agora, depois do trabalho terminado parece que o cansaço se foi embora.

De repente lembrei-me do tempo da licenciatura.
Eu, que sempre achei que a licenciatura era, bem vistas as coisas, uma etapa sem grandes dificuldades e desafios, dáva-me ao luxo de não estudar com um minimo de regularidade. Ía normalmete às aulas, mas estudar não era comigo.
Quando chegava a data das frequências tinha a noção que convinha tirar uma nota boazinha e então entrava em reclusão na véspera: fechava-me no quarto, quase não comia e dormia só alguns sonos curtos, roubados às horas seguidas de leituras.
O resultado, convertido em notas, compessava. E, se bem que me sentisse cansada, depois de terminar cada frequência, sentia-me assim, como hoje: leve e tranquila.
Mesmo que tenha momentos em que algumas recordações dolorosas ainda me assaltem, tenho que reconhecer vida anda a revelar-se bonançosa para mim, nos últimos tempos!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2005

Sucintamente...

O dia de hoje está a ser tão, tão ocupado que só me permite escrever um post sucinto para dizer isso mesmo: estou muito ocupada!
Muito ocupada e com vontade de descomprimir com as habituais visitinhas aos blogs do costume, mas hoje não posso.
Os assuntos são muito, inadiáveis, importantes e absorventes! Paciência...
Mas, há pouco, no momento do pôr do Sol, subia uma rua da Quinta de carro, seguida por um inspector do Ministério da Agricultura para fiscalizar vinhas, direitos de plantação, datas... Reparei na intensidade da luz ao fim da tarde: linda! Olhei para a vinha à direita e, a muitos poucos metros, pousada num poste, estava um lindissima águia! Tão perto! Olhou para mim, não se assustou com o carro, e abanou pachorrentamente a cauda. Valeu pelo dia maçador e atribulado! Ainda tenho muita coisa para fazer mas... tive muita sorte.

sábado, 15 de janeiro de 2005

Doce chuvinha

O trabalho... É o que se sabe!
Muitas coisas acumuladas, obrigaram-me a não ter este Sábado para mim.
Mas esta chuvinha que está a cair, agora ao fim do dia, embala-me para um descanço muito calminho. Convida a acender a lareira, e deixar-me ficar só a ouvir o crepitar das chamas, sem mais sons e sem mais luz do que aquela produzida pelo lume; enrolada numa manta, com o meu cão ao pé, e com a certeza aconchegante que, a alguns quilómetros de mim está alguém para quem sou muito importante.
Se amanhã não fosse o dia de anos do meu pai...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

A falta de tempo

Andamos todos muito ocupados. Demasiado ocupados!
Não há tempo para a familia, nem para os amigos, nem para nós próprios.
Mergulhamos no trabalho e tudo o resto fica subordinado a isso mesmo.
Os afectos são, metódica e eficazmente, arrumados numa gaveta de onde só são tirados quando arranjamos uma aberta nos nossos mais do que muitos afazeres.

Ora, se as relações são como as plantas, i.e., têm que ser cuidadas, regadas, protegidas, acompanhadas. Se exigem investimento e dedicação... como é que fazemos?

Eu bem tinha dito ao V. que andava sem tempo.
Pedi-lhe tempo e pedi-lhe espaço. Ele deu.
Depois senti a falta dele, facilitei a aproximação. Mas, de volta ao trabalho, fiquei sem tempo. De novo!
Ele bem tem tido calma e evitado queixas explicitas, mas eu tenho tido a noção muito clara de que estou a falhar, que estou a dar pouca atenção, pouco tempo, que estou a investir pouco... Num momento tão decisivo...!

Depois de muitas indisponibilidades, de muitos "espera um bocadinho que agora não posso!", de alguns "hoje não!" ou "agora não!", de alguns "talvez mais tarde". Depois de suportar tudo isso cheio de compreensão, talvez comece a cansar-se! E com razão!
Depois de tudo isto, saiu-lhe, em tom de brincadeira, é certo, o seguinte comentário: " Mas porquê que uma rapariguinha tão novinha trabalha tanto...?!"
Não sou assim tão novinha, mas sim, tenho trabalhado muito. Para quê?!
Respondi-lhe: "Olha, porque é preciso!". Mas, será mesmo?
Não deviamos, eu e muitas outras pessoas, parar um bocadinho e reavaliar as nossas prioridades?
Ainda bem que amanhã é Sábado...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

My Scotland...again...

Continuo a ter o hábito de ouvir rádios da Escócia. Mesmo que muitas delas sejam um bocadinho naifs. Sinto-me mais aconchegada.
Tenho bem noção do temporal que tem passado por lá: a chuva, o vento fortíssimo, as árvores caídas, as falhas no fornecimento de energia, os combóios parados, as pessoas mortas...

Num dia como o de hoje, cinzento, devia ansiar pelo Sol. Mas por mais que eu goste de dias risonhos e iluminados, sinto muita vontade de estar lá, onde há temporal, frio e dificuldades.
A este sentimento, pouco racional, diga-se de passagem, junta-se um outro factor: a proposta de uma instituição de Edimburgo para fazer exactamente o que mais gosto de fazer.
Eu sei que agora não posso, sei que, não tendo recusado, acabei por adiar a decisão. Mas hoje - hoje, mais do que nos outros dias - sinto uma grande vontade de fazer as malas e ir para lá.
E não é que as coisas me estejam a correr mal por aqui, que até nem estão! Mas não consigo deixar de sentir isto; como se fosse um chamamento!

Mas existem compromissos por aqui. Compromissos sérios. Demasiado sérios para lhes virar as costas.
E também existe uma outra coisa, recente (ou melhor: que reapareceu muito recentemente) mas muito forte: o apelo da maternidade. Não para já, mas para um futuro relativamente próximo. E não é de frequentar babyblogs. O contrário deve ser mais provável.
Para isso é necessário um pai, e existe alguém disponível, o V. Também é preciso que fique claro que não o estou a encarar como reprodutor! O que se passa é que ele existe. Estamos a dar-nos bem, é um potêncial companheiro e pai. Não fazia sentido agora virar-lhe as costas.
Já bem basta o que ele se queixa por eu ocupar demasiado tempo com o trabalho! Ontem, coitado, desesparou!

Pode parecer patetice, e se calhar é. Se calhar amanhã já não me sento assim.
Ainda que a vontade de ir para lá ou, pelos menos, de passar um tempo lá, esteja sempre presente, ela não costuma interferir com o meu dia-a-dia, como está a acontecer hoje.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

Era uma vez...

Era uma vez, há muito, muito tempo, num reino distante e chuvoso, um jovem e justo Rei.
Este jovem Rei, foi atraido para uma embuscada, traido e morto por uma pessoa das suas relações e que usurpou o seu lugar no trono.

Dois pequeninos príncipes ficaram orfãos e nas mãos do homem mau que tinha morto o seu pai.
Passados poucos anos, o Rei mau, começou a temer que a presença dos jovens principes fosse perigosa para a sua posição. Temia que o povo se organizasse e quisesse devolver o trono a um dos dois príncipes. Então, decidiu entregá-los a um homem para que ele os levasse para longe e matasse.

Mas esse homem teve pena dos príncipezinhos e fugiu com eles para uns reinos cheios de neve - para os países nórdicos. Chegados lá, o soberano desse reino recebeu-os muito bem e compadeceu-se das duas crianças. E, apesar dos apelos do rei mau, seu familiar, recusou-se a matar os príncipes. Antes os protegeu até serem adultos.

Depois de adultos os dois príncipes resolveram procurar fazer alguma coisa de útil na sua vida, mas a ameaça do rei mau mantinha-se.
Seguiram então para a corte de Kiev protegidos por uma falsa identidade. Nessa corte foram recebidos pelo soberano, casado com uma tia dos dois rapazes.
Lá, tornaram-se valentes guerreiros e muito estimados. E lá, também, conheceram um outro príncipe que viria a tornar-se o rei da Hungria.

Quando este príncipe voltou à sua terra, levou os dois príncipes com ele.
Já na Hungria, tornaram-se valorosos colaboradores deste jovem monarca. Mas eram infelizes porque, para além de terem ficado orfãos de uma forma tão dramática e tão cedo, ainda tinham, constantemente, o receio de serem mortos e estavam impedidos de regressar à sua terra.

Entretanto um dos dois irmãos morreu.
O segundo casou com uma princesa húngara, e tiveram um menino e duas meninas.

Enquanto isto, na sua terra, o rei mau morreu e, depois dos seus dois filhos terem ocupado o trono por pouco tempo, um tio dos príncipes foi feito rei e resolveu chamar o que tinha sobrevivido.

Mas, mais uma vez, tudo era dificil para este príncipe e o Imperador da Alemanha, por onde ele tinha que passar para regressar a casa, negou-lhe a passagem.
Passaram anos até que este Imperador morreu, e o novo Imperador autorizou a passagem do príncipe e da familia.

Finalmente, o príncipe Edward, regressou a casa, ao seu país, onde o seu pai tinha sido morto e de onde ele tinha sido levado ainda criança, em risco de vida.
Regressou, finalmente, com a sua familia a Inglaterra.
Quando lá chegou instalou a familia e as pessoas que o acompanhavam, mas morreu logo de seguida sem sequer ter falado com o tio.
Morreu satisfeito.
Sobreviveu ao assassino do seu pai, casou e foi feliz, teve três filhos e voltou ao seu pais antes de morrer. Foi sepultado ao lado do seu avô e descansou em paz!
O seu filho ocupou o seu lugar, foi rei de Inglaterra. E uma das filhas foi rainha da Escócia.

A vida deste homem foi dificil, foi dura. Muito dura.
Não há muito tempo, em pleno desespero, olhei para o retrato que está por cima da minha cama. É um retrato da filha deste príncipe. Pareceu-me ver nela uma expressão de carinho e de censura - é um dispararte, eu sei! - mas foi então que me lembrei das atribulações da vida dele e até da dela. Percebi que tinham tido vidas mais complicadas do que a minha e que nunca tinham desistido. Foi aí que fui buscar coragem! É aí que me alimento! Ela é minha 28ª avó, ele 29º. Meus avós, só isso. Que mesmo tão longe me ajudam tanto!
Nunca podemos baixar a cabeça! Nunca!

terça-feira, 11 de janeiro de 2005

Adenda

De cada vez que o telemóvel dá sinal de recepção de uma mensagem nova - e são algumas - sinto uma agitaçãozinha.
Carrego na tecla para abrir a mensagem, com a respiração quase suspensa, e, quando o autor é uma pessoa que, nestes últimos tempo, se tem tornado agradável, faço um sorriso e uma cara, palerma, de satisfação.
Deve ser um lindo quadro de ser visto! Deve, deve!

Intermezo

Há dias em que tudo decorre normalmente.
Dias em que não há muito que dizer.
Dias em que não estamos virados para grandes reflexões.
Dias em que deixamos as coisas correr, como se ligassemos o piloto automático.
Dias em que os sentimentos estão cá, calmos, e não nos sacodem, fustigam, ou nos fazem estremecer.
Dias sem tormentas.
Dias sem arrebatamentos.
Dias como o de hoje.

Um dia calmo.
O trabalho, rotineiro, sem ser repetitivo. Mas sem render, é verdade.
Os horários habituais, sem serem rigidos.
Um almoço normal.
Uma conversa com a amiga Teresa (http://eutenhoumsonho.blogspot.com/) e outra com a Paula Sofia (http://aminhabarriga.blogspot.com/) , duas amigas daqui, muito especiais, e que me parece conhecer há anos.
E... muito mimo, hoje via telemóvel.

Dias em que a vida nos deu um: Intermezo.
O que é que há mais a dizer de um dia assim?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2005

Quando os homens mentem

Quando comecei a ter aulas de filosofia, divertíamo-nos com uma coisa muito simples: silogismos.
Achávamos imensa graça ao facto de, fazendo raciocinios absolutamente correctos, do ponto de vista formal, chegarmos a conclusãos absurdas. Eram falsos silogismos. Mas este, por exemplo, é verdadeiro:

Os homens mentem.
O V. é homem.
Conclusão: O V. mente.

Está certo. Este está absolutamente certo!
Apanhei o bondoso V. a mentir-me, pela primeira vez.
Estava ele muito caseiro a comentar que lhe apetecia um programa calmo quando, talvez para ilustrar a ideia, diz o seguinte: Tinha um jantar de aniversário, mas não vou. Era a festa de uma amig...
O discurso era perfeitamente audivel: uma festa de uma... ; as primeiras silabas da palavra "amiga" foram ditas num tom muito baixo e a última letra - a letra "a"- nem foi pronúnciada. Não era necessário, eu tinha percebido.
Sorri porque percebi o embaraço. Ele prosseguiu: Era a festa da filha pequenina de um amigo meu."
Eu resolvi ser simpática e ajudei: Pois. Da M., filha do B.? Coitadinha! Está melhor?
Ele respirou fundo, falou na pequena M., no pai dela, amigo dele, e depois noutros assuntos.

Mentiu.
Não era a festa da pequenita. As festas de crianças de três anos não são jantares, são lanches.
Recuou no que estava a dizer, atrapalhou-se, deu-me uma justificação falsa.

Até há pouco tempo teria feito um drama. Gritava, chamava-lhe mentiroso... e depois ficava de rastos, a sentir-me enganada e a mais infeliz das criaturas. O A. foi sujeito a várias cenas destas (algumas delas mais do que justas!).

Agora, percebi que o V. me mentiu. Mas, porque mentem os homens?
Mentem porque a opinião que temos deles lhes interessa, porque querem agradar-nos, porque temos importância para eles. E foi isso que percebi com a mentirinha do V.
Tinha sido convidado para a festa de alguém do sexo feminino, e com bem mais do que três anos.
Mas não foi.
E que mal há em ter sido convidado por uma amiga? Eu posso convidar amigos para uma festa!
Que mal há? Nós nem temos nada, assim de concreto, não existe uma relação oficial. E, mesmo que houvesse, continuaria a achar normal que ele tivesse amigas. Não vai deixar de falar às pessoas, mas vou querer ir com ele às festas, ai isso quero!

Mentiu. Mas mentiu porque se preocupou com a minha reacção, teve medo que ficasse aborrecida. E não foi à festa...
Percebi que estava preocupado com a minha opinião; só isso. Afinal, uma mentira não é sempre má. Deve ter sido a primeira vez que uma mentira me soube bem!

Tenho uma paixão que ficou adormecida durante muito tempo, i.e, fechada no estábulo. Primeiro porque a prudência desaconselhava que montasse para não correr riscos desnecessários e depois, quando tudo desabou, porque fiquei sem vontade de fazer nada na vida. Finalmente, este fim de semana foi dedicado a essa paixão abandonada; mas não só... Posted by Hello

sexta-feira, 7 de janeiro de 2005


Muitas vezes ficamos em silêncio porque temos a alma vazia. Outras, a alma está tão cheia que se torna dificil falar. Estou assim: cabeça ocupada, coração sobressaltado, alma cheia... sem saber o que dizer, nem se devo fazer ou dizer alguma coisa. Hesitante entre o que está para trás e o que pode estar à frente. Por minutos, por horas, por dias...? A calma antes da tempestade? Boa ou má? Posted by Hello

quinta-feira, 6 de janeiro de 2005

Tired

Há dias assim...
Há dias em que estamos cansadas, em que as coisas não rendem, em que não encontramos magia.

Deitei-me tarde. Muito tarde. Ontem. Quero dizer: hoje.
Tive um jantar com uns amigos e outras pessoas, também agradáveis, mas foi um jantar de trabalho.
Acabou tarde. Adiantamos muitas coisas. Correu bem. Mas senti, todos os minutos a falta de uma companhia: da companhia dele.
Mas porquê que eu havia de levá-lo para aquele jantar?! Com que desculpa? Na qualidade de quê? Até lhe falei no jantar; mas não o convidei. Limitei-me a comentar. Ele também não disse que queria ir.

Acordei cansada e vim trabalhar. Parei para escrever um email, longo e sincero, a uma amiga corajosa. Quando tentei enviá-lo fiquei sem servidor.
Precisava da cópia de uma planta e a fotocopiadora não trabalhava, pensei usar o scanner e depois imprimir. A impressora não imprimia.
Telefonei para a assistência, mas a ligação estava péssima. Desliguei e usei o outro telefone: melhor. Estive horas ao telefone: Experimente isto. Veja aquilo. Confirme outra coisa... Agora desligue! Agora ligue! Agora carregue!...
No fim, tudo ficou a funcionar.
O mail, voltei a escrevê-lo.

Mas estou cansada, e com dores de garganta. Logo vou à médica.
E continuo assim hesitante, com dúvidas e... cansada.
Acredito que o dia de amanhã será mais risonho.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2005

A vida é uma coisa e o amor é outra

Andava eu no colégio e o meu pai deu-me o meu primeiro livro do Miguel Esteves Cardoso. Depois, comprei outros. Entretanto as crónicas foram deixando de ser tão "certeiras", o que também é normal, porque os assuntos com interesse não são infindáveis.

Divertia-me bastante com as crónicas. Lembro-me de, uma vez, ter soltado uma gargalhada em plena biblioteca e da cara de espanto de um colega meu quando percebeu o que eu estava a ler. Sim, porque ele pensava que para ter boas notas era preciso "devorar" livros cientificos.

Uma frase, de uma dessas crónicas, nunca mais me saiu da cabeça: O amor é uma coisa é uma coisa e a vida é outra".
Hoje, vários anos passados desde a leitura desse livro, a frase ocorre-me vezes sem conta.
O nosso trabalho, a nossa familia, alguns dos nossos amigos, por excesso de zelo ou outro motivo, a falta de tempo, o cansaço, experiências mais ou menos antigas... são tantas as coisas que nos afastam da influência do Cupido!

Estava aqui a pensar: Tenho tantas coisas para fazer que tenho que deixar algumas para trás!
Ora, para o amor é preciso disponibilidade de tempo e de espirito. Não nos é dado.
O trabalho é tanto; a familia, que ainda tem muito presente o episódio do A. e do bebé, resentiu-se com os primeiros sinais de romance (?).
E eu? Não sei bem se sinto ânimo para investir, mas também não sei se quero desistir.
Porquê que nada nos é simplesmente oferecido? Porquê que tudo tem um preço? Porquê que é preciso sempre abdicar de alguma coisa para conquistar outra? Porquê que as pessoas que estão mais perto de nós acabam por funcionar como travão na nossa vida?

Se estivesse sózinha na vida seria muito infeliz. Mas se estivesse sózinha na vida talvez não hesitasse e... talvez conseguisse ser feliz!
Tenho muito com que me ocupar, mas isso não me preenche. Se estivesse sózinha... acho que não estaria sózinha por muito tempo. Largava agora o trabalho, telefonava-lhe ou ía ter com ele. Agora! Ia ao cinema, jantar fora.

A vida é uma coisa e o amor é outra. Mas não devia ser assim! Não devia!

terça-feira, 4 de janeiro de 2005

Close to heavan... but...

Não, não é amor de certeza!
Não posso ainda. Não consigo. Depois de tantas coisas más... Mas é alguma coisa.

Depois de tudo o que aconteceu, a simples sensação de que pode haver um novo amanhecer já me enche a alma. Pensar em dias de sol, risonhos, com um caminho pela frente...
Só sentir que posso levantar-me de novo...

O amor é outra coisa. Constrói-se!
Requer tempo, investimento, cumplicidade, sonhos, cedências das duas partes, ajustes, abdicar de algumas coisas e receber outras (mais importantes!). Exige tantas coisas!
Mesmo que tudo corresse bem ainda há tantas coisas pelo caminho.

Mas dou por mim a pensar: O que é que ele estará a fazer a esta hora? Com quem?
E estou cansada: a gripe, o trabalho que se acumulou, o muito trabalho que veio com a chegada do novo ano, a vida, a sombra do medo que ainda ronda.
Ontem, esgotada, quando cheguei a casa tomei um banho de imersão em água bem quentinha, com calma, com espuma. Depois creme suave na pele, um roupão macio, a casa aquecida e tranquila... o telefone que tocou... entre outras coisas, a voz do outro lado diz: Tem cuidado com o frio. Cuida bem de ti... E aquela recomendação, igual a tantas outras que tenho ouvido nos últimos dias, deixou-me aconchegada.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2005

Suspensa...

Nos últimos dias do ano que passou dei por mim - e surpreendi-me - com uma sensação nova!
Nova e conhecida - a contradição é só aparente.
Nestes primeiros dias do novo ano a sensação mantém-se.

Não sei se foi por estar tantos dias, sózinha, sem nada que fazer, e sem puder fazer nada; ou se é por outro qualquer motivo mas, a verdade, é que me sinto diferente. Diferente do que me tenho sentido nos últimos meses ou, para ser completamente honesta, do que tenho sentido nos últimos anos até.

Aquela sensação de um apertozinho no estomâgo, sem ser mau; alguma inquitação, sem ser desagradável; o coração que bate um bocadinho mais depressa de cada vez que o telefone toca, mas sem ser descompassado; a imagem de uma mesma pessoa que nos vem à cabeça várias vezes ao dia... A ansiedade por dias de Sol, longos e mornos, por passeios calmos e agradáveis, por algumas idas ao cinema... a sensação de estar a regressar à vida...

Não sei bem o que é. Não sei se vai durar. Não sei se é verdadeiramente bom. Mas sei que me sinto diferente mas, ao mesmo tempo, assim... suspensa.