quinta-feira, 31 de março de 2005

Vidas simples

Durante todo o dia de hoje saltitei entre o escritório e o morangal, entre o escritório e a vinha velha, entre o escritório e as terras que estão a ser preparadas para as vinhas novas e entre o escritório e a adega.
No escritório falei, pessoalmente ou pelo telefone, com várias pessoas. No campo e na adega falei com outras, de outro tipo.

Chegaram de manhã, começaram a trabalhar ainda as gotas de orvalho pigavam das árvores neste dia que amanheceu húmido.
Vinham, como todos os dias, apressados e bem dispostos. Cada um deles seguio para as suas tarefas.
Durante o dia, por isto ou por aquilo, acabei por ter que passar pelos vários locais onde estavam a trabalhar, apressados, conscientes da responsabilidade de cumprir prazos, mas despreocupados, conversas inocentes, riso fácil e franco, gratos por um bocadinho de atenção.
Têm as mãos marcadas pelo trabalho e o rosto pelo Sol e o frio, alguns deles não sabem ler.
Têm vidas pequeninas e simples, limpas como as casas onde habitam.
Têm a paz que a maior parte das pessoas que se atropelam por aí não tem.
Têm uma enorme e contagiante alegria de quem tem tudo o que espera da vida porque não tem ambição, nem vaidade.
A M. deu-me um pão que foi feito por ela para o meu almoço, a B. uma sardinheira num vaso, o J. um queijinho feito com o leite das suas ovelhas. E eu agradeci reconhecida porque sei a importância destes presentes simples.
Já se foram embora para as suas casas, cansados, com a sensação do dever cumprido, sem inquietações. Vão dormir cedo.

Eu hoje ainda tenho um jantar num bom restaurante, tenho pilhas de coisas para fazer antes, tenho que ir a sítios onde tenho que fazer conversa de circunstância, tenho que sorrir polidamente quando nem sempre me apetece.
Deito-me tarde, tenho preocupações académicas, gostos que me levam a gastar tempo e dinheiro em livros, viagens, bilhetes para espectáculos, dúvidas existênciais, falta de tempo...
Às vezes olho para eles e invejo as vidas simples que têm; o tempo, a calma, a transparência, enfim, numa palavra: a simplicidade! E mesmo não me considerando infeliz, nem tendo sequer vontade de trocar de vida, porque a minha vida resulta do que eu sou, às vezes interrogo-me se a felicidade não está mesmo nestas vidas simples.

quarta-feira, 30 de março de 2005

Antónia

Tenho passado o dia sem conseguir sequer ter acesso ao blogger, agora, passei pelo blog da minha prima Patrícia e deparei-me com uma surpresa!
A partir daí até o blogger resolveu funcionar! Tenho uma priminha muito mágica!
E eu estou uma prima babada. Mas vão lá ver se não tenho razão!

terça-feira, 29 de março de 2005

Será possível?!

Sim! Será possível que o blogger não me permita editar um simples post durante todo o dia?!
Será possível que faça desaparecer o que escrevo e depois apareça a mensagem a dizer que este endereço não foi encontrado?!

Será possível que o maldito blogger também não me permita deixar comentários nos outros blogs?!

Deve ser um exercicio para testar até onde vai a minha calma! Sim, deve ser um teste para tentar estragar-me o dia!

Pois se não quer funcionar, por mim pode deixar-se estar assim. Se esta coisa continua assim mudo-me de armas e bagagens para outra casa!
Maldito blogger! Cria-nos habituação e depois é isto. Mas não, não me estraga o dia, não!

Em conclusão

A propósito de uma questão levantada ontem pela Sara, num comentário ao meu suspirante post de ontem, resolvi, até para arrumar mentalmente este assunto, rever o que aconteceu.

Percebi, num dia preciso que nunca conseguiria dividir a minha vida com o V.
Conhecia-o há uns três anos, mas apenas de uma perpectiva. Dávamo-nos muito bem, apesar de termos personalidades muito diferentes, ele não podia ser mais atencioso, mas... o ser humano é muito complexo. Somos compostos de muitos aspectos, eu conhecia, afinal, muito pouco dele. E não estava apaixonada.
Sentia carinho e estava encantada por ser alvo de tanto afecto, atenção e até de sedução. Até tinha passado por acontecimentos muito traumatizantes, estava carente... Afinal era isto!
Continuo a sentir carinho por ele. Mais do que antes. Muito mais!
Adorava continuar a tê-lo como meu amigo. Mais do que antes!

Depois desse dia, em que me apeteceu, de repente, virar as costas e fugir, não agi logo. Resolvi evitá-lo durantes uns dias, com justificações aceitáveis, até estar certa de que não estava a agir por impulso. Quis ter a certeza do que realmente sentia.
Percebi que era mesmo isso: não sentia amor por ele, não acredito que alguma vez viesse a senti-lo, e tenho a certeza de que não era capaz de dividir a minha vida com ele.

Como era de esperar, o V. começou a insistir comigo. Pretendia continuar as coisas como até esse dia. Eu fui evitando. Ele devia ter percebido.
Depois de ter encarado o que sentia, hesitei um bocadinho, à procura da melhor maneira de falar com ele. Não queria magoá-lo. Mas também não queria viver numa mentira, por mim e por ele.

Tentei falar com o V.. Tentei ter um conversa longa, calma e civilizada. Tentei explicar-lhe isto mesmo. Queria fazê-lo entender que nunca resultaria, mas que éramos amigos e que deviamos continuar a sê-lo. Mais do que nunca! Porque o afecto, esse tinha crescido.
Mas foi impossível!
Que as coisas não podiam continuar ele já tinha percebido pelas minhas evasivas. Não queria saber mais. Bastava-lhe. Baixou a cabeça, quis ir embora!
Não ripostou, não quis ouvir. Nada!
Baixou a cabeça, como que vencido e foi-se embora. Até hoje.
Não voltámos a falar. Nem uma mensagem de "Boa Páscoa"!
Éramos amigos... se calhar devia tentar voltar a falar com ele. Ou talvez não. Talvez seja melhor esperar que ele ganhe resistência, que digira as coisas, que consiga voltar a falar comigo.

Seja como for resta-me a paz de ter sido sempre verdadeira com ele e comigo. Nunca lhe prometi nada, nunca fingi, ele sempre soube o que eu sentia.
Fui franca com ele. Estimo-o e respeito-o muito. Sinto muito que ele sofra mas, nestes assuntos, parece que não há mesmo volta a dar; quando as coisas terminam pelo menos um dos envolvidos sai um bocadinho magoado - sei que nisto estou a ser egoista, mas sinto alívio por, desta vez, não ter sido eu.
Sinto-me triste por esta não ter sido uma história de final feliz, mas o tempo cura tudo, e a única coisa de que posso ser acusada por ele é de não o amar. Mas disso não tenho culpa.
Sabendo muito bem que estou longe de ser perfeita tenho, neste caso, a consciência completamente tranquila de ter sempre sido sempre respeitadora e verdadeira. Acho que era o melhor que podia ter-lhe dado. E a mim também; não há nada como a paz de espírito!

segunda-feira, 28 de março de 2005


É a coisa mais absurda que alguma vez escrevi, mas um blog serve, sobretudo, para dizer o que a alma manda gritar e a razão calar. Sinto-me apaixonada!!! Gostava de saber por quem ou pelo quê... Posted by Hello

Segunda-feira

Há muita gente que sofre do síndrome de Segunda-feira. Eu até nem me incluo nesse grupo.
Não gosto muita de Segundas. Mas quem gosta?!
Custa-me saltar da cama de manhã. Só por isso, mais nada.
Mas esta Segunda... não é uma Segunda qualquer.
Parei de trabalhar na Quinta-feira à hora de almoço. Não trabalhei na Sexta. No Sábado tive que fazer umas coisas mas que não tiveram nada o sabor a trabalho - bem pelo contrário! - e depois foi o Domingo. Domingo de Páscoa, com família, e bolos, e amêndoas, e chocolates, preguiça... e mudança da hora!
Ai! Hoje acordei de madrugada, ouvi a chuva a cair e não resisti, resolvi fazer uso do privilégio de trabalhar para o meu pai e cometi uma ousadia: peguei no despertador e desliguei-o!
A minha vontade era passar a manhã na cama, mas lá acordei às oito e meia e às 10H estava a trabalhar.
Entrei no escritório e olhei para as coisas que tinha deixado pendentes com uma sensação de quem estava um bocadinho perdida. Sentei-me peguei no maço de papéis que estava mais perto. Despachei-o. Tenho seguido esse critério. De vez em quando sou interrompida por algum telefonema - o telefone hoje está muitos activo! - mas o ritmo até nem é mau...
E lá vamos nós! Passou a Páscoa, mudou a hora, e temos pela frente uma nova semana!

sexta-feira, 25 de março de 2005


Porque há datas que se sobrepôem à nossa rotina, hoje, quero apenas deixar os votos de uma Páscoa muito feliz! Posted by Hello

quarta-feira, 23 de março de 2005

Afinal, como é que se faz?

Correndo o risco de ser mal avaliada, i.e, de ser classificada como superficial, tonta, instável ou coisas do género, mesmo assim, deixo a questão que, aliás, me acompanha já há vários dias.
Bem sei que durante os últimos três meses tenho andado por aqui a suspirar e cheia de requebros de menina apaixonada. Mas descobri, assim de um dia para o outro, que a realidade não era aquela. As circunstâncias levaram-me a conhecer o V. de uma prespectiva que eu nunca tinha visto. Percebi que nunca conseguiria viver com ele!
A explicação é longa e fica para uma outra ocasião.
Sucintamente, a verdade é que nem ele não correspondia à imagem que eu tinha criado, nem eu estava apaixonada por ele. O facto de termos sido obrigados a dividir assuntos profissionais revelou-me uma pessoa de que me apeteceu fugir. O V. é uma excelente pessoa, mas não somos compatíveis.
Apaixonei-me pela vida, pelo sentimento de renascimento, por ser alvo de corte e de sedução. Precisava de regressar à vida...
Não quis agir de impulso, mas há algum tempo que a decisão está tomada: acabou!
A questão é que não quero magoá-lo. Não quero mesmo!
Ele é um doce de pessoa, adora-me, é atencioso e carinhoso...
Como é que se faz? Como é que se faz para acabar uma relação sem magoar a outra pessoa? Há uma forma airosa de o fazer? É possível?
Há forma de sair desta situação sem provocar sofrimento? Há alguma receita mágica?

terça-feira, 22 de março de 2005

Capítulo 5

Ontem fiquei até tarde a ler um livro adquirido muito recentemente e editado também há muito pouco tempo.
Deitei-me muito tarde e sem sono.
Passei boa parte da noite às voltas da cama numa inqueitação de que já sentia saudades. Com a inquietação saudável e apetecível da descoberta, da possibilidade de novas respostas e até de novas dúvidas. Quando adormeci o meu sono foi povoado por chancelarias, inquirições e livros de linhagens.
Acordada ou a dormir - não sei bem - revivi o momento exacto em que deixei as coisas há tanto tempo. Um momento longínquo que se tornou próximo, uma recordação viva. E um momento que parece, agora, à distância, sabiamente escolhido pelo destino: o dia em que descobri o documento mais importante para toda a tese, um documento que, tudo indica, levará a uma alteração de uma história com muitos séculos. Parei nesse dia! Porque aconteceram outras coisas...
Continuo sem ter falado com o meu orientador, porque não tinha tido tempo para mexer em nada destas coisas. Continuo sem tempo. Roubo-o às horas de sono. Mas está a saber-me muito, muito bem mergulhar, de novo, nestes assuntos. Até o ar parece mais leve, o Sol mais brilhante, os dias mais bonitos... mesmo que não tenha tempo, mesmo que precisasse de dormir mais umas horitas, mesmo que tenha que guardar as visitinhas habituais para mais tarde. Acho que é paixão!

sexta-feira, 18 de março de 2005

Any title

Desisti de lutar contra os apetites das máquinas. Não consigo colocar uma simples fotografia no blog porque me aparece o aviso de que existe um qualquer conflicto.
Ora! Existe?!
Não adianta. Não vou teimar. Não vou perder meio dia ao telefone para a HP para solucionar o problema.
A questão é que hoje estava mesmo com vontade de colocar uma imagem e depois um texto pequenino, explicativo da fotografia acima. Aquele tipo de post que pode ser utilizado para ilustrar uma situação ou um sentimento ou, neste caso, para mascarar a ausência de uma ideia clara acerca de um qualquer tema sobre o qual escrever.

Estes dias foram muito exigentes, complicados, estranhos, absorventes.
Sinto-me como se nada estivesse no mesmo lugar - valha-me o mundo dos blogs que, esse sim, me aparece como uma referência!
Não sei bem para onde fica o Norte ou o Sul. Não sei se estamos no Inverno ou na Primavera. Não sei o que vestir. Nem sei o que sentir. Até me sinto sem referências nas horas.
Não sei que opções tomar em questões profissionais e sinto medo de que essas opções me obriguem a percorrer um caminho que não tenho a certeza se é o que realmente quero ou, simplesmente, o que convém. Não sei se consigo conciliar actividades diferentes. Mas sei que me sinto diferente. E sinto um misto de pavor e raiva por sentir que posso deixar de fazer o que gosto, para fazer aquilo que é conveniente, sobretudo para os que me são mais próximos. Ah... e por dinheiro. Porque aquilo que gosto de fazer não garante a sobrevivência a [quase] ninguém e aquilo que não gosto de fazer é bem pago e dá segurança. Queria que o percurso das pessoas - o meu! - não fosse ditado pelo dinheiro.
Sim; mais do que dizer que não reconheço as coisas e que tudo me parece fora do sítio, como se tivesse feito uma viagem demorada a um local muito longínquo, devo dizer que parece que fiz uma viagem longa fora de mim mesma e que, ao regressar, não me reconheço; em nada.
E queria... Queria que isto passasse depressa. E que tudo voltasse para trás. Queria apagar estes dias e voltar à semana passada. Queria encontrar-me e dominar o meu percurso.
E também confirmei que o trabalho - trabalho conjunto - pode arruinar uma relação. Mas isso é um outro assunto... ou talvez não.

terça-feira, 15 de março de 2005

Incongruências

Há quem lute por atenção, por compreensão, por amor, por poder ou por dinheiro.
Eu luto por um bocadinho de tempo porque, percebi agora, que quando não o temos abdicamos das coisas de que mais gostamos.
Quando não temos tempo não deixamos para trás o trabalho ou as obrigações; deixamos para trás os afectos e aquilo que nos alegra os dias.
Pior do que isso é que pode acontecer que as pessoas de quem mais gostamos e para quem não temos tempo não entendam bem a situação e sintam essa indisponibilidade como um sinal de que são pouco importantes para nós.
Ontem, ainda um pouco antes das onze e meia da noite já eu implorava ao V. que queria dormir. E ele insitia que era cedo e pedia só mais um bocadinho. Mas eu estava esgotada, mesmo. Não havia nada a fazer. Hoje ainda estou pior, só quero jantar e ir dormir. Não posso mais. Estou cansada.
Não tenho tempo para ele, nem para ir ver os blogs do costume. Tive tempo para fazer tudo o que era trabalho. Está feito, por hoje. Prazos cumpridos. Mas, para além de me sentir exausta, sinto-me frustada porque me parece um absurdo que, quando não conseguimos abarcar tudo, abdiquemos justamente do que mais gostamos.

segunda-feira, 14 de março de 2005

Espaços

Provávelmente é efeito do nevoeiro. Deve ser. Mas dei por mim a pensar numa coisa estranha: e se os blogs fossem espaços? Isto é, e se eu tivesse que fazer corresponder a cada blog um espaço?

Reparei que quase todos os babyblogs são jardins. Mas todos diferentes uns dos outros, na forma, no tamanho, no tipo de canteiros, nas flores que os ocupam. Uns têm muros altos caiados, com grandes portões de ferro trabalhado que deixam ver o lá se passa. Com ruas de areia vermelha onde os pássaros pousam e brincam e canteiros delimitados por plantas baixinhas. Com cheiro a viletas.
Outros ficam entre a casa e o caminho que está em frente, abertos e acessíveis a quem passa.
Alguns têm canteiros geométricos com buxo e roseiras, outros têm relva com as flores em tufos quase expontâneos e pedras deixadas sobre o terreno ondulante coberto de relva. Todos têm árvores onde se pode descansar sob a sua sombra tranquila.

Alguns blogs são salas de estar. Amplas e convidativas. Com sofás confortáveis. Convidativos a conversas intimas de amigos ou a reuniões bem dispostas.

Outros, e estou a pensar especificamente no caso de dois blogs escritos no masculino, são espaços abertos. Um fica no cimo de uma colina alta, verde e ampla, de onde se pode ver a montanha que fica mais acima e o vale onde existe uma povoação de pequenas casas brancas.
O outro fica no cimo de uma elevação perto da costa. Um monte também verdejante com plantas baixas porque são tocadas pelo vento que vem do mar que se avista a curta distância, mas vê-se, muito longe, paisagens variadas e os dias são todos diferentes, húmidos ou solarengos, ventosos ou calmos. Mas sempre variados: dias e a paisagem que se avista.

O meu é um quarto de dormir. Pequeno, com chão de madeira encerada e arraiolos para o tornar mais aconchegado, com uma cama de madeira com muitos, muitos anos, que já conheceu vários donos da mesma família, e uma mesinha de cabeceira com dois tampos de pedra onde repousam uma jarra de flores brancas miúdinhas e dois livros. O obrigatório guarda-roupa e um cabide onde pouso o casaco ao entrar. Uma secretária e estantes com livros. Muitos livros. Duas janelas; uma virada a nascente, solarenga e abrigada por onde entram os primeiros raios de Sol e por onde vejo o vale ao longe e, ali mesmo ao tocar da mão, uma árvore agora coberta de flores e os canteiros de lírios roxos, outra virada a Norte, sombria, ventosa, com vista para um relvado húmido.
O meu quarto.

sexta-feira, 11 de março de 2005

Colapso

O blogger colapsou! Não consigo deixar comentários em blog nenhum.
Na verdade já ontem foi complicado, mais nuns do que noutros, mas hoje não consigo mesmo.
Pelo panorama, não me está a acontecer só a mim. Mas a verdade é que sinto a falta desta coisa a funcionar!
Provávelmente nem vou conseguir editar o post, mas enfim... Não custa tentar!

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Sinto-me inquieta. Estou a beira de aceitar um desafio profissional. Uma alteração na vida.
Uma alteração grande, em grau de responsabilidade, em rendimentos... uma alteração que, a acontecer, me deixará na direcção do meu próprio trabalho. Mas uma alteração compartilhada com o V.
A possibilidade surgiu ontem, sem ser esperada. A resposta, temos que a dar depressa.
Uma boa oportunidade, mas que nos deixa quase paralizados pelas mudanças que implica. Uma delas, que não é desprezível, é que nos deixa a trabalhar juntos. Juntos todos os dias, dependentes das decisões um do outro, a trabalhar e a decidir em conjunto.
Assustador!
Assustam as mudanças, assusta o facto de passarmos a ter a nossa vida tão ligada um ao outro, tão de repente, de uma forma tão absoluta...

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Hoje é 11 de Março. Não gosto de me deixar arrastar por referências a este ou aquele dia. Mas, mesmo querendo alhear-me, não consegui.
Tentei não dar atenção aos noticiários, ao almoço, mas não consegui. Não consegui alhear-me do sofrimento daquelas pessoas. Dos que morreram, dos que ficaram feridos, dos familiares que choram os seus mortos. Pessoas de todas as idades, pessoas simples que seguiam para os seus trabalhos ou para os seus locais de estudo.
Não consigo deixar de sofrer por eles. Não consigo deixar de me sentir também um bocadinho atingida, não consigo deixar de sentir que fazemos parte da mesma comunidade, uma espécie de familia alargada (e não, não defendo a nossa união com a Espanha!)!
Não consigo deixar de sentir que, mesmo que eles - os malditos terroristas - tenham morrido, não tiveram o castigo suficiente. Não consigo deixar de sentir uma raiva, que vai crescendo, contra os fanatismos. E não consigo deixar de me sentir frustada por sentir que não podemos fazer nada contra coisas destas!

quinta-feira, 10 de março de 2005


Se recuassemos uns séculos hoje haveria festa neste velhinho castelo! As pessoas que o mandaram construir: meus avós, avós da Nádia e dos seus Matilde e Duarte, e da Patrícia, ganharam uma nova neta (bem, não foi hoej, mas é agora que estão de regresso a casa). Nasceu a bebé da Patrícia, a nossa M.A. Antónia! É este o milagre da vida e das familias, uma corrente longa e forte que atravessa os tempos. Que sejas muito feliz ANTÓNIA!!! Posted by Hello

quarta-feira, 9 de março de 2005

Hoje...

Tenho uma égua de que gosto muito.
Uma amiga, de uma amiga, que também tem um cavalo, diz que ter um cavalo é o mais parecido que pode haver com ter um filho.
Bom... salvaguardadas as devidas, e enormes diferenças, temos que reconhecer que também estes bichinhos mudam a nossa vida. São uns usurpadores de tempo e atenção. Contam-se pelos dedos os dias que, mesmo que esteja muito cansada, não a vá ver. Nem que seja fora de horas!
Enfim, entram para a nossa vida e transformam-na. Os laços que se criam são, de facto, muito fortes.
No nosso caso, meu e da minha égua, são fortissimos. Ela adivinha os meus estados de espírito, quando estou triste cobre-me de lambidelas e dá-me pancadinhas com a cabeça. Se não sabe de mim fica descontrolada.
Hoje o meu pai dispensou-me dois trabalhadores para lhe limpar a casa e, consequêntemente ela teve que sair de lá. Acontece que, embora tenha um parque para ela, nega-se a estar lá sózinha o que significa que fiquei todo o dia com ela! Todo o dia até agora! Só mesmo ela para me obrigar a atrasar ainda mais o meu trabalho!

Além disto tenho que ir agora a uma missa. Faz hoje sete anos que o meu avô morreu.
Como passei o dia com a égua, às voltinhas, tive muito tempo para pensar nele e relembrar vezes sem conta o dia de há sete anos atrás.
Não estou triste, mas sinto muito, muito a falta dele. Saudades! Tantas!
Mas sei que também ele não me deixou. Apenas não o vejo. Um dia havemos de nos encontrar de novo, e isso basta-me por agora.

terça-feira, 8 de março de 2005

Felicidade...

Hoje, tive um dia bem mais ocupado do que os meus já habituais dias cheios! Agora, bem já no fim do dia, quando consegui um bocadinho para mim, sentei-me e passei por alguns blogs mais amigos [uma visita rápida, sem comentários (ainda!)], só para descansar.
Num blog de que gosto muito, de uma pessoa que me é também muito querida, deparei-me com um texto que me tocou.
Fala de saudades e de amor.
Reparei que há bem pouco tempo podia ter escrito aquelas palavras. Conhecia as palavras e os sentimentos descritos em cada linha.
Reparei depois, ainda mais admirada, que neste momento tinha na minha vida tudo aquilo que lá está. Tudo, excepto as flores. Não há homens perfeitos...
Reconforta-me a certeza de que esta minha [nossa] amiga em breve terá também tudo isto na sua vida. Porque ela merece, e porque é a lei natural da vida.
E fiquei a pensar como a felicidade, tantas vezes, chega de mansinho, pé ante pé, sem nós darmos bem por isso. Como, às vezes, precisamos que alguém nos "abane" para vermos as coisas boas que temos na vida. E como elas nos acompanham durante o dia como, por exemplo, uma mensagem dele, "por nada", enquanto escrevia este texto...

segunda-feira, 7 de março de 2005

A despensa!

No fim de semana fui às compras. Daquelas para a casa.
Repeti o mesmo que tantas e tantas pessoas faziam no mesmo dia, à mesma hora.
Fui a um hiper-mercado, deambulei por corredoures cheios de gente, crianças pequeninas dentro dos carrinhos, crianças mais crescidinhas aos saltinhos ao lado dos pais, gente atarefada e gente manifestamente em passeio.
Disse mal à minha vida por ter ido a um dia daqueles para um sítio assim mas o frigorifico quase vazio falava mais alto.
Lá enchi um carrinho até ao topo. E lá consegui, depois do primeiro impacto, alhear-me da multidão e da desordem e concentar-me nas minhas comprinhas.
Senti prazer em escolher as bolachas e o queijo, os iogurtes, as massas, as especiarias e até os detergentes!
Carrinho bem cheio voltei a casa e depois de pousar todos os sacos na cozinha abri a porta da despensa e, em vez de ter lá posto tudo e virado as costas, senti uma vontade enorme de a arrumar. E lá fui eu!
Todas as prateleiras bem limpinhas, as caixas todas lavadas e arrumadas e uma nova ordenação de toda a despensa.
Senti-me tão bem a arrumá-la e fiquei tão orgulhosa do efeito que ainda hoje de manhã, quando lá fui buscar os cereais para o pequeno-almoço fiquei a olhar para a obra.
É um disparate mas desenvolvi um gosto inesperado e súbito pela despensa.
Gosto muito do quarto e da sala com lareira, gosto muito da minha salinha nas águas-furtadas com uma vista fantástica... mas também gosto muito da despensa! Estou a desenvolver gostos prosaicos!!!

sexta-feira, 4 de março de 2005

Cata-vento

Sim, eu sei. Pareço um cata-vento, sempre a mudar de direcção consuante o vento sopra de um ou de outro lado. Uma montanha-russa, tão depressa lá em cima, como lá em baixo. Ora nas nuvens, a suspirar, apaixonada; ora melancólica, desiludida, cansada.
Sim, devo parecer tontinha!
Mas naquilo que é importante não mudo. Há coisas em que sou tão absolutamente constante que chega a parecer casmurrice!

Ontem era tudo parecia tudo leveza. Hoje estou sem capacidade para raciocínios, sem ser capaz de me concentrar.
Parece, mas não há contradição. Continuo a sentir o que sentia ontem, mas estou mais cansada e muito mais enjoada. Enjoada com o cheiro da lareira que se entranhou na minha roupa, com o perfume (óptimo, por sinal) do meu irmão, com o bacalhau com natas do almoço e até com o chá de menta. Mais do que ontem, mais do que há dois dias, mais do que há três dias... Estou cansada de estar enjoada! E estou mais sensível por isso, e também mais fatigada. Ou ao contrário. Já nem sei a ordem dos factores, mas também não deve ser relevante!
E queria o V. só para mim, o fim de semana todo! E não pode ser!
É uma vergonha! Pareço uma menina mimada: capricho e infantilidade temperados com uns pózinhos de egocêntrismo!
Que me desculpem, mas sinto-me realmente estranha, com as lágrimas prontas a saltar dos olhos e, o que é pior, sem razão!

quinta-feira, 3 de março de 2005

Conversas de almofada

Desde que fui levada a questionar-me sobre aquilo que favorece ou não uma relação entre duas pessoas, leia-se uma relação amorosa, - que me lembre terá sido enquanto frequentava o 8º ano, quando a professora de português, a propósito de um qualquer texto, lançou o assunto para discussão - sempre tinha achado que as semelhanças entre as pessoas eram fundamentais.
Semelhanças de gostos, de educação, semelhanças na forma de agir e pensar...
Hoje, tenho muitas dúvidas que seja assim.

Eu sou impulsiva; falo antes de pensar, falo com o coração, gosto ou não gosto quase sempre à primeira vista; quando me aborreço (o que me acontece bastante) grito, bato com a porta, viro as costas. Não sou disciplinada, tenho dificuldade em cumprir horários e trabalho melhor se for sob pressão ( condição que me garantem frequentemente).

O V. é o oposto.
Ponderado, sensato, calmo. Nunca levanta a voz ( ou quase nunca). É ordenado e cumpre horários. Não vacila nem se precipita. Dá uma passo de cada vez, mas seguros. Avalia antes de agir.

Depois de algumas horas de conversas; de conversas a sério, daquelas calmas e preguiçosas, com tempo para divagar e para espreguiçar, fui-me confrontando com as nossas diferenças e, com a ajuda dele, da diferença que existe no nosso relacionamento desde que começou. Reparei na evolução e reparei no caminho percorrido, devagar mas seguro ( mesmo que eu já tenha feito umas derivações; felizmente com um regresso rápido ao lugar!). Seguro porque ele soube fazê-lo assim.
É verdade que compartilhamos ideais e princípios, até alguns gostos e educação semelhantes mas, somos muito diferentes!
Aprendi que as nossas diferenças não nos afastam, antes se completam. Completam-nos!
O segredo parece estar mesmo em alimentar conversas de almofada...

quarta-feira, 2 de março de 2005

Home... at last!

Tive uns dias fora. Em trabalho.
Não estava previsto, não era para ir mas, como quase tudo na minha vida, surgiu inesperadamente. Confesso que estava mortinha por uma "escapaldela" mas não foi o caso.
Nada de interessante, nem nada que me permitisse "recarregar baterias".
Sim... é o que dá trabalhar com a familia! Mas não faz mal!

Acabei de chegar. Estou cansada e tenho um monte (sem aspas, o mais literal possível) de coisas para ordenar e uns telefonemas para fazer, mas sinto-me reconfortada por estar de volta.
O momento alto do dia foi aquele em que o roaming do telemóvel deixou de ser necessário e no ecrã, apareceu o nome da operadora portuguesa precedida pelo familiar "P."!
E, afinal, só fui aqui ao lado, até aos nossos vizinhos espanhóis!
E agora, mesmo que haja muito que fazer, vou fazer uma visitinha relâmpago pela blogosfera.