quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz 2010

Um 2010 mágico!
Que 2010 vos traga a concretização de todos os vossos sonhos!

Entre o Natal e o Fim de Ano

O Paizinho ainda teve de ir trabalhar de manhã. Estou sózinha com a Mafalda.
A casa está por arrumar ainda e há algumas coisas por despachar para logo, para a passagem de ano (ainda que muito familiar) em casa do meu irmão.
Acendi a lareira com três pinhas e uns troços de pinheiro e cedro e o lume estala já, para abafar o som do vento forte que vem lá de fora.
A sala está transformada num quase quarto de brinquedos e a M. brinca com o porco/mealheiro/caixa de música, ao mesmo tempo que dança, tanto quanto os seus desembaraçados 14 meses o permitem (14 meses já!!! O tempo voa!!!), ao som do New York, New York, que passa na televisão ligada na RTP1. Nos intervalos vem pedinchar colo.

Há o almoço e muitas outras coisas para fazer mas ela não facilita e cola-se a mim. Verdade seja dita que não me apetece, também, fazer mais do que o realmente necessário.

Ela não me deixa muito tempo para garndes divagação por escrito. É tudo para viver e não me dá tempo de sobra para escrever.

Ainda não digeri bem o Natal e já temos aqui a passagem de Ano e o aniversário da minha Mãe.
Acho que o Natal é uma quadra difícil de digerir, muito para além da questão gastronómica.
Difícil de conciliar as expectativas de todos os intervenientes, um por um, e mesmo de cada uma das famílias em que, agora, nos temos de dividir.
Concentro-me no Natal da Mafalda. O Natal tem de ser, agora, mais o dela do que de qualquer outra das outras pessoas, todas elas adultas, por sinal. Concentro-me na essência do Natal, mais do que nunca, porque mais do que nunca a agitação, o alarido, o corrupio, a correria multiplicaram-se e de tão ensurdecedoras parecem querer não deixar ouvir nem ver o Menino na manjedora.
Vou à Missa do Galo para não me peder, para não me afogar, para, no fim de tudo, sentir que tive, de facto Natal, para ter a certeza que o vivi e que não passei por engano o Carnaval ou um arraial qualquer.
Vou à missa do Galo para que a Mafalda encontre o Natal; porque aquilo que escreveria agora, na carta ao Pai Natal que escrevia em pequena (para que ele trouxesse os presentes que o menino Jesus me destinava), aquilo que pediria, para este Natal e para todos os outros por vir, é que a Mafalda encontre, e nunca perca de vista a essência do Natal, o verdadeiro Natal, o Natal do nascimento do Menino Jesus.
Vou à Missa do Galo - vamos - para que no meio de tudo o vivamos, nós os três, como uma unidade, uma família como a do presépio, para a sentir (nos sentir) o núcleo, o núcleo da nossa vida.
E nada disto é fácil na realidade que temos.

De 2009, com momentos bons e maus, com situações dolorosas e outras maravilhosas, com a vida do dia a dia, com a volta ao trabalho (a um trabalho novo, totalmente novo, mas de que gosto), com planos e concretizações, não posso dizer mal. Mesmo que não fosse por mais nada porque foi o primeiro ano de vida da minha filha e nada na vida podia ser melhor do que ter vivido com ela esse crescimento.

Para 2010, não faço pedidos. Na verdade, para além de não gostar de passas que, no entanto engulo apressadamente ao toque das doze badaladas, nunca consegui enunciar doze desejos.
Deixo isso na mão do destino. Com expectativas. Sim, com algumas expectativas para 2010... mas fica na mão do destino!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Natal

Não me esqueci de passar por aqui no Natal. Simplesmente não consegui fazê-lo a tempo.
Não me esqueci de nenhuma das pessoas de quem gosto, mas não consegui telefonar a nenhuma nem mandar um mail a uma só que fosse.
Seja como for, ainda estamos na quadra, e deixo por isso, aqui, os meus votos de uma quadra natalícia muito feliz.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Doze

Neste entretanto, entre o aniversário da Mafalda e o dia de hoje, dei mais aulas, surpreendi-me com coisas boas dos alunos, surpreendi-me com coisas más dos alunos, aborreci-me com as horas que gastamos em outras coisas para dar umas poucas horas de aulas, lavei e passei roupa, cozinhei, mudei fraldas, fiz arrumações, fiz perto de 2 quilos de marmelada (e por pouco deixava estragar os marmelos todos, de tanto tempo que os deixei na árvore, maduros, antes de os apanhar), fiz testes e corrigi-os, tive sentimentos ambiguos em relação aos alunos (desejei, bem cá no fundo, que o mau comportamento de alguns meninos se reflectisse nas notas - e aconteceu, naturalmente - e que alguns outros fossem premiados pelo esforço - o que também aconteceu, na maioria dos casos), desenvolvi sentimentos um bocado maternais em relação a eles, no geral, e aos mais "fracos" em particular, visitei o Museu de Arte Antiga com o meu Mais que Tudo e a Mafalda (que se portou bem).
Neste entretanto fiz muitas outras coisas de que não me recordo agora, mas que, como estas que referi, são as coisas banais, do dia a dia, de uma pessoa comum.

Mas neste entretanto, também, nasceram dois dentinhos (de cima) à Mafalda, e está agora a nascer o terceiro de baixo (para juntar aos dois que desde Agosto, já tinha em baixo).
Neste entrento, também, a miúda deixou de dar apenas pequenos passinhos sem qualquer apoio. Hoje, assim de repente, a Mafalda começou a andar de um lado para outro, e de uma pessoa até à outra, sem parar, de sorriso nos lábios e, sobretudo, rápidamente e de passos absolutamente seguros e decididos.
É oficial; aos doze meses (ainda. ela ainda tem doze meses.), a Mafalda começou a andar sózinha. Está uma menina crescida!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

1 Ano

Parabéns, Mafalda!

(fotografia tirada aos 7 meses, por ela)


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Onze

A minha filha tem onze meses (sim, estou quase em negação e compreendo hoje, melhor do que nunca, o que esta menina sente todos os anos).
Estava eu a dizer que a Mafalda tem onze meses (porque sim, porque os tem, ainda) e que, em onze meses de vida viajou muito e para lugares variados e que teve acesso a experiências variadas. Em onze meses de vida, acho que viveu muito.

Viajou do Algarve ao Minho, do litoral ao interior, passou a fronteira e adorou a experiência por terras de fora.
Passou férias numa praia cheia de cheiro a maresia, manhãs humidas, areais a perder de vista, e com amigos meus, vizinhos/companehiros de férias desde a minha infância, mar com ondas de fazer respeito e muita calma e espaço. Passou-as também no Algarve, onde o Sol castiga a terra, mas as manhãs cheiram a figos e a flor de laranjeira; onde o mar é calmo e morno, mas o areal está pejado de gente.
Passou-as, por fim, no interior do país, em visita a uns amigos, por terras da Beira Alta, onde em cada localidade há um castelo, onde as casas de granito se misturam com as de xisto, onde tomavamos banho numa piscina com vista para um prado enorme e lindo, com vacas a pastar, onde existem lameiros e matas de carvalhos, e onde a noite nos brinda com o maior concerto de grilos que alguma vez ouvi e com a noite mais estrelada que conheço.

Vive no campo, com espaço e animais e liberdade e família que mima, mas às portas da capital, onde gosta de passear mesmo entre multidões.
Na maior parte dos fins de semana, vai ver a outra parte da família, onde também tem espaço e uma mão cheia de pessoas ansiosas por lhe dar ainda mais mimos.

Brinca na terra e na relva, vai à vinha e à adega, faz as primeiras tentativas para subir a árvores, adora música, dançar, que lhe leiam livros (e de desfolha-los, ela mesma), é louca por água e pelos seus (muitos) animais. Brinca com a gata, os cães e a égua. Dá milho aos pombos.
Visitou castelos, mosteiros e museus. Foi a exposições.

Fez muitas outras coisas de que não me recordo, assim de repente, mas, o que me importa reter de tudo isto é que ela é uma menina feliz.
É isso que me importa lembrar. Não importa dizer aqui, agora, tudo aquilo que ela é, de meiga, intelingente, doce, engraçada... não é isso que importa agora.
Também não importa falar acerca do que ela represente para mim, nem do quanto ela veio enriquecer a minha vida porque disso... teria que falar durante dias.
O que importa agora é que ela tem onze meses, tem tido uma vida repleta de experiências, lugares e pessoas e que, acima de tudo, ela é uma menina feliz. Muito feliz. E que aquilo que eu desejo é que permaneça assim por todos os anos que se seguirem.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

[Re]Começos

[Re]Comecei a trabalhar. Não esta semana. Não a anterior. Mas na anterior à anterior.
Afinal o curso e os anos todos na faculdade sempre servem para qualquer coisa.

Perguntaram-me se queria e eu disse que sim.
Não pensei nem acho que houvesse muito a pensar.

Duas manhãs, apenas.
Bom para mim e para a miúda, que não sabia o que era estar longe da mãe umas horitas (nem a mãe sem ela). Por isso, duas manhãs está bom, para começar.

A minha mãe fica-me com ela, por isso nem sai de casa. Apenas não é a mim que vê ao acordar, não sou eu que a visto, nem sou eu que lhe dou o pequeno almoço. E não, nunca, desde que ela nasceu, alguém que não eu, tinha feito alguma destas coisas.
E ao almoço já cá estou, para a abraçar, encher de beijos saudosos, e dar de comer.

Mesmo sendo o tempo que não estou com ela tão pouco. Mesmo assim, não consegui deixar de me sentir culpada por a deixar um bocadinho, por não continuar a ser eu a fazer-lhe tudo.
E agora, também o pai tem que ficar com ela uns bocadinhos, para além das brincadeiras habituais.

É bom para mim e é bom para ela, que cresce um bocadinho mais e que ganha uma mãe mais realizada e completa (mesmo que agora, ainda aqui esteja, já com vontade de dormir, a acabar de preparar aulas).
É bom para o pai que ganha uma mulher mais equilibrada.
É bom, para todos, em suma.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Soltas

Sei lá porquê, ou de onde, chegou-me hoje uma saudade forte do tempo em que este blog era cheio de vida. Tenho saudades da "convivência diária" com algumas pessoas. Algumas já de muitos anos, que o mesmo é dizer, de muitas alegrias, de muitas tristezas, de muita vida compartilhada. Bem sei que as espreito na mesma. Não tanto quanto gostaria, mas espreito. E acho sempre que esta quase ausência é transitória e breve, mas ela vai teimando em permanecer.
Tenho saudades. Muitas.

A Mafalda fez onze meses. Está enorme, saudável, desenvolta e muito, muito meiguinha.
Sou muito feliz com ela e o pai.
Ao fim deste tempo todo, continuo a lamentar o tempo e o espaço que queria mais nossos. Ainda "nos dividimos" demasiado, ainda compartilhamos mais da nossa vida e de nós do que seria desejável ou até saudável. Ainda precisávamos de sermos mais nós.
Só isso. Apenas isso.
Tudo o resto, entre nós, julgo ser tão perfeito quanto a condição humana o permite.

O blog foi inundado por uma praga de lixo em forma de comentários anónimos.
Tentei uma solução para os deter (e tenho que apagar os que por aí estão, mas o tempo é pouco e agora apetece-me aproveitá-lo com outras coisas). Veremos se resulta...

Chegou o Outono e, ao contrário da maioria das pessoas, gosto dele.
Tivessemos nós os três o nosso "casulo" pronto a habitar e seria uma maravilha: os doces e as compotas, os primeiros chás quentinhos, as mantinhas para nos aninharmos os três aos serões ou nas primeiras tardes de chuva...
Mas não está pronto e ainda está demasiado calor.
Sonhar não custa...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Este fim de semana

Este fim de semana (alargado) rumámos ao norte. Ao norte mesmo. À fronteira.
Este fim de semana visitámos amigos que não via há anos, bebemos vinho verde fresco ao jantar e deambulámos por uma fortaleza de conto de fadas só nós os três. Subimos ao Monte de Faro que é tão alto que as luzinhas que se avistam de lá, lá em baixo, nos parecem o céu cheio de estrelas, invertido.
Este fim de semana passámos o rio Minho pela ponte velha de Valença e passeámos pela costa recortada e verdejante da Galiza.
Este fim de semana levámos a M. ao Santiago e ela avançou, determinada e alegre, com passos largos (e segura apenas por uma das mãos), pela Catedral fora, e abraçou-se a ele, como se o conhecesse desde o início dos tempos e sentisse umas saudades de séculos.
Este fim de semana passeámo-nos pelas ruas antigas de Santiago de Compostela, cheias de gente e vida de dia e de noite.
Este fim de semana a M. delirou com a tuna da Universidade de Compostela que, durante a noite, fazia uma serenata em frente à Catedral. Ria, dançava, batia palminhas e tentava acompanhá-los.
Este fim de semana, passeámos e vimos coisas até nos deitarmos sempre tarde exautos e felizes.
Este fim de semana a M. parecia ainda mais feliz do que parece ser todos os dias.
Este fim de semana o N. deu-me um anel muito especial.
Este fim de semana a M. começou a andar apoiada a objectos e não apenas pela nossa mão. Começou também a soltar-se das nossas mãos e a ficar em pé, equilibrada, por uns tempos até nos pedir, de novo, a mão para avançar.
Este fim de semana a M. disse Iesús. Assim mesmo. Claramente. Sábe-se lá como ou porquê. Mas disse.
Este fim de semana fomos ao berço da nação, visitámos o Paço dos Duques de Bragança, tirámos-lhe fotografias junto à estátua do Avô Afonso Henriques e junto à Pia onde foi baptizado, levá-mo-la a andar pelo castelo e ela juntou as energias para se divertir lá dentro e explorá-lo (dentro das suas capacidades).
Este fim de semana andámos pela parte velha (e linda) de Guimarães.
Este fim de semana encerrámos a época de passeios de Verão.
Este fim de semana, foi nosso.
Este fim de semana foi cheio de coisas só boas. E nossas, pois.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Estreias

A M. tomou, hoje, o seu primeiro banho de mar.
O primeiro a que se pode chamar, realmente, um banho.

Entrou, mar a dentro, segura pelas duas mãozinhas, mas com passos confiantes. Não se assustou, nem com a temperatura da água, nem mesmo com as ondas, e fui eu que tive que contrariar o seu avanço para além do nível de água pelo peito.
E chegada cá fora, lá se voltava outra vez, e avançava, sorridente, para dentro de água.

Uma valente!

Férias

Em férias, desde sábado passado. E a cruzar os dedos para que as coisas tristes e más tenham, todas, ficado para trás.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Saudade

Ufa
13-10-00 - 31-07-09

Saudade apenas; porque ainda não consigo dizer mais nada acerca dela.


quinta-feira, 23 de julho de 2009

Deste país (ou de mim)

Desde que a Mafalda nasceu (até antes, na verdade), que estou como a minha prima esteve, i.e., se me perguntarem a profissão devo responder: mãe.
Mãe a tempo inteiro, 24 horas por dias, sete dias na semana, sem intervalos nem interrupções. E podia fazê-las, sim. A M. tem familiares ansiosos por tê-la para eles, e têm-na, mas por bocadinhos apenas, e a responsabilidade toda recai, até hoje, sobre mim (com uma boa ajuda do pai, quando necessário). Nunca outra pessoa lhe deu um almoço, um jantar ou o leitinho antes de dormir.

E desgasta, sim. Mais uma vez, estranho as mães que apenas relatam maravilhas da sua experiência.

Desgasta-nos, é um esforço que sai de nós, consome-nos até, um bocadinho. Às vezes tenho a sensação que me estou a dar, literalmente, aos bocadinhos à minha filha. Faço-o por opção, é um facto. É uma redundância dizer, porque já disse que é uma opção, que não faria as coisas de outra forma, sendo-me dado a escolher.

Porque, se por um lado desgasta e consome-nos, por outro lado, ainda não vivi nada de tão gratificante. Se eu sinto dar-me aos bocadinhos à minha filha, bocadinhos esses que não voltam mais para mim, justamente porque foram dados, por outro lado, sinto-me, constantemente, a receber dela, e a receber muitíssimo.
Sinto falta de uma outra vida, de leituras, de conversas, de tempo, de liberdade. E, no entanto, tudo isso junto continua a parecer muito pouco comparado com o que eu vivo com ela.
Volto a dizer, e podia sublinhar, que estar com ela a tempo inteiro tem sido a melhor coisa da minha vida.

Mas o tempo passa, vamos para férias e, quando chegar a altura de regressarmos, vai faltar pouco tempo para ela completar o seu primeiro aniversário. É altura de retomar as outras áreas que ficaram para trás durante este tempo, até porque o esforço financeiro não pode ser só do N.

Por isso há que ponderar as hipóteses e é aqui que não entendo o país que é o meu e que, também, não trocaria por nenhum.

Em primeiro lugar, ficar a cuidar dos filhos é um trabalho. É uma função útil, nobre, e que trás benefícios não só para os próprios, como também para a sociedade. Não entendo (ou entendo. mas lamento, mesmo assim) que, para a esmagadora maioria das mães, a opção de ficar a cuidar dos filhos até aos três anos (já que essa é a idade em que coincidem as opiniões de pedopsiquiatras, pedriatras, pais, educadoras de infância, and so on, a partir da qual a criança começa a receber benefícios em frequentar um infantário e deixar de estar em casa), que essa opção, dizia eu, não seja sequer uma opção. Nem mesmo no primeiro ano de vida dos filhos. E porquê? Por questões de dinheiro, números. Porque o Estado não reconhece essa tarefa como trabalho digno e efectivo, e digno de ser remunerado.

Não entendo ainda outra coisa.
Quando acabei a licenciatura (no ramo científico. na Universidade do Estado com mais altas médias de ingresso), optei por tirar o mestrado (três anos) em vez do fazer as Pedagógicas (dois anos), porque isso me enriquecia mais, porque satisfazia melhor a minha vontade de aprender mais sobre a área que tinha escolhido, e porque - e isto é determinante! - me foi garantido que, seguindo esse caminho, teria sempre a possibilidade de dar aulas.
Acontece que agora me deparei com outra coisa, bem diferente.
Que não, que não senhor, que não posso nada dar aulas sem ter feito as pedagógicas. E que não importa nada as competências científicas, nem as várias cartas de professores a reconhecerem o mérito, nem as notas obtidas, nem nada de nada.
Não posso, sequer, dar aulas e comprometer-me a fazer as tais pedagógicas que eram dois anos.
E alguém me explica o que faço eu com o curso, se afinal não posso dar aulas, se neste país não há investigação e se não recorrer a uma boa cunha para entrar nos serviços culturais de alguma câmara municipal?!
Ora pois... depois de terem negado aquilo que me foi garantido, pelas leis do país, quando acabei a licenciatura, resta-me fazer o que os professores nos aconselhavam: criem o vosso próprio emprego.
Pois sim! Como se isso fosse fácil...!

Verdade que, por mim mesma, e por conversas como a que tive no fim de semana com ela, e por coisas que leio, eu também preferia trabalhar em casa (ou algo parecido com isso), de forma mais independente, de modo a continuar a acompanhar a Mafalda.
Verdade que sim. Mas lá que não entendo este país... não entendo! A ele... ou ao que têm feito dele!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Agora que é Verão...

Agora que é Verão e que a maioria das pessoas se desliga destas coisas da internet em favor de actividades tipicamente desta época, apetece-me mais escrever aqui. Porquê não sei. Mas imagino que, de entre as várias explicações possíveis, não se deva encontrar a ser do contra.

Escrever coisas assim de rajada, por impulso, sem serem pensadas, na maioria dos casos sem grande profundidade nem importância.
Contra isso está o facto de não estar muitas vezes, agora, à frente do computador.

Não escrevi um bocadinho antes porque estava suspensa, com a intenção de fazer as coisas arrumadinhas, com ordem cronológica e, por isso, arrumar o capítulo do baptizado. Mas o meu computador está contra mim e não me deixa mexer nas fotogarfias (sim, ia deixar aqui, com o texto, uma fotografia - discreta - desse dia). Ou ele está contra mim ou eu não tenho mesmo a miníma queda para estas andanças - que é o mais provável - e o meu tempo é mesmo o do curso que tirei, e nem ter em casa um informático, coordenador de um curso de multimédia, me salva. Enfim... é o meu karma.

E já que o tempo da História parece ser o meu, escreverei sobre o baptizado numa outra ocasião, porque qualquer ocasião é, afinal, boa, para falarmos das coisas que são importantes para nós.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Lembrete

Vir aqui, logo que tenha tempo, e me veja livre de comemorações de casamentos e coisas assim, registar que e M. foi baptizada e que se portou como uma crescida (bom... isto se conseguir não me lembrar que as birras que existiram foram feitas por adultos, e com responsabilidade), que a cerimónia correu lindamente, que o dia estava radioso, embora muito quente, que o almoço também não correu mal, e que tive a ajuda preciosa de duas fadas madrinhas ( não estou a falar dos padrinhos da M.), uma das quais se fartou de tirar fotografias.

Não me esqueço, eu sei.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Melodias


Dizem que devemos dar a ouvir música clássica aos bebés. Estam, cientificamente, comprovados os benefícios, e pediatras, educadores, investigadores... todos são unanimes.
Não sei se o mesmo se aplica ao género que a antecedeu: a música barroca. Não sei, mas sei que eu gosto. E, mesmo não a ouvindo tão frequentemente quanto até gostaria, quando tenho ocasião, faço-o com a M.

Ela própria mais barroca do que qualquer outra coisa (especialmente nas birras que faz), interrompe muitas vezes as sessões de guinchos estridentes e esperneares desesperados e fica quietinha, quietinha, muito atenta à música (como agora), e muitas vezes, ri-se, dá saltinhos e palra, satisfeita.

Gosta, e muito.
Arriscava dizer que o seu compositor preferido é o Johann Pachelbel e aquela música de que eu, há tempo, falei aqui, aquela que parece dar-nos asas e fazer subir aos céus, aquela que nos faz flutuar e ver anjos é, definitivamente, a música dela.
Sim, esta é a música dela! Esta é a música da Mafalda, esta é ela própria, em forma de notas musicais. E acaba de adormecer, tranquilamente, ao colo, a ouvi-la...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

A pequena... # 2

A pequena está cada vez maior, sim senhora.
Demora, agora, uma eternidade para comer, e para o fazer tem uma trupe de artistas cómicos que actuam conforme os dias da semana.
Se estiver muito desperta, não quer lanchar. O mesmo se aplica ao pequeno-almoço mas, em compensação, resolveu que nada melhor, durante a noite, do que exigir, ruidosamente, leitinha entre as 4 e as cinco da manhã (onde vão aquelas noites santas que ela dava...??).
Não para de se mexer e de remexer em tudo o que apanha e, no dia da Mãe, resolveu brindar-me, para além da linda rosa branca que o Pai escolheu por ela para mim, com uma brilhante e estrndosa queda da nossa cama (e não é que ela não dava mais do que uma volta sobre si mesmo e, de repente, nessa noite, foi só virar as costas dois minutos, para ela o fazer?!).
Berra se fica sózinha meio ninuto, adormece tardíssimo de noite, acorda cedo e faz umas sestas que não dão nem para escrerver um mail à minha prima, por exemplo.
Faz uma guerra para se deixar vestir, mas fica eufórica quando vê o vestido de baptizado (vaidade feminina, já?!).

Mas está enorme, felicissíma, com umas bochechas que apetecem trincar e a cada dia mais melosa.
Está tudo bem, portanto!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

A pequena...

(aos quatro meses)



...está grande! Tão crescida já!..

Pesa-me nos braços (e nas costas, ao fim do dia). Quer colo. Muito colo. E ri. Muito, também. É um doce e, sim, aquela frase feita, para lá de lamecha e pirosa, é verdade: gosto mais dela a cada dia, e não sei como é possível!

O cabelo está mais claro do que quando nasceu.


Já come papa e sopa (muita sopa). E frutinha, em puré, à sobremesa.
Adora sopa.
Não gostou tanto da fruta, à primeira impressão, mas vai-se habituando já.

O tempo não corre: voa!
Já vai tendo horários de gente crescida. Almoço e janta, e dorme a sesta.

Aos quatro meses, pu-la em cima de um cavalo pela primeira vez e, pela primeira vez também, percorreu (bem apoiada) uma pequena (pequenissíma) distância em cima do dito animal.

Não tem medo e demonstra gostar. Toda ela é desenvoltura, à-vontade e alegria.

Temos as férias marcadas e, este ano, volto à minha praia. Este ano já com ela! E parece que volto, eu mesma, a ser pequenina e a ver-me a chapinhar nas pocinhas e a fazer amigas (que, felizmente, mantenho até hoje).
Outra parte das férias, será outra coisa: à maneira do pai. São as cedências necessárias à vida em família.

O baptizado já está marcado. Igreja, padre, padrinhos, dia, hora...
Queria que tivesse sido muito antes. Queria baptiza-la pequenina, pequenina mesmo, ainda deitadinha no meu colo, com o vestido de baptizado do meu avô.
Não foi assim. Ela cresceu, depressa e muito. Claro que é menina de colo, mas gosta de estar de pé, sempre. O tempo passou e o vestido que foi do meu avô serve-lhe ainda, mas não como devia. Já não lhe cai abaixo dos pézinhos.
O vestido não será, pois, o tal vestido do meu avô, que sempre pensei vestir-lhe, anos e anos antes dela nascer, mas um outro, comprado pela madrinha (tia paterna) e, dadas as circunstâncias, mais adequado à fase em que ela já se encontra.

As cedências necessárias, de parte a parte, mais uma vez. Sem que eu compreenda bem os hábitos dele (ou da família de onde é oriundo), e sem que ele entenda bem os meus. Mas com boa vontade de um e outro.

A lista de convidados está definida. E é limitada.
Não é o baprizado que eu queria. Não é a lista que eu queria.
Quero que estejam presentes todas as pessoas que lá estão, mas faltam-me algumas outras.

A pequena, cresce a olhos vistos.
E o tempo não corre: voa...





quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Breves

Existem quatro computadores nesta casa, mas apenas um modem de ligação net. E existem o Pai que precisa, por razões profissionais, prioritáriamente dela, e existe uma égua que reclama a atenção que não lhe dei durante a gravidez e os primeiros tempos da Mafalda, e existe a família que existia (que não exige menos do que a égua) e até mais família - pois claro! -, e o resto que se sabe, o resto, que é normal, e, acima de tudo, tudo, tudo, uma filha que é um doce, que me quer para ela, o mais absolutamente possível, todos os minutos de todos os dias (mas dá umas noites santas, o meu tesouro!), e existo eu, que a quero também, mais do que tudo na vida, e que quero agarrar com as duas mãos e muita, muita força, cada momento precioso do crescimento dela, da jovem vida dela, dela, em suma.

Por isso... é assim... as passagens por aqui são, forçosamente, rápidas e, na grande maioria das vezes, silênciosas. Mas sinto-lhe também a falta. É indesmentível. Disto, de vocês.
Por isso... é assim... as palavras por aqui vão sendo assim... irregulares e breves, até que consiga fazer mais e melhor.

Mas uma coisa posso dizer, sem grandes floreados, alongamentos ou figuras de estilo: apesar de todos os precalsos, que, sem excepção, todas as vidas têm, posso dizer que sou feliz, com ela e o pai dela, sou feliz, sim, com eles.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A ler...

A ler isto.
A ler aos bocadinhos. Bocadinhos pequeninos, entre mamadas, fraldas, dar colo à menina...
E que bem que me sabe.

Bilhete de viagem para outra realidade, outro sítio e outro tempo. E, ao mesmo tempo, tão, tão familiar.
Meio fuga, meio reencontro.

Não, não é a primeira rainha de Portugal. Não gosto do título, porque, embora entanda a intenção com que foi escolhido, não é correcto e induz em erro. Mas é um bom livro. Embora não seja um livro de entretenimento.

[E como passei a apreciar mais os bocadinhos que consigo "tirar" para ler, agora que a M. nasceu...!]


quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Etapas

A minha menina pequenina, a minha bebézinha, deixou hoje, em definitivo, de usar a alcofa.
Não, não é cedo. Há muito que não queria lá permanecer. Pelo menos não enquanto acordada. Há muito que tivemos de lhe comprar uma espreguiçadeira. Muito antes do que estavamos a contar.
Há muito que lá ficava apertadinha. Muito apertadinha (sim, que o percentil 90, não lhe permitia outra coisa).

Hoje peguei na alcofa e, de impulso, tirei as mantinhas e os lençóis cor-de-rosa, clarinhos, com bordado inglês e fitinhas. Não mais os vai usar. Nem aquele outro, branquinho, com o monograma, que a esperava quando viemos da maternidade. Nem nenhum outro, destes, mais pequeninos.

Peguei na alcofa, corri o fecho, e subi, escadas acima, até às águas-furtadas. Guardei-a ali, até a levar para a lavandaria, antes de a guardar de vez.

Hoje a minha menina pequenina, a minha bebézinha, deixou, de usar o seu pequeneno ninho, feito de encomenda, para ela.
Está a crescer e é bom. Mas fez-me chorar.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Da chegada dela

No pequeno berço transparente que recebeu a minha filha quando nasceu, ao lado deste símbolo (diga-se em abono da verdade que, bonito e, feliz e estranhamente, conservado desde o tempo da fundação), havia escrito um Seja Bem Vinda Mafalda.
Mero pró-forma, dir-me-ão. Seja. Talvez seja mesmo apenas um formalismo simpático, um lugar-comum adocicado, um lampejo de calor humano no funcionamento maquinal das nossas instituições. Talvez seja apenas isso mesmo. Talvez o mesmo seja afixado à cabeceira de todos os recém nascidos em todas as maternidades em solo nacional e não apenas nesta. Mas nesta, e este é o ponto, o Bem Vinda, não está apenas impresso nesse cartãozinho que trouxe para casa comigo como (feliz) recordação de um momento tão importante.
Nesta maternidade, esse Bem Vinda é, realmente, verdade; praticado em cada gesto dos muitos profissionais que lá trabalham.


São muitas as vezes em que nos queixamos. Da vida em geral e das instituições que nos servem (ou deviam servir). Na maior parte das vezes essas queixas são apenas justas. A verdade é que, demasiadas vezes, somos mal atendidos, mal ajudados, mal tratados, mal esclarecidos… Enfim, a verdade é que muitas coisas não funcionam neste país, e quando se trata de estabelecimentos de saúde e, para mais, estabelecimentos de saúde públicos, a panorama é negro.
Mas o contrário também acontece. Afinal existem excepções. Felizes e meritórias excepções. E, nesses casos é justo que o reconheçamos.
Este é um desses casos.


Fui seguida nesta maternidade durante a gravidez. Aqui tive as consultas com uma obstetra que somava as qualidades humanas às profissionais, aqui fiz as ecografias, análises, rastreios bioquímicos, eco cardiogramas, ctg´s. Aqui tive a sorte de me instalar, sem sobressaltos e com calma, antes de iniciar o trabalho de parto (natural e rápido). Aqui, senti-me em casa, no melhor sentido da palavra. Segura com os meios disponíveis, confortável com as instalações, agradavelmente surpreendida com todo o pessoal que lá trabalha, desde obstetras, enfermeiras, anestesistas, serviço de recobro, senhoras da limpeza, senhoras da cantina, seguranças e até a senhora do Registo Civil, desde as Consultas Externas, ao laboratório de análises, às Urgências, ao Bloco de Partos e, finalmente, o Piso 3, onde bebés e mães são recebidos e amparados, na verdadeira acepção dos termos, nos seus primeiros dias.


O rigor com que nos assistem, a simpatia e calor humano, a eficácia com que trabalham, a excelência de todos os serviços é, realmente, inexcedível. Inexcedível e impagável.



O parto foi, de facto muito rápido, o que não significa indolor, mas foi o mais humano que se pode querer. Fui de tal modo bem atendida que quase diria que fui mimada, com festas na mão, palavras de simpatia e afagos.
A Mafalda nasceu bem e saudável. Vi-a nascer, foi logo colocada sobre mim, com aqueles olhinhos muito abertos e interrogadores, cuja imagem permanece na minha memória tão viva como no primeiro minuto, e foi o Pai que lhe cortou o cordão. Mamou logo, ali mesmo, e até no recobro a tive comigo.
Mimadas sim, fomos mimadas. Saudavelmente mimadas. No momento do parto e em todo o internamento.
O cuidado é tal que me telefonaram de lá dois dias depois de termos vindo para casa. O telefonema da praxe, para saber como ia, eu e ela. E para ajudar. Sim, mesmo para ajudar. Durou quase uma hora e aplacou muitas das minhas inseguranças de mãe de primeira viagem, nos seus primeiros dias com a bebé a cargo. Não, não foi um telefonema maquinal, era humano e caloroso, era, por medida, o que precisava no momento.


Tivesse eu a possibilidade de, se voltar a engravidar, ter o bebé em qualquer outro local – um qualquer em todo o mundo – e escolheria este mesmo.


Porque sim, porque há quem mereça agradecimentos; porque o Hospital Dona Estefânia merece. Por esse cartãozinho à cabeceira do berço, por esse Bem Vinda Mafalda, por o terem tornado tão, tão real. Obrigada!

domingo, 4 de janeiro de 2009