O Paizinho ainda teve de ir trabalhar de manhã. Estou sózinha com a Mafalda.
A casa está por arrumar ainda e há algumas coisas por despachar para logo, para a passagem de ano (ainda que muito familiar) em casa do meu irmão.
Acendi a lareira com três pinhas e uns troços de pinheiro e cedro e o lume estala já, para abafar o som do vento forte que vem lá de fora.
A sala está transformada num quase quarto de brinquedos e a M. brinca com o porco/mealheiro/caixa de música, ao mesmo tempo que dança, tanto quanto os seus desembaraçados 14 meses o permitem (14 meses já!!! O tempo voa!!!), ao som do New York, New York, que passa na televisão ligada na RTP1. Nos intervalos vem pedinchar colo.
Há o almoço e muitas outras coisas para fazer mas ela não facilita e cola-se a mim. Verdade seja dita que não me apetece, também, fazer mais do que o realmente necessário.
Ela não me deixa muito tempo para garndes divagação por escrito. É tudo para viver e não me dá tempo de sobra para escrever.
Ainda não digeri bem o Natal e já temos aqui a passagem de Ano e o aniversário da minha Mãe.
Acho que o Natal é uma quadra difícil de digerir, muito para além da questão gastronómica.
Difícil de conciliar as expectativas de todos os intervenientes, um por um, e mesmo de cada uma das famílias em que, agora, nos temos de dividir.
Concentro-me no Natal da Mafalda. O Natal tem de ser, agora, mais o dela do que de qualquer outra das outras pessoas, todas elas adultas, por sinal. Concentro-me na essência do Natal, mais do que nunca, porque mais do que nunca a agitação, o alarido, o corrupio, a correria multiplicaram-se e de tão ensurdecedoras parecem querer não deixar ouvir nem ver o Menino na manjedora.
Vou à Missa do Galo para não me peder, para não me afogar, para, no fim de tudo, sentir que tive, de facto Natal, para ter a certeza que o vivi e que não passei por engano o Carnaval ou um arraial qualquer.
Vou à missa do Galo para que a Mafalda encontre o Natal; porque aquilo que escreveria agora, na carta ao Pai Natal que escrevia em pequena (para que ele trouxesse os presentes que o menino Jesus me destinava), aquilo que pediria, para este Natal e para todos os outros por vir, é que a Mafalda encontre, e nunca perca de vista a essência do Natal, o verdadeiro Natal, o Natal do nascimento do Menino Jesus.
Vou à Missa do Galo - vamos - para que no meio de tudo o vivamos, nós os três, como uma unidade, uma família como a do presépio, para a sentir (nos sentir) o núcleo, o núcleo da nossa vida.
E nada disto é fácil na realidade que temos.
De 2009, com momentos bons e maus, com situações dolorosas e outras maravilhosas, com a vida do dia a dia, com a volta ao trabalho (a um trabalho novo, totalmente novo, mas de que gosto), com planos e concretizações, não posso dizer mal. Mesmo que não fosse por mais nada porque foi o primeiro ano de vida da minha filha e nada na vida podia ser melhor do que ter vivido com ela esse crescimento.
Para 2010, não faço pedidos. Na verdade, para além de não gostar de passas que, no entanto engulo apressadamente ao toque das doze badaladas, nunca consegui enunciar doze desejos.
Deixo isso na mão do destino. Com expectativas. Sim, com algumas expectativas para 2010... mas fica na mão do destino!
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