Faz hoje 16 semanas.
Achei que, passadas as 12 semanas, ia deixar de andar tão de coração nas mãos. Na noite em que completou 12 semanas, depois da luz apagada, respirei fundo. Tão fundo como não me recordo de alguma vez o ter feito, enquanto me encolhia, aninhada nos braços do pai dele. Senti-me em paz e protegida e, mais do que tudo, agradecida por termos passado aquela barreira (que nem sei ainda se tem mais de real ou de psicológica), e dormirmos os três, em paz.
Ainda me soa estranho, por vezes, dizer nós os três...
Os sustos tinham sido muitos até aí. Abrandaram, é um facto.
E estava óptimo(a), segundo a médica.
Mas ainda vivo em sobressalto, ainda tenho um medo, muitas vezes, maior do que o que imaginava conseguir suportar. Suporto-o porque não o faço sózinha, eu sei.
Sorte a minha, pois. Não enjoei o cheiro do pai (ou o pai, em si mesmo) como algumas amigas minhas. Nada me tranquiliza como a presença dele, o contacto, a voz, a pele, a força, o jeito, as palavras. E quando não está, farejo-lhe o cheiro na almofada, no meu pijama, na minha pele. E leio os livros dele, os mesmos que ele leu, e passo os dedos nas anotações que fez, como se o lesse a ele, com a ponta dos dedos.
Sem dar por isso, dou comigo, muitas vezes com a mão pousada, em repouso, sobre a barriga. Já cresceu sim, e já não cabe em nenhuma das calças que usava antes.
A vida, essa, não cabe, também, nos moldes que antes tinha. Mudou tudo. Mas é sempre assim, não é? Uma criança vira-nos sempre a vida de pernas para o ar. E, no meio do turbilhão de mudanças, tudo fica melhor. Tão melhor que nem a nossa imaginação teria conseguido conceber essa realidade.
Ainda nem sabemos se é menino ou menina, os medos ainda cá andam, mas faz hoje 16 semanas e só não vou dizer que é a luz da minha vida porque é muito mais do que isso, e não existem palavras para o(a) classificar.