segunda-feira, 30 de abril de 2007

Parábola da confiança, ou da entrega, ou lá do que é

Ele agarrou-me a mão e deu uns passos em direcção à estrada. Eu fui sem questionar, sem sequer ver para onde me levava. Fui, sem sequer dar por isso.
Avança mas, percorrido talvez um terço do percurso, pergunta-me:
- Viste se vinham carros?
- Não, não vi.
- Então?!
- Confiei em ti...

Chegámos ao outro lado incólumes, sim. Não vinham carros.
Se calhar devia pensar nisto.

sábado, 28 de abril de 2007

E esta tarde...

... fiz tarte de maçã. E não sei se gostei mais de a comer ou de a fazer.
E a casa fica com um cheirinho... :)

(quando me deram a receita, avisaram-me para estes efeitos secundários. confirmam-se e recomendam-se)

Esta noite...

Acordei a meio da noite a lembrar-me disto. E, não só percebo porquê, como foi uma lembrança oportuna.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

E depois do Adeus

fotografia daqui


Por [de]formação académica, mantenho um distanciamento em relação a acontecimentos que, não fazendo parte do presente, também não estão sufientemente longe para que as pessoas falem deles sem paixão. O martelar acerca do distanciamento, da isenção, do rigor nas afirmações, do a História é sempre escrita pelos vencedores, deram os seus frutos.
Sei que há o tempo dos acontecimentos, o da construção dos mitos, o da desconstrução dos mitos e, por fim, o tempo dos factos.

Não creio ser possível ter uma visão totalmente imparcial de acontecimentos históricos enquanto os seus intervenientes são vivos. Não o creio possível enquanto tivermos vencidos e vencedores, entre nós.
Por isto mesmo, tenho-me mantido relativamente afastada da questão do 25 de Abril (creio que um excelente contributo para a sua compreensão será este livro).
Sou a favor da democracia, é claro. Tenho as minhas convicções, fundamentadas em factos, mas essas, ainda assim, são pessoais. E não vou, por enquanto, mais longe do que isto.
Talvez por isso nunca tivesse dado atenção a uma canção, associada a esta data. Ouvia-a e reconhecia-a como a senha para o 25 de Abril. Classificada assim, sem mais.

Hoje ouvi-a. Acho que a ouvi pela primeira vez.
E não quero saber se foi senha do que quer que seja. Não quero contextualizá-la em coisa nenhuma, nem tempo nenhum, nem sítio nenhum.
Hoje ouvi-a, por acaso, num qualquer posto de rádio, quando voltava para cima, quando o carro deslizava sobre a Vasco da Gama, quando via as luzes de Lisboa a aproximar-se, quando a testa se encostava ao vidro da janela, quando o cansaço pesava.
Hoje ouvi-a e fiquei presa na letra.


Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci


E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...


E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós


segunda-feira, 23 de abril de 2007

Amanhã

fotografia da Costinhas


A auditoria passou. Correu bem.
Eu, estou aliviada, mas exausta.

Deram-me o dia de amanhã, se o quiser. O dia seguinte é feriado. São dois dias.
São dois dias, e um convite.

Ainda não sei se é esta a minha vontade. E depois, também ainda não sei, se for mesmo a minha vontade, se me farei a vontade. Porque há vontades sensatas e outras que nem tanto.

Amanhã, ao acordar, saberei concerteza. Talvez não saiba se devo, mas hei-de saber se quero. Saberei se vou até ao mar. Não este, nem o meu mar, mas mar, ainda assim.
Hoje... estou exausta!

Dos homens

A minha amiga F. queixava-se, no Sábado, de não entender os homens.
O Miguel Esteves Cardoso é capaz de dar uma ajudinha:

Um homem nunca diz tão mal das mulheres como as mulheres. Um homem tem "medo" das mulheres. Corre atrás delas quando elas não o querem para nada e foge delas caso alguma delas o queira. Mas aprendeu a respeitar as mulheres. Isto é, a não compreendê-las e a levar no coco. Repetidamente.

É um homem quem o diz...
É por isso que há sempre quem corra anos atrás de nós. É porque não os queremos para nada. Só por isso.
No momento em que isso muda, ou no momento em que isso muda aos olhos deles, eles, que corriam atrás de nós, davam piroetas, faziam mortais, cruzavam o mundo a uma palavra nossa, tinham 48 horas por dia para nós... fogem. É por isso que eles acabam quase sempre com quem não os quer... mas nós também.
[mas há excepções, claro. raras, felizes, e honrosas excepções]

Adenda: Não, não se trata de uma queixa pessoal. Já as fiz. Afinal, qual é a mulher que nunca na vida se viu "perseguida" por alguém de quem não gostava, ou que não correu atrás de quem lhe prometeu o Sol e a Lua mas que depois...? É só uma tentativa de explicação, assumindo o exagero das afirmações, de uma questão que atormenta(va ?) uma amiga. É só uma forma de lhe tentar dizer que não vale a pena dramatizar, que aquilo que parece o fim do mundo e que não deve acontecer a mais ninguém é afinal uma coisa... banal.
E sim! Não acontece sempre assim!

Mais do mesmo

Eu já devia saber. Isto nem sequer encerra qualquer tipo de novidade.
Sempre que digo - ou escrevo - que vou fazer tal coisa, não é isso que acontece.

Em resumo: saí mesmo de casa na sexta, jantei fora e voltei tarde.
Saí no Sábado, ainda que, de algum modo, fosse trabalho.
Saí no Domingo e apanhei o primeiro escaldão da época.

E o trabalho que tinha de fazer nesses dias, vou ter de o despachar agora de manhã, de algum modo, porque a auditoria é hoje. Ai, a minha vidinha!

sexta-feira, 20 de abril de 2007

[Mais] Das coisas boas

Levantar-me sem despertador. Ter a casa em silêncio e vazia. O que me faz lembrar que tenho alguma urgência em mudar-me, para ter uma casa assim, às vezes mais silênciosa, e muitas outras mais cheia de gente querida.
Abrir a janela e ver um nevoeiro cumplice, e gotas de água nas flores e nos ramos das árvores.
Desligar telefones.
Tomar um banho de imersão. Sem pressas. Ficar na água até ter os dedos engilhados. Senti-la, de seda, na pele. Deixar-me ficar assim, sem ouvir mais do que a chuva que começou a cair lá fora e a água que me envolve, que faço mexer, só para a ouvir, com movimentos lentos, circulares e preguiçosos... cada vez mais preguiçosos.
Enrolar o lençol de banho e não me preocupar por andar assim pela casa.
Ter tempo e paciência para creminhos.
Vestir-me sem pressas.
Fazer café e bebê-lo, quentinho, com o leite. Fazer torradas e por muita manteiga. Ver a chuva cair e comer devagarinho sem pensar, sequer, em relógios.
Sentir o cheiro do café e das torradas na casa.
Não ter de sair hoje.

Mas não há motivos para invejas. Não saio de casa, mas trouxe tudo para trabalhar aqui. E hoje faço serão. E este fim-de-semana trabalho. E não sei para onde me virar com tantos papéis (mas para quê tantos papéis na era da informática?!). Nem tudo é motivo para invejas.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Azul, de mar


Imagem daqui

Tenho saudades do mar..., disse eu à T., descontraidamente, ao telefone.
Mas então, este fim-de-semana não estiveste perto do mar?!, respondeu-me ela.

Pois estive. Ele estava lá. Mas já não me lembrava.
Não que me estivesse esquecido do fim-de-semana. Esqueci-me foi do mar.

É do azul do mar que eu gosto. Dos muitos azuis do mar.
São eles que eu vejo no azul do céu, no azul de algumas flores.
Gosto tanto, tanto do mar...

Agora lembro-me. Lembro-me da sensação boa de o ter visto, lá à frente, azul, infinito, longe, enquanto o carro dava duas voltas a uma rotunda, perto da saída da auto-estrada. Mas ele ficou afogado entre conversas sobre protectores solares, irmãos mais novos, datas de acontecimentos do ano passado, e entre pensamentos vagos que tentavam integrar o tempo cronológico desses acontecimentos no tempo real (?) das nossas vivências e emoções.

Ele, o mar, estava, depois, mesmo ali. Mesmo ao pé de mim. Tão, tão perto. E eu tão longe dele.
Era cenário apenas, e não protagonista, como é costume. Papel de fundo.
Um papel de fundo, lindo, azul, calmo e profundo. Mas eu não me lembrei dele. Olhei para ele, mas não o vi.

Não me lembrei do mar no meio do trânsito de fim de tarde da marginal, ali mesmo ao meu lado.
Lembro-me, em contrapartida, de terem sido comidas as únicas quatro bolachas Belgas, que nem eram minhas. Mas fui eu que comi metade delas.

Não me lembrei do mar ao jantar. Mas lembro-me dos risos.

Não me lembrei do mar quando adormeci...

Lembrei-me hoje que tinha saudades dele. E senti saudades porque tinha estado junto a ele no fim-de-semana, mas estive sempre longe. Porque ele, por muito que goste dele, era secundário nessa altura e isso, é bom.

Gosto muito do mar, dos azuis do mar. Mas dou ainda mais valor a outras coisas.

Azul, de céu e de flores


Gosto muito de azul. É a minha cor preferida.

Gosto muito de flores azuis, e gosto mais ainda de as encontrar assim, de surpresa, no meio de um campo.

Gosto, sobretudo, da capacidade de me alegrar e sentir a alma cheia com coisas simples como esta.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Querido Elsa

A voz das crianças tem muito que se lhe diga. Elas lá constroem as suas certezas.
Segundo uma menina de três anos, todos temos os nossos queridos, e o meu chama-se - pasme-se! - Elsa!
Ah! Mas não, não é uma mulher!

Adenda: Brincadeiras à parte. As crianças têm sempre alguma razão, e somos nós, adultos, que complicamos as coisas.
Há muitos géneros de "queridos".
Mas então, vejamos: Que nome se dá a quem nos enxuga as lágrimas e oferece risos? a quem nos acompanha mas não sufoca? a quem nos ensina a conjugar o verbo "confiar"? a quem nos ajuda e faz o nosso trabalho enquanto nos manda dormir? a quem atura malcriadisses de familiares nossos e não responde para nos poupar incómodos? a quem ouve os nossos gritos e nos aceita assim mesmo, da mesma forma, quando voltamos arrependidos e calminhos como gatinhos? a quem nos ensina a ouvir, a ser mais ponderada, a aceitar as diferenças? a quem nos atura os relatos entediantes de todas as coisinhas que nos interessam? a quem nos amplia horizontes e nos mostra diferentes realidades? a quem nos oferece os seus braços como, indiscutívelmente, o melhor lugar do mundo? a quem nos tranquiliza e descansa, mesmo nas piores circunstâncias? a quem está aqui, mesmo não estando?
Eu tenho um querido "Elsa", pois. E estou cheia de sorte. É que, como toda a gente, tenho a sorte de ter mais queridos, o que não faz dele o meu único querido, mas é, sem margem para dúvidas, um querido único.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Do fim-de-semana

E porque a vida quando tira com uma mão, dá com a outra, esta menina e companhia, esta outra menina e companhia, e ele ofereceram-me um tempo de que só posso dizer que foi, perfeito, perfeito... :)
Dizer mais o quê?!

domingo, 15 de abril de 2007

After

A madrugada de ontem foi das mais terríveis da minha vida.
Mas o Sol nasceu, o dia estava brilhante e uma coisa combinada acabaria por me fazer sair de casa. Foi o melhor que me podia ter acontecido, foram ajudas preciosas e o dia transformou-se num dia bom (mas a isso voltarei depois).
Esta madrugada, dormi. E esta manhã, quando voltei a casa, já o Sol estava quente, o dia cheio de luz.
Achei que, ao voltar, voltaria a doer da mesma maneira, que teria a sensação de o ver aparecer em todo o lado e depois confrontar-me com a sua ausência para sempre.
Mas não. Pareceu-me que tinham passado meses ou anos, que tinha passado muito tempo sem estar aqui, que em meses ou anos se passam muitas coisas e que não era um choque a ausência dele.
Ele está a descansar, para sempre, numa clareira do jardim, onde sempre gostou de estar. Começo a lembrar mais as coisas boas da vida generosa que teve, do que os momentos de sofrimento. E começo a sentir que ele não partiu e que vai continuar sempre comigo, de algum modo.
Porque a vida é assim, um dia atrás do outro, porque o Sol nasce todos os dias e porque ele, combativo como era, não gostaria que a dona fosse uma piegas.
Esta noite devem ter passado anos... porque as coisas hoje, ao voltar, estavam todas no seu lugar.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

...


Há quatro anos que me disseram para preparar para este dia. Mas a vida é uma coisa teimosa.
Nos últimos dois, tenho-me tentado preparar para ele e quanto mais ele demorava, mais a minha razão me dizia que estava cada vez mais próximo e o coração - estúpido! - acreditava que ele podia demorar mais.

Chegou, e ele está a deixar-me.
E leva com ele dias e anos em que caçamos (sim, caçamos) peixinhos na praia, em que corremos à beira mar e em que ele se atirava mar adentro para me seguir.
Dias e anos de passeios e de vindimas e de serões de cabeça deitada no meu colo, à frente da lareira.
Dias e anos em que se deitava ao pé de mim enquanto estudava; em que se deitava junto às pessoas de quem gostava como que me a dizer que eram pessoas de confiança.
Dias e anos de gargalhadas e de lágrimas minhas, que pareciam dele também.
Dias e anos de uma amizade do tamalho do mundo.
Dias e anos em que os olhos de gente que sempre teve, me explicavam coisas complexas da vida.
Dias e anos em que me deitava nas ervas, nas noites de Verão, para ficar a ver as estrelas, e ele ao meu lado.
Dias e anos em que foi a minha sombra.
E agora está ali, a despedir-se só com os olhos nos meus e eu sei que vai deixar uma saudade que não me há-de deixar nunca.
E doi tanto, tanto...

14 de Abril, 6:52 AM - o meu único consolo é que estivemos juntos até ao fim

quinta-feira, 12 de abril de 2007

"Das trovoadas", ou "Da internet", ou...

Gosto de coisas um bocadinho estranhas.
Para mim não são estranhas, mas a avaliar pela cara das outras pessoas quando falo nelas, devem ser.
Gosto de trovoadas. Muito.
Gosto dos raios de luz que rasgam o céu, do barulho atordoante dos trovões, de os sentir perto, gosto dos pingos fortes e vigorosos da chuva e da exibição de força absoluta da natureza. Gosto de me sentir pequenina perante aquela força e acho um espectáculo lindo.

Mas o modem, como os humanos quase todos, não gosta do mesmo que eu. Não gosta de trovoadas. Começa a piscar, a sentir-se mal, a funcionar aos soluços.
Ontem não estava no seu melhor. Hoje, logo hoje que por hora, ainda não houve trovoada, quase não funciona.

E eu que costumo dizer que não tenho vícios, descubro agora um: a internet.
Caramba! Esta sensação de falta não é das mais simpáticas. Pois... parece que tenho um vício, então. Um viciozinho.

E agora é esperar que os simpáticos senhores da Telepac, para quem, prontamente, telefonei sejam tão eficazes quanto foram simpáticos, sob pena de ter o acesso à internet muito limitado nos próximos dias.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Dos desencontros

Há encontros felizes. Há pessoas que não conheciamos, que nunca imaginávamos que existiam até ali e que descobrimos depois que sempre, durante toda a vida, nos fizeram falta.

Há disso e depois há também os desencontros, os mal entendidos.
Há as pessoas que, por misteriosos desígnios das estrelas, gostam umas das outras, fazem-se falta, fazem-se bem... mas que tropeçam nas pedrinhas que, invariávelmente, todos os caminhos têm. Tropeçam, caiem, e ficam ali enroladas no pó e nos arranhões que a queda provocou. E que, igualmente por um qualquer mistério que não identifico nem domino, ficam ali a discutir acerca da pedra e não olham para o caminho à frente, não a afastam e seguem em frente.
E ficam os dois feridos (às vezes mais um do que o outro), mal tratados, os caminhos interrompidos...

Custa-me ver mais do que uma pessoa das que me são queridas, em situações destas. Custa-me sabe-las a sofrer, custa-me ver as suas vidas presas nestas coisas, custa-me...
E custa-me tanto pelo sofrimento que lhe vejo, como pelo absurdo da situação. São desencontros, mal entendidos pequeninos, coisas quase de nada que se transformam em obstáculos intranponíveis.

Eu também já tropecei em muitas pedrinhas, fiz uma enorme nuvem de pó ao cair, fiz uns arranhões que me doeram muito, gritei contra a pedra, enrolei-me em discussões estúpidas acerca da natureza da pedra. Da pedra, da pedrinha. Já me perdi do caminho por causa disso. Esquecia-me mesmo do caminho por causa disso.
Tive sorte, porque depois do pó assentar, e de ter deixado de olhar para os arranhões, o caminho continuava lá à minha espera.

Não será por qualquer mérito meu que deixei de me preocupar com a pedra, mas sim com o caminho. Aconteceu assim; por sorte ou por ter-me cansado de discussões absurdas.
As pedras estão lá na mesma, tropeço nelas como antes, doiem como sempre, mas não grito, não desespero, não perco o sentido do caminho.
Gostava muito de continuar sempre assim, mas admito que isso talvez não dependa da minha vontade, talvez seja uma dádiva qualquer que pode ser-me retirada a qualquer momento, tal como me foi dada, de surpresa, como um dia reparei que estava aqui.
Gostava de continuar sempre assim, a conseguir ouvir, com os sentidos e com o coração, a entender e aceitar mesmo quando não concordo ou não gosto, a confiar em quem alguma coisa me diz para o fazer.
Gostava de continuar assim, a não bater com portas, não gritar, não deixar de ver o que existe à minha frente.
Gostava, sobretudo, de continuar sempre a conseguir ouvir, falar e compreender. Sempre, sempre.
Gostava de conservar a paz que chega como brinde.
Gostava de ter o dom dos sábios de saber relevar o que não é verdadeiramente importante e a inocência de coração de me sentir iluminada com as coisas simples e inesperadas que me oferecem.
Mas gostava, mesmo, que algumas amigas minhas, de quem gosto muito, muito conseguissem o mesmo! Até porque, ao contrário do que possa parecer, eu sou a mais secundária das figuras deste post.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Postzinho para desanuviar

A conversa começou com um tubarão mas, inevitávelmente, passou para os crepes.
E dado o sucesso alcançado por aquilo que era, inicialmente, uma simples ida aos crepes acho que eu e a Dona Xuinha temos de ponderar e decidir se:

  1. Abrimos uma casa de crepes
  2. Abrimos uma empresa de organização de eventos
  3. Abrimos uma agência de viagens

É mesmo para desanuviar! ;)

E desanuviei! Por isto, pelo tempo, pelos mimos, pelas surpresas, pelas conversas, porque tinha de ser, porque como estes sentimentos menos bons chegam, também partem, sem deixar marcas nem recordações. :)

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Bússola


Nunca viram uma bússola desorientada, normalmente, por um campo magnético qualquer? Bom, não interessa porquê. Por uma coisa qualquer que não se vê, que não sentimos, que não ouvimos.
Só ela a sente, só a ela a afecta, só ela treme o ponteiro e roda descordenadamente para um lado e para o outro, sem nexo, nem método, nem descanso. Só ela roda perdida, sem saber para onde apontar, sem saber qual é a sua posição.

Hoje sinto-me assim.
Não quero saber as coordenadas de ponto nenhum, mas queria não me sentir perdida, sem saber nada, nem vazia, nem cansada. Há caminhos que cansam, e nem sempre conseguimos chegar ao fim. Por mais certos que sejam. E eu nem estou segura de que este seja o caminho certo.

Hoje sinto-me assim, uma bússola desregulada. E cansada. Tão cansada que até os meus braços me pesam.
E porquê? Não se vê nada, não se ouve nada... Só eu, como a bússola perdida, pareço senti-lo. O sexto sentido...
Pode ser que passe...

O essencial


Os trapinhos básicos. Os meus e os dela. Mesmo os básicos, dispensando tudo o que podia, talvez mais do que o bom senso recomenda. Sem colete acolchoado, sem toque (e não, meninas. mais uma vez faço questão de sublinhar que este "toque" não tem nada a ver com o outro "toque").

Para além disto, as coisas dela, são tantas mas tantas, que uma lista daria um post do mais longo e fastidioso. Mas essenciais.
As minhas, reduzi-as mesmo. A acrescentar só mesmo as botas. ah... e um elástico para prender o cabelo (que foi rápidamente tirado). Mais nada.

O programa... o essencial, também.
Nada de provas, nada de raids, nada de competições, nada de grandes confusões. Um passeio, que era o que as duas precisávamos.
E o essencial era só eu e ela, e o caminho à nossa frente, a respiração dela, e a minha, o som surdo e cadênciado do galope dela.
Isso, e aquilo que, a essa velocidade, ainda insiste em manter-se agarrado ao coração.

O essencial. Porque do tempo em que estava sem tempo, por causa da tese, tive de aprender a indentificar o que era verdadeiramente essencial.
Se gostava que fosse assim? Se não queria mais nada, naquele momento, naquele dia...? Se isto me bastava, de facto, e por completo? Não! De maneira nenhuma. Longe... tão longe disso...
Mas era o essencial. O suficiente. O necessário para me manter de pé, inteira.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Páscoa


Porque eu acredito.
Porque ela guarda em si uma mensagem sobre a qual vale a pena pensar. Porque essa mensagem até é universal, intemporal e transversal, para crentes e não crentes.
Porque... enfim... é Páscoa.

Uma Páscoa feliz para todos!

Breves # 2


Hoje, plantei sardinheiras.
Hoje, a minha gata teve um gatinho. Um só. Preto.
Hoje, voltei a ir a uma aula de aeróbica. As dores nos músculos, por agora, sumiram.

Apesar desta aparência de placidez, se tivesse que [me] sintetizar hoje numa palavra, escolheria fadiga (substantivo feminino. cansaço resultante de um esforço).
E permito-me discordar dos dicionários da Porto Editora. Fadiga, não é cansaço, é uma coisa mais subtil, mais leve, mais fluida e mais persistente talvez. Não resulta de um esforço determinado, porque isso é cansaço. Ela, tem causas mais vastas, mais profundas, mais silenciosas, mais difíceis de determinar, mais imateriais, mais pressentidas e sentidas do que palpáveis. Tem um não-sei-quê de doce e de amargo, de agri-doce. Sente-se no corpo, de leve, mas é na alma que ela reina.
Cansaço é masculino, fadiga é feminino, e isso, só por si, indicia várias diferenças.
A palavra para hoje é, portanto: fadiga.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Ai!...

Antecedentes: imobilidade provocada por escrita de tese.

Causa: uma aula de aeróbica (uma mísera aula).

Efeito: 24H depois, doem-me todos os músculos!

Conclusão: preciso de mais. a repetir amanhã.

terça-feira, 3 de abril de 2007

Fuga


- Tens noção de há quanto tempo não falas em fugir? Que não usas essa palavra? Nem essa nem nada equivalente?
Tens noção de há quanto tempo não se nota em ti essa vontade de partir assim como falavas, sem vontade de regressar, a tentar deixar coisas para trás? Uma fuga, porque não tinha outro nome.
Já não queres, pois não? Como e quando é que isso aconteceu, Margarida? Só reparei nisso agora...

Eu também. Só reparei nisso agora. Porque a S. me disse.
Pois não. Não quero fugir de nada. De nada, nem de mim. E não preciso de me procurar longe. Não quero apagar tudo o que tenho, não quero perder pessoas. Não quero mais.
Quero espaço, quero tempo para viagens, quero muito, muito a minha Escócia, mas é um querer que cabe em visitas e não em fugas, que cabe no coração, tal como o que me prende por cá.
Não quero virar costas, nem abrir mão, nem distâncias, nem afastamentos, nem despedidas.
Não preciso de fugir para encontrar paz e harmonia. Não preciso procurá-la tão longe. E não preciso, mesmo, de me procurar longe.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

"Capítulo 8" ou "Reticências"

Ora aqui está um post que gostaria de não estar a escrever.
Não é nada de dramático. Bem vistas as coisas, nem sequer é nada de levemente mau. Mas gostaria de não o escrever.

No meio da confusão que impera sempre neste país, os prazos, as condições, as regras... estão sempre a mudar. E na maior parte dos tempo e dos casos o que impera é o "depende". Sempre que pedimos uma resposta clara sobre como, quando, se sim, se não... a resposta mais ouvida é o "depende".

Pois, os prazos sofreram uma alteração. A data de entrega da tese foi protelada para daqui a uns mesinhos. Na verdade, até podia só entregá-la daqui a mais de um ano! Fiquei doente só com a sugestão dessa possibilidade.
Nem pensar! Na primeira oportunidade será entregue. Daqui a poucos meses, e ponto final.

Eu que sempre, desde que este processo começou, corri atrás de pedidos de adiamento dos prazos, corro agora para acabar isto depressa.
Bem sei que assim vou poder corrigir os muitos erros que sabia ter, as faltas que conhecia, completar leituras inacabadas, desenvolver o que não tinha tido tempo, melhorar os anexos... Bem sei isso tudo.
Bem sei que é melhor, que eu estava exausta, que a tese só tem a ganhar.
Bem sei que, do ponto de vista prático, as coisas sofrem apenas alterações mínimas, que logo que a tenha acabada sigo para o objectivo que se segue, ou até que posso ir conciliando os dois (mas acho que não me apetece esta última possibilidade).
Mas agora, tenho pressa. Tenho muita pressa de viver, de rematar todas as pontas soltas da minha vida e de seguir em frente, sem pesos. E a tese, com prazos longos ou não, é para acabar depressa. Porque sim. Porque eu não quero o tempo que me oferecem. Porque eu tenho pressa, pela primeira vez na vida.