segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Note to self [and another person]

Esta notinha era necessária. Nem é que me apeteça fazê-la, mas é-me necessária.
Aquela passagem mais amarga, contida num post (o quarto abaixo deste), tinha origem numa pessoa precisa, num acontecimento determinado.
Tudo o resto, se mantém. Tudo o resto existe por si mesmo. Tudo o resto é verdade e tem o valor que tem.
Não aquilo!

Porque, às vezes nos enganamos, inevitávelmente. Porque nos enganamos porque tem de ser assim, porque o que está ao nosso alcance para avaliar uma situação nos empurra, obrigatóriamente, para uma determinada conclusão.
Porque, posto isto, tinha batido com a porta. Ruidosamente. Absolutamente determinada a não a voltar a abrir. Fechada e trancada. Porque desta vez já não chorava, não valia a pena, estava decidida. Mas estava enganada ao fazê-lo.
Porque não era verdade.
Porque as evidências enganam!

Porque hesitei até me dispôr a falar. Porque fui fria, irónica, distante, quase implacável. Porque, desta vez o fui, porque o ataque é a melhor defesa.
Porque se ele não tivesse insistido as coisas tinham ficado assim mesmo, e não deviam.
Porque lhe disse coisas horríveis, porque dissemos muita parvoíce um ao outro, porque desconversámos mais do que conversámos durante o que me pareceu uma eternidade e porque, alguma coisa, nessa altura, por mais que nada do que era dito fizesse qualquer sentido, já me tinha feito perder a coragem para manter a porta trancada.

Porque no meio daquilo que me parecia um absurdo - desesperadamente absurdo - começava a pressentir, mais do que a ver, uma vontade das duas partes, mesmo que desajeitada, de esclarecer as coisas, e isso só podia ser bom. E parece que funcionou, parece que nalgum momento consegui explicar-me, ou ele entender-me. Porque um: tens razão. desculpa!, resolveu tudo e deitou por terra todos os problemas.

Porque falar é sempre melhor do que calar. Sempre.
Porque por mais falta de jeito que descobramos em nós nestas alturas, se deve tentar e tentar e tentar... até nos tornarmos claros e até percebermos a outra parte. Porque às vezes estamos tão, tão perto de termos a mesma posição e achamos que estamos tão longe.
Porque quando se gosta das pessoas não podemos fechar portas unilateralmente, e porque há sempre coisas boas... mesmo no meio de uma tempestade!

Nota: o post segue, propositadamente, desta vez, sem comentários porque se trata, de facto, de uma note to self [and another person]. Mas pensem duas vezes antes de "fechar portas".