quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005


Queria estar aqui!!! Não tem nada a ver com questões pessoais, i.e., afectivas! Mas, às vezes o cansaço instala-se e, com ele, o desencanto, a sensação de "nadamos contra a maré", a certeza que, apesar de nos parecer que avançámos imenso, tropeçamos sempre nas mesmas questões. Maldita coisa esta a de trabalharmos para o próprio pai! De repente parece que a nossa opinião é a que menos conta: não conta como a de um familiar apenas porque são questões de trabalho, e não vale como a de uma funcionária isenta porque sou familia. Às vezes acho que não vale a pena o esforço, e nestas ocasiões pergunto-me se não tenho estado a perder tempo, a gastar energias, a criar ilusões, a perder oportunidade de fazer coisas que até me agradariam mais, de trabalhar com pessoas que reconhem o meu trabalho, ouvem as minhas opiniões e me respeitam... pergunto-me mesmo! E entristeço... Posted by Hello

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

Conquistas

Na vida algumas coisas foram-me tiradas sem aviso: o meu avô, o meu filho, o meu relacionamento com o pai dele.
Outras, foram-me dadas também sem serem esperadas; cairam-me no colo. Dei por elas, mas nunca soube que essas coisas não costumam sair do nada. Estou a falar de intimidade e cumplicidade. Do que eu tinha com o A.; do que fazia com que, mesmo que muita coisa corresse mal, eu não passasse sem ele; daquele sentimento de sermos completamente compreendidas, de nos sentirmos aconhegadas, de sentirmos que sabemos o que se passa dentro de alguém só por olharmos para os seus olhos...

Aprendi agora - nos últimos dias - que essas coisas, que me são tão caras, são, normalmente, fruto de uma conquista.
Conquistam-se, contróiem-se, exigem esforço e dedicação, investimento e paciência. E depois vão crescendo, um bocadinho de cada vez e vão-se tornando mais fortes.
Descobri que é necessário semear para colher. Descobri mesmo mais; descobri que é preciso cuidar muito bem dessa plantinha; que é preciso esforço.
Descobri sem dramas; descobri a meio de uma conversa com o V., reparei que falávamos de uma forma diferente um para o outro, que havia mais calma, mais conhecimento, mais cumplicidade, até mais carinho. Percebi que estas coisas tinham sido contruidas! Percebi que é um processo inacabado!
Descobri tarde uma coisa tão evidente, mas acho que não foi tarde demais.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

Reconhecimento

Hoje, como ontem, podia falar de amor...
De amor calmo, tranquilo, aconchegante.

Mas também podia falar de frio, chuva, rajadas de vento, trabalho esforçado...
E é disso que vou falar!
Porque por aqui está está frio, muito frio. Aguaceiros gelados chegam empurrados por rajadas de vento agreste. Os cabelos despenteiam-se no exacto instante em que saímos à porta, as mãos gelam, os pingos da chuva molham-nos as pernas, os guarda-chuvas voltam-se, o vento e a chuva fustigam a pele do rosto.
Mas nós temos prazos para cumprir. Prazos determinados pela CE, sem ter em conta que, nem todos os dias se pode fazer trabalhos de exterior.
O não cumprimento destes prazos significaria uma enorme penalização monetária. Demasiado grande!

Lá fora, nestas condições, em vez de estarem abrigados em casa, andam homens a trabalhar.
Ao frio e à chuva! Alguns, descobri há pouco, nem tinham parado para almoçar!
Não os obrigámos, nem pressionános. Fazem-no porque têm consciência da necessidade de acabar estes trabalhos, fazem-no porque, juntamente com o justo pagamento pelo trabalho que fazem, recebem respeito e reconhecimento.
Gostava de os poupar a este esforço, mas não posso. A única coisa que posso é mandar-lhes alguma coisa quente para tomarem e, mais do que isso, reconhecer o seu esforço!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2005

A chuva

Não tenho nada de especial para escrever...
Passei uma noite agitada por sonhos estranhos, mas quando abri as janelas reparei que o chão estava molhado a as folhas das plantas brilhavam.
Choveu! Pouco, mas choveu!
Estão umas nuvens no céu, de vez em quando vem um aguaceiro, os pássaros cantam, o ar está mais limpo, cheira a terra molhada.

Sempre gostei de chuva! Adoro chuva!
Pode parecer estranho mas, estas gotas de água fazem milagres no meu estado de espírito.
Tenho um dia como todos os outros, está frio, é segunda-feira, continuo preocupada com o destino do país (cada dia mais preocupada, desde que adquiri cosnciência destas coisas, há anos atrás na adolescência!), estou enjoada "que nem um perú" [está elegantissima expressão não é da minha autoria mas sim da do V.], mas sinto-me especialmente bem disposta.
Há coisas sem explicação... Mas deve ser da chuva!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2005


Há dias assim... dias em que o sangue fala mais alto! Hoje dava tudo para poder estar com a minha Maria, prima/afilhada, que por viver no país da mãe, vejo tão pouco. Queria fazer uns bolinhos, preguiçar pela casa, receber abraços e beijinhhos doces da minha Maria! Queria deixar-me embalar apenas por estes laços, queria saber que, à distância, a minha prima Patricia está tranquila e feliz fechada dentro das muralhas da sua UMM... A familia, próxima ou distante, é uma coisa muito importante e as crianças são o seu tesouro. Não foi à tôa que a minha Maria se quis vestir de rainha neste Carnaval! Posted by Hello

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

Será de mim?

Não tenho tido muito tempo. O que já nem é propriamente uma novidade.
Novidade é que, ao contrário do que se tem passado, em que o excesso de coisas para fazer me desagradava, agora, sinto que me é favorável.
Não tenho tempo. Ontem saí para fazer umas coisas. De uma lista enorme, escolhi algumas das mais prementes e mais conciliáveis. Não consegui fazer metade do que me tinha proposto!

Senti-me contente por não ter tempo para pensar. Dei por mim a não querer pensar. Pensar na minha vida, i.e., na minha vida não profissional.
Pressinto dúvidas, desconforto, interrogações, inquietação... mas não quero encará-las.
Pergunto-me se, por exemplo, o "episódio da canção" não é um bocadinho falso.
Ele aconteceu. Mas não terei eu usado essa questãozinha para me justificar a mim? Não estarei eu a tapar dúvidas minhas, incertezas e/ou medos com um episódio pequenino que me limpe de responsabilidades?
Não serei eu que não estou a saber gerir recordações e fazer subsistituições. Será que sou eu que não estou segura do que quero ou do que sinto?
Será medo? Será insatisfação? Serão dúvidas?
Será de mim?

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

A canção

Ontem, durante uma viagem de carro o V. ligou o rádio.
Estava a dar uma música que tenho ouvido muitas vezes, acho mesmo que tem tocado muito nas rádios. Mas gosto muito dela.

Como sou muito influênciada pela música - sempre fui - e esta agrada-me particularmente, respirei fundo, estiquei as pernas, desci um bocadiho no banco do carro e encostei preguiçosamente a cabeça ao encosto ao mesmo tempo que dizia: Esta música deixa-me tão tranquila...!
Como resposta obtive um depende. Respondi que sim, que dependia das pessoas, das circunstâncias... mas que em mim tinha esse efeito.
Segundos depois, muda de posto, dizendo: Não aguento mais esta música! Acho que já a ouvi centenas de vezes!
Fiquei a olhar para ele mas não disse uma palavra. Entretanto veio-me à cabeça uma outra canção, esta do Rui Veloso, uma em que ele conclui, depois de muitas evidências e desencontros, que não se ama alguém que não ouve a mesma canção.
Claro que a questão está em sentido figurado, claro que o resto do dia correu doce e ameno, claro que ele fez tudo o que eu queria, ou pensava que eu queria. Mas fiquei a pensar nisto.
Será uma questão de promenor. É-o, concerteza! Mas é um promenor que não se esfumou.

sábado, 12 de fevereiro de 2005

Suspiros... supiros...

Quando o dia nos reserva um jogo de ténis de manhã, um almoço tardio e calmo, uma conversa doce, demorada e embalada, um convite para um passeio a cavalo na praia - não hoje, porque o dia já vai longo -, um banho longo e quente para lavar o suor do jogo que permanece ainda e para aquecer almas e corpos... começamos a perguntar-nos se caímos dentro de um filme daqueles com uma argumento cor-de-rosa, lamechas e ultrapassado, ou se estamos a sonhar. Mas, por mais que me belisque, continua tudo a acontecer!
Ai vidinha...!!!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005

De passagem...

Estou sem internet!
Pela centéssima vez!

Estou a usar uma internet muito docemente emprestada! Mas espero ter a minha de regresso muito em breve.
Entretanto vou tentar fazer umas visitinhas rápidas às amigas (e primas!) porque as saudades são mais que muitas!

Por aqui, durante todos estes dias, passaram-se muitas coisas; umas boas, outras nem tanto. E ainda algumas muuuuito boas!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2005

Meninos de Luz

Ontem, enquanto a laringite me obrigou a ficar na cama, lembrei-me de um artigo que tinha lido há tempo mas que, tanto pelo momento como como conteúdo, me marcou muito.
Levantei-me fui buscar a revista que, apesar de ter quase um ano, sabia onde estava, e resolvi que hoje não ía falar de mim - ou talvez vá! -, hoje vou deixar aqui um texto dedicado a todas as mães, futuras mães, àquelas que nem pensaram ainda em ser mães... e também aos pais. Mas sobretudo às mães que perderam filhos. Porque há coisas que devem ser ditas e eu nunca ouvia ninguém dizer melhor!
Mas sem tristezas; com um sorrisso cheio dessa... Luz!
Meninos de Luz
Dizem que são as crianças quem escolhe os pais.
Dizem que são pequenos seres de luz que andam pelos céus, a flutuar pelo ar à nossa volta e que observam formas de narizes, avaliam a honestidade dos sorrisos, analisam as intenções de cada olhar ou a forma de uma mão, para finalmente dizerem, na sua linguagem mágica e incompreensível: "Este sim, esta não, este talvez me faça crescer".
Eu acredito nisso. E talvez por isso mesmo tenho pena dos homens.
A força de uma criança na barriga é simplesmente o poder da luz a crescer cá dentro.
Nós sentimo-la desde o primeiro dia.
Uma mulher sabe quando a luz resolveu escolhê-la.
Fazemos amor muitas vezes.
Mas um dia chaga em que aquele acto de amor foi realmente diferente. Por isso damos por nós a chorar. De alegria. Porque sabemos que ela já cá está.
A primeira vez que a luz acontece a uma mulher ela percebe que existem sensações inenarráveis. Aprende o prazer de guardar um segredo precioso. O gozo da surpresa dos outros quando ela já sabia há tanto tempo.
Esta luz estica, abana, dá beleza ou abafa-a egoisticamente só para si. Provoca-nos enjôos, embate contra nós às horas mais disparatadas do dia e da noite, afasta-se suavemente quando pressente que fazemos amor com aquele que ela escolheu para seu ser seu pai.
Quando uma criança nasce e é colocada sobre a mãe, a pele serve de veiculo condutor dessa força que nos electriliza mais uma vez e daí para o resto da vida.
Não é por acaso que as crianças vêem anjos, dizem coisas extraordinárias ou nos confortam em certos momentos como se fossem almas velhas e sabedoras. É que são mesmo.
Eu já perdi uma luz, uma vez.
E foi assim mesmo.
Como se me apagassem por dentro.
Logo eu, que tenho tanto medo do escuro.
"Meninos de Luz", texto de Alexandra Quadros, in Egoísta, nº18, Março de 2004

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2005

Candlemas day

Hoje é Candlemas day.
Um dia comemorado na Escócia há muitos séculos.
Antes do cristianismo era comemorado porque era o ponto intermédio do Inverno, i.e., o dia que fica exactamente a meio caminho entre o dia mais curto do ano e o equinócio da Primavera. Depois da chegada do cristianismo passou a ser comemorado, neste dia, purificação de Maria, quarenta dias após o parto, e a apresentação de Jesus no Templo.
Existem muitas tradições associadas a este dia e eu, que desde pequena sempre me deixei embalar por lendas, lá me levantei de manhã cedo, saí à rua, respirei o ar frio, apesar das dores de garganta e, como fiel neta da Escócia, lá procurei no céu o Candlemas Bull. Devia passar, em forma de nuvem e, de acordo com o seu rumo assim saberiamos como seria este ano.
Não vi o Touro. Nem um farrapo de nuvem! O céu limpo, azul, brilhante.
Mas lá me pus a fazer cálculos, a procurar a direcção exacta do vento e, depois de muitas certificações, lá fiquei a saber a direcção que o Candlemans Bull teria seguido se se tivesse dignado a aparecer. Pois que conste que o ano não vai ser mau; na verdade vai ser um pouco melhor do que a média, mas vai ser atipico e complicado. Pelo menos por aqui! Nem era preciso tanto trabalho para concluir isto, mas enfim...

Também consta que o Inverno ainda virá (esperamos todos que sim!), é que se o dia tivesse nuvens e chuva isso significaria o fim do Inverno.

E também é o dia de acender umas velinhas à noite, de fazer um bolo adequado ao dia, e de tirar as últimas decorações de Natal (sim, ainda tenho algumas - poucas e as mais discretas!).
E também é dia para dedicar algum tempo ao V., não porque é Candlemas day mas... porque eu quero!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2005

Novelinho

Dormi muito pouco esta noite. Dormi muito pouco nas últimas noites.
Por isto ou por aquilo tenho roubado muitas horas ao sono. Por um ou outro motivo, mesmo nas horas em que era suposto ter dormido não descansei: sonhos agitados intervalados por momentos de insónia.
Levanto-me cansada; cada dia mais cansada.
Estando cansada, o trabalho rende menos. Se rende menos acumula-se, fica para o dia seguinte, para somar ao que existe, ao que chega...

A tese... continua na mesma. Sem lhe pegar, sem ter telefonado ao meu orientador.
Agora, não por receio, nem hesitação, mas por falta de tempo. Tenho tempo para lhe telefonar mas não posso dizer, dentro da próxima semana, quando poderei ir falar com ele.

E o V. ...! Tenho que desmarcar coisas combinadas!
E não queria! Mesmo que não ouse queixar-me a ele de mais do que do cansaço, a simples presença dele, o ombro para descançar a cabeça já seriam uma ajuda preciosa!
Mas não tenho tempo, e tenho que lhe telefonar a dizer que não posso, por agora...
Tentei duas vezes, para o telemóvel, com o meu número incógnito, e ele não atendeu.
O facto de ele não atender incomodou-me. Se soubesse que o número era meu e não atendesse incomodava-me ainda mais.
Incomodou-me não saber o que está a fazer exactamente a esta hora, com quem. Se calhar até sentia a necessidade de saber o que está a pensar.
Detesto sentir isto!

E quando atender, vai ouvir-me dizer que, afinal, mais uma vez, estou sem tempo (sem tempo para ele!), que vou ter que desmarcar o que tinhamos combinado. Vai pensar que não lhe ligo, se calhar que ando só a gastar o tempo dele.
Mas não imagina que o meu coração bate, como o de uma adolescente, de cada vez que marco o número dele! Nem quero que ele imagine!

Sinto que tenho a cabeça como um novelinho, embaraçado, com muitos nós, sem lhe encontrar a ponta do fio.
Estou muito cansada, com recordações dolorosas, com uma sensação de tontura, enjoada, demasiado sensível, com necessidade de carinho, com sono...
Se calhar devia ir simplesmente dormir, e deixar-me de pensar! Ao menos por uma vez! Se calhar é só isso...