... acordei mais tarde.
Não marquei despertador. Acordei e percebi que não havia Sol.
Lembrei-me da imensidão de coisas que tinha (e tenho) que fazer hoje, e não senti pressa de lhes deitar as mãos.
Deixei-me ficar... assim, languidamente, a esticar uma perna, a tactear a almofada, a sentir o contacto dos lençóis na pele, a ouvir os pássaros a cantar lá fora, e a sentir o prazer de obedecer à minha vontade.
Levantei-me e, na rua, a manhã cinzenta fez-me lembrar o mar e os dias de nevoeiro, com camisolas vestidas na areia. Quase me parecia que lhe sentia o cheiro.
Depois o dia corre como se esperava. Os assuntos, em vez de se resolverem, avolumam-se e multiplicam-se e prendem-se e agarram-se a nós sem nem percebermos como. E eu passo por eles, mas não me detenho. Tenho-os nas mãos, procuro resolvê-los, mas não me confundo com eles. Não, já não o faço. Eu, sou eu, e um sorriso sobrepõe-se a tudo isso.
De qualquer modo, logo à noite, tudo isto ficará no escritório, e eu volto a ser eu, sem eles. Também isto mudou.