Quando era pequena adorava livros. Livros e bonecas!
Ainda não sabia ler e passeava-me com um livro na mão, de nariz arrebitado e ares de menina crescida. Umas vezes sentava-me com eles no colo e passava as folhas, pausadamente, como se tivesse muito concentrada na leitura. Outras vezes pendurava-me numa das oliveiras da alameda e esperava pelo meu avô para lhe dizer, de livro na mão e ar seguro:
- Avô! Já sei ler! Quer ouvir?
Claro que não sabia ainda. Claro que tinha a história decorada. E claro que o meu avô sabia disso, mas queria sempre ouvir a histórinha.
Depressa aprendi a ler. E lia, imenso!
Os livros da Anita, a colecção ABC...
Depois foi a fase do Petzi que lia sofregamente na praia e que me recusava sequer a pegar durante o resto do ano porque me faziam sentir saudades do mar.
E os Cinco, que me inspiravam, a mim e não só, a fazer passeios e lanches e até a arranjar um clube e a fazer sortidas noturnas (até termos sido apanhados pelo meus pais) com a R., a P., o meu irmão e um cão chamando Timmy. E os Sete, e a Patrícia...
Logo de seguida comecei, na vinda de umas férias, a ler um livro do Júlio Dinis e a espantar-me com os sentimentos da gente crescida. Eu sabia lá o que era o amor...!
E li esse, e outro, e outro de seguida. Acho que marcou a minha passagem para a adolescência. Foi nesse fim de Verão que descobri que sair de noite, para o jardim ou para as laranjeiras, de roupão e sentir a brisa morna na pele tinha um encanto que não conhecia até ali.
E depois destes descobri o Camilo e o Eça. E depois destes muitos, muitos outros. Companhias de serões, de férias, de momentos bons e maus, formas de viajar sem sair do mesmo local.
Comprava-os de acordo com o tempo e com a gestão da semanada. Até ao dia em que só o tempo me limitou nas compras.
Mas lia. Lia muito. Por prazer.
E não havia nunca um livro em casa que não tivesse lido.
Agora, continuo a comprá-los. Compulsivamente, por hábito, ou sei lá porquê. Mas já não os leio assim. Falta-me o tempo, tenho outras solicitações... não sei bem porquê. Sei que tenho livros em casa que não li. Cada vez mais. Estou a comprá-los a um ritmo mais rápido do que os leio e estou a acumula-los. Se calhar é normal. Deve ser mesmo! Quando fôr velhinha hei-de ler muito e, pelo menos já tenho os livros comprados.
16 comentários:
E pelo andar da carruagem, a comprá-los agora poupas um dinheirão em IVA!!!
Beijinhos e toca a aproveitar as férias para meter a leitura em dia!!!
Beijinhos
Sandra
Olá Margarida!
Ui! Fez-me falta o teu cantinho!
Temos algumas coisas em comum, tenho reparado... Também eu fui leitora compulsiva desses mesmos autores e colecções. Agora transformei-me em compradora compulsiva sem tempo para ler tudo aquilo que compro. Nas férias desforro-me, é o que vale!
Beijinhos da HOPE
... sensação estranha de "déjà vue"
Tbém adorava os livros da coleccao Anita! Lia os mesmos livros milhentas vezes
Fica bem!
bjokas
São as histórias e os livros que muitas vezes marcam uma geração. E tantos há na nossa. Já para não falar em outras coisas como filmes, desenhos animados e séries televisivas. Como escrevia "alguém" no outro dia, «quem não sabe assobiar o tema do VERÃO AZUL não merece o ar que respira». Em boa verdade! :)
Beijoca grande mulher jeitosa :)
*** Ciranda
PS: Quanto aos livros, concordo com a Sandra, ali acima, que me fez dar uma bela gargalhada já. É dinheiro que poupas :) Até manhã!
Ai que já somos duas... Ando numa de leitura ligeira, mas nem assim...
Ando desde ontem a preparar 1 post sobre as minha últimas leituras e para ver se alguém me dá 1 dica sobre qual comprar para as férias... Dos que tenho em casa pendentes, não são para ler nesta fase da minha vida... pronto, ok, cada 1 com as suas taras, certo?
Os cinco!! Ainda os tenho lá todos... velhinhos mas estão lá! Também eu tenho comprados livros mais rápido do que os leio... mas ficam para os momentos com mais tempo. Um livro nunca é demais! Bjoca.
O que eu gostava de ler "as gemeas no colegio de Stª Clara" , nessa altura morava longe longe e a minha realidade era completamente diferente da dos livros , até queria ir para um colégio interno... enfim... noutros tempos eram os livros que nos levavam a viajar ,a sonhar ... hoje em dia pouco tempo sobra para isso infelizmente ou a preguiça sobrepõe-se à vontade e ficamos horas especados a ver tv...
... e tempos mortos?
quase sempre antes ou depois do jantar costumo ter uns 15 a 30 minutos de tempos mortos k aproveito para relaxar 1 pouco brincando com os cães ou lendo umas páginas ... talvez possas fazer o msm?
Margarida, acontece com todas as crianças, primeiro é "leitura" visual das ilustrações, o que é fundamental para despertar o interesse pela leitura própriamente dita.
As minhas primeiras leituras foram a banda desenhada, a partir dos 10/11 anos, quando entrei para o liceu, devorei todo o Júlio Verne e o Emílio Salgueiri. Mais tarde, como a curiosidade era muita, comecei a ler tudo o que apanhva e me interessava, para acabar por volta dos 25 anos, em me concentrar, até hoje, na filosofia, história e religião. Adoro livros, mesmo aqueles que ainda não li, dá-me muito prazer olhar para minha biblioteca, e pensar no conteúdo fantástico que está nela.
Um abraço. Augusto
Pois é... é a nossa sina...
Comprar e não ter tempo para ler. Antigamente, nunca que um livro durava mais que 2 dias. Agora...
Tenho mesmo na cabeceira da cama há mais de mês.
Mas é a vida!
Sabes que quando eu era pequenina, decorei a estória de um livro e com quatro anos, ia contar a estória a toda a gente. Todos ficavam muito admirados... até que eu troquei uma palavra e descobriram o meu truque...ehehehehe
Mas era muito engraçado!
Jinhos
Eu tbm tenho esse defeito...
Vou comprando pr um dia ler.
Mas esse dia não chega.
Tenho lá resmas e resmas de livros à esperam pr serem lidos... um dia.
Bjnhos grandes, minha querida.
Se um dia quiseres deixar um post sobre os livros que mais gostaste e quais recomendas vivamente seguirei alguns dos concelhos certamente... pensa nisso. Beijo
Li os Cindo e os Sete todos nas noites de Verão na casa velha da minha infância, li o Júlio Dinis, o Camilo, o Eça, o Miguel Torga, o Aquilino e muitos outros na adolescência e, para aí dos 17 aos 33, li, li, li que me fartei, autores portugueses e estrangeiros, livros ciêntíficos e romances...mas...desde que o Rodrigo nasceu, o meu contacto mais próximo com a leitura é a revista do Expresso assim de fugida ao fds, a Pais & Filhos e as histórias dos blogamigos. Mas tb continuo a comprar e armazenar e tenho uma data deles "na calha" para ler um dia, quiçá na praia...assim ao fim da tarde, como fazia antigamente...enquanto há vida, há esperança ;)
Beijinhos
Mocas
É sempre bom ter livros em lista de espera :o)
BJs e boas leituras!
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