Li esta noite, em casa do meu primo V., num guia de praias, o seguinte texto acerca da minha:
A praia é frequentada essencialmente por praticantes de surfe, mas também por algumas famílias. O mar costuma ser instável. E não é recomendável a crianças: tem muitos fundões traiçoeiros e correntes fortes.
Não é recomendável a crianças?! Então e essas tais famílias não têm crianças?!
Sim. Tem alguns fundões (mas não muitos) que condicinam as correntes.
Ainda que o fundo do mar mude sempre um bocadinho, nunca muda assim muito. Portanto as correntes são sempre as mesmas (para Sul e depois para dentro) quase sempre no mesmo sítio, mais ou menos com a mesma intencidade.
Pois eu, como muitas, mas muitas outras crianças passámos lá os Verões. Foi lá que crescemos de verdade.
Deu-me umas saudades...! Tantas!!!
Saudades de contar os dias para o fim das aulas para ir para lá. De fazer a minha mala de uma forma atabalhoada ainda. De reencontrar os amigos de Verão, das roupas leves, dos lanches na praia, dos livros do cinco, dos passeios de biciclete sempre sob a orientação dos mais velhos do grupo, dos banhos (muitas vezes de areia) naquelas ondas enormes, de aprendermos a conhecer o mar para nos defendermos, de ficar na praia até ao pôr do Sol e de querermos tomar banho sempre nessa altura, de corrermos de casa para o mar de cada vez que chovia, das brincadeiras, dos risos despreocupados... Umas saudades!
Quando voltávamos para casa era uma tragédia. Toda a gente chorava! Até parece que iamos ficar a viver a milhares de quilómetros!
Mas regressávamos maiores. Por dentro e por fora.
Cresciamos e ganhávamos resistência naquele mar frio e forte e, ao mesmo tempo que nos tornávamos mais autónomos, tornávamo-nos também mais responsáveis e conscientes dos perigos e das nossas obrigações e, a pouco e pouco, fomos deixando de ser protegidos para proteger os mais novos.
Era a nossa vez de levar os mais pequenos para fora de pé e de lhes deitar a mão quando se atrapalhavam com alguma onda maior, de os ensinar a defenderem-se e a conhecer os perigos.
Essas vivências não têm preço. Seria, concerteza, diferente se não tivesse vivido assim. E seria, de certeza, pior.
Portanto, é aconselhável a crianças sim! E se um dia tiver filhos hão-de experimentar esse mar com ondas, fundões e correntes, e aprender tudo o que lá se pode aprender, e é muito! Com o mar e com as pessoas!
Ai que saudades doces de ser pequenina, lá!
9 comentários:
acabaste de descrever os meus veroes... fiquei cá com uma saudade... obrigada por trazeres a recordacoes de volta... jokas
é a vida...ou por outra é o bom da infancia...
hum! hum! e há quem diga k tu es fresca? onde raio foram buscar essa ideia???
A praia que costumo frequentar também tem essas caracteristicas ehehehe embora seja uma praia bonita! Gosto mais das outras com o mar calminho... lá está tem tudo a ver com as nossas recordações de juventude;)
beijocas
Tens toda a razão no que respeita a proibições bizarras para as crianças! Por exemplo, eu acho estranho o facto de haver entendidos que dizem que a Heidi e o Marco eram traumatizantes!!! Eu não sou uma traumatizada e, se puder, o Rafael ha-de ver a Heidi e o Marco. A mim parecem-me bem mais saudáveis que o dragon ball...
beijos
Sofia & Rafael
Ora esses guias são para turistas, não para viajantes... Deita fora!
eu também tenho.... muitas. E especialmente hoje, não sei bem porquê!!!!
Beijinhos
sendo assi, já que não tenho crianças para lá levar, vou na onda fazendo parte dos tais praticantes ;o)
mas é comum generalizar que as praias de Lx para cima são perigosas... o que é certo é que é MAR! E o verdadeiro mar TEM de ser respeitado e olhado com esperteza, não com medo mas com saber. Quem não o tem - as crianças - têm de ser ensinadas e não amedrontadas nem proibidas!!!
BJS! Encontramo-nos lá? Prometo que não te canso ;o)
Encontramo-nos! Com muito gosto! :)
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