quinta-feira, 23 de junho de 2005

São João

Dois anos depois de ter acabado a licenciatura, estava, por esta altura do ano, em Braga.
Tinha um trabalho para fazer lá que tinha adiado até ao limite. Apesar da má vontade tive mesmo que ir.

Depois de lá estar não demorei muito a render-me à cidade e a perceber que tinha sido uma palerma.
Gastava do sítio onde estava, gostava de trocar o serviço de despertar pelo toque dos sinos, gostava de sair de manhã e sentir o ar mais fresco do que cá em baixo, de ir trabalhar a pé por ruas sem trânsito, de descobrir pessoas que, afinal, eram conhecidas dos meus pais e familiares afastados, do ritmo lá de cima, da comida, da simpatia das pessoas, da sensação estranha de conhecer tudo aquilo desde sempre.

Na véspera do S. João resolvi vir cá abaixo. Tinha mesmo que cá vir, e achei que era a altura ideal. Com a confusão que os preparativos para a festa faziam prever, devia ser muito difícil fazer o que quer que fosse lá por cima.
Ao pequeno-almoço perguntaram-me, com ar de espanto:

- Vai embora?! Mas volta, não volta?!

Pois claro que voltava. Só não disse quando.
Voltei três dias depois. Devagarinho. Demorei quase todo o dia na viagem porque, chegada ao Porto, dispensei a A3 e preferi ir por perto do mar. E como nem sempre se consegue, fui fazendo desvios e paragens - e não me perdi! - sem pressa, até chegar a Esposende e virar para dentro.

Quando cheguei percebi, pelo ar incrédulo das pessoas e pelos comentários, que devia ter cometido um enorme pecado. Tinha faltado ao São João!
Ainda argumentei que julgava que não tinha muita importância e que achava que o S. João a sério era no Porto.
Foi pior a emenda do que o soneto. Qual Porto?! Aqui é que é! Não há festa melhor, menina!, dizia-me, quase fora de si, o homem do parque de estacionamento!

Ainda havia fitas e balões nas ruas. Ainda havia grupos de pessoas, mais ou menos eufóricas, nas esplanadas. Ainda tive direito a um manjerico.
Não voltei a ficar em Braga. De cada vez que tenho coisas para fazer lá, fico, naturalmente, em Barcelos.
Nem pensei mais no S. João, mas foi a partir dessa estadia que comecei a telefonar para baixo a dizer, em tom de brincadeira, que não voltava. E, brincadeira aparte, foi desde essa altura que quase me convenci disso.

6 comentários:

Contas e Cores disse...

Já tive vários convites para ir passar o S.João ao Porto mas nunca fui, ando sempre em exames!! Quando acabar o curso faço questão de ir ver como é, toda a gente diz que tem uma alegria especial, o S.João, no Norte!!Beijinhos atarefados!!:)

André Parente disse...

São João? Qual São João!?

Jolie disse...

Festas?! Santo António, São João, da cidade, da vila ou da aldeia... venham elas!

Eu gosto é dos bailaricos!

Beijinhos
Sandra

kikas disse...

Nunca fui ao s.João mas pelo que me dizem é de arromba!
Quero ver se para o ano não perco, até lá vou curtindo o meu querido santo António!
beijinhos e bom fim de semana
kikas

Anónimo disse...

Que alma tão do Norte!
Éu já me identifiquei mais, acho que agora estou a descobrir os sabores de ser moura e, ainda por cima, raiana!
um beijo muito grande

Sofia & Rafael

sonia disse...

Nõ há nada como as belas festas populares :)))