Desde relativamente cedo na minha vida que tive a sensação que tinha caído dentro de um livro e que fazia parte dele. Que a minha vida era isso mesmo, parte de uma obra que não tinha escrito e da qual gostava de sair.
As outras pessoas escolhiam o rumo que tomavam. Escolhiam as pessoas com quem queriam ficar, o que queriam fazer, onde queriam morar.
Tudo sempre me pareceu tão simples e ordenado. Para os outros.
Comigo não.
Parece que fiz tudo o que quis, que escolhi as pessoas que quis. Que fiz e desfiz a meu gosto. Mas não! Nunca!
Não me apaixonei por quem quis, nem quando quis. Não me apaixonei pelas pessoas "certas". E as que não eram "certas", não eram "certas". Uma vez surge um curso longe que nos separa. Num segundo caso, uma fotografa, uma colega sonsa, uma rapariguinha atiradiça, e outra, e outra, e muitas, muitas "amigas"... e tudo o resto!
E sempre me deixei enlear por obrigações, por expectativas de outras pessoas. Sempre.
E em tudo...
Foi sempre assim. Eu sabia que não importava o que fizesse. No fim da história não aconteceria o normal, e muito menos o que eu queria; aconteceria o que tinha que acontecer, o que estava escrito. Sem lógica, mas impossível de mudar.
Sei que seguirei o caminho que tiver que seguir, não o que escolher. Que farei o que tiver que fazer. Onde tiver que ser. Mesmo que essa constatação me deixe de lágrimas nos olhos.
Sei que existem capítulos neste livro. Aprendi a identificá-los.
O mais recente terá, sensivelmente, a idade deste blog. E foi bom.
Juntei pedacinhos partidos, aprendi a olhar de novo para a vida, para as flores, para o céu. Selecionei amigos e até ganhei família.
A cada dia fui-me sentindo mais leve, mais alegre. Acho que foi um capítulo feliz! Fui feliz! Até muito.
Não o teria terminado. Não por minha vontade. Não agora nem assim.
Mas não escolho. É nestas alturas que sinto que não escolho nada. Que cumpro apenas qualquer coisa em que não tenho domínio.
Por alguma razão estou aqui enquanto podia estar lá fora, onde está toda a gente, na piscina desta quinta tão velhinha, tão cá no cimo do país.
Por alguma razão preferi ir de manhã a S. Gregório. Ao limite, ao fim. O fim de uma terra e o começo de outra.
Por alguma razão não sei porque vim. Porque até nem queria vir. Acho que não queria. Tenho feito quilómetros a mais. Devia descansar. E até precisava.
Mas porquê que não vinha?! Nem era eu que guiava. A Catarina é das minhas melhores amigas. E os amigos dela e os primos e até o irmão... Se calhar é porque não devia estar sózinha, mesmo que me apeteça.
E lá vou eu para um novo capítulo que presentia já há dias. Mesmo não querendo. Simplesmente porque este chegou ao fim. Só por isso.
Mesmo que não se note muito. Talvez nem se note neste blog. Ou talvez se note.
Mas é o fim deste! E já sinto umas saudades maiores do que o mundo!
17 comentários:
não entendi?vais acabar com o teu cantinho?buáaaaaa
vou ter saudades tuas
beijokas
Luna
temos sempre saudades das coisas que, ainda que não lhe dessemos valor na altura, nos marcam... Mas novas etapas surgem, com coisas boas, más, mas todas válidas e importantes.
Vou dar-te um exemplo: até hoje sempre que penso nos tempos de faculdade tenho saudades, até dói... saudades de amigos, colegas, situações...
hoje vivo num rodopio com o emprego sempre na corda bamba, menos tempo, mais chatices, mas feliz. feliz antes e mais feliz agora com o meu Rafael...
Tudo se vai construindo, amiga
um beijaço
Sofia & Rafael
Linda, que o próximo capítulo da tua vida seja o melhor para ti!
ESpero que me continues a acompanhar... sempre!
beijinhos grandes
cate
Vivar a página é sempre bom. Boas leituras! ;)
Um novo capítulo...
Porque não?
A vida não pára!
É mesmo assim... como se de um livro se tratasse!
Espero que seja um capítulo cheio de surpresas boas e que sejas muito feliz!
Uma beijoca enorme.
Não estava a falar do blog.
Estava mesmo a falar da minha vida. Coisa mais complicada!
dentro do msm género ... a serra da lousã: castelo, aldeia rural, piscina alimentada pelo próprio rio, percursos pedrestes, veados, águias e outros animais selvagens e já que gostas de lendas ... "o monte das bruxas".
ps: quanto a aldeia de S. Gregório ... thanks pela dica!
Na vida as coisas não têm que acontecer por fazerem escolhas para ti, tens que ser tu a escolher, independentemente de serem boas ou más escolhas têm que ser as tuas escolhas, mesmo que isso te pareça complicado!
beijinhos e que encontres depressa o teu rumo, muita força!
beijinhos
kikas
Sim, por vezes precisamos de mudar os capítulos da nossa vida...gostei dessa ilustração... muito interessante! Um novo capítulo, e quem sabe, até um outro argumento...hehehe!
Ahh... por momentos assustei-me.
Às vezes é preciso virar a página... por mais que se tenha gostado de ler a que terminou... não podemos parar e aí está a única certeza nesta vida!
Um beijinho e o meu apoio embora virtual, neste novo capítulo...
Beijinhos
Sandra
olá linda!
ufa que alivio, pensei que nos ias abandonar.
Fazes bem mudar,as vezes a nossa vida precisa de umas arumadelas, boa sorte para essa mudança
beijocas
Luna
Desde que não seja o fim do blog, podes ir fechando alguns capítulos para de seguida se abrirem outros. É assim a vida!
Um beijinho e desculpa por estar tão ausente, mas o meu trabalho está exigente demais nesta altura do ano.
bjs, bjs
Agora que me ia assumir como leitora do teu cantinho...mas não, vivam todas as mudanças para melhor!!!
Nada como virar a página, hm?
Boa sorte para o teu novo capítulo!
Beijocas
Depois da tempestade vem a bonança pelo menos assim se diz ;) pode ser que essa tua explosão te tenha dado um novo animo e força para lutar contra alguma rotina :)
Ora então que seja um excelente capitulo ,esse que se segue cheio de aventura e emoção nem que seja para animar os dias dos teus assiduos leitores ehehehe ;)
beijocas
Margarida, sinto que hoje está muito triste, terá as suas razões.Gostaria de deixar um pequeno contributo, com a forma como eu encaro a vida, se for útil para si tanto melhor.
A vida realmente é como um livro, onde os personagens não têm livre arbítrio, mas são somente aquilo que o autor quer que sejam. Sair do livro, é uma utopia, só possível no sonho, mas compete-nos a nós manter o sonho vivo, vivendo o dia a dia, não como um fatalismo, mas como a nossa estrada, que mesmo não seja o caminho sonhado, é o nosso.
O nosso caminho é feito de encontros e desencontros, desejados ou não, acontecem, sem que para tal o nosso querer interfira. A diferença entre o certo e o errado é subjectiva, da qual resulta a nossa emoção, mas o que nos prega mais partidas são as emoções, pois estas estão impregnasdas com nossos sonhos.
Não sabe, não!
Nem sempre é bom!
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