quarta-feira, 2 de maio de 2007

Medos

Não fui uma criança nada medrosa.
Não tinha medo do escuro, nem dos cães, nem dos cavalos, nem das cobras, nem de pegar em lagartixas e minhocas e assustar, com elas, a minha Avó.
Não tinha medo de subir às árvores, de esfolar os joelhos ou de andar de bicicleta por caminhos acidentados.
Não tinha medo do mar, nem das ondas.
Não tinha medo de trovões nem de raios, e sempre gostei de trovoadas.
Não tinha medo de sangue nem de ajudar nas operações dos cães.

Sensível, fui sempre, muito. Talvez em demasia!
Mas medrosa, realmente, não.

Tenho medo das alturas, admito.
Não saltei e não saltarei nunca da prancha da piscina que, ainda por cima, não é muito alta.
Mas esse medo é fácil de contornar. Não me incomoda e, se fosse mesmo necessário acabar com ele, provavelmente, conseguiria.

Tenho um outro medo, esse sim, grande e que me perturba. E perturba mais em alturas como esta, em que muita gente diz coisas boas a meu respeito, coisas muito simpáticas, em que tenho mimo e atenção a rodos, muitas vezes vindos de onde não esperaria.
Tenho o medo de desiludir. De desiludir as pessoas de quem gosto, ou as pessoas que gostam de mim (que eu não sei bem, com perfeita nitidez, qual é a diferença). Esse medo eu tenho, e tem a forma de uma responsabilidade que pesa. Muito.

[Ainda tenho mais um medo, bastante mais atenuado do que anteriormente, mas presente ainda. Mas esse outro medo, é um outro assunto]

13 comentários:

[Ariana Aragão] disse...

O medo é um grande aliado. É o que nos faz reagir, o que nos estimula.
O pânico petrifica. O medo provoca reacção.

[Também ando com um medo entre mãos. Um dia destes resolvo-o.]

Xuinha Foguetão disse...

Não tenhas medo de desiludir, Maggy.

Beijo enorme

Miguel disse...

Sossega, Margarida. A "prancha" da desilusão está assente em terra. É, como muitos outros medos, despropositado, aumentado.
E salta, Margarida, e salta Margarida, olé, olé...

Piquinota disse...

Eu concordo com a Ariana, ter medo é muito bom! Pânico não,mas o medo faz-nos reagir e lutar!


O meu medo é perder as pessoas que me são queridas...:( Esse é o meu maior medo!!;((


Jinhos

mixtu disse...

medos.. quem os tem chama-lhes seus...
medos de desiludir...

abrazo sem medo :)

CGM disse...

Teria tanto para falar sobre o medo de desiludir.

O meu pai sempre exigiu 100% de nós, para ele, e usa bastante esta expressão "ou é 100% ou é nada" e também ouvi dele a expressão "desiludiste-me" as vezes suficientes para que essa palavra me arrepie.

Por vezes prefiro não jogar do que jogar e perder (aplicando a quase tudo na vida), o que me entristece-me, tenho pena, mas sou mesmo assim.

bj

Carla

Anónimo disse...

Querida Gui... sabes muito bem que não desiludes ninguém a menos que esse alguém não consiga mesmo perceber com quem está a tratar. Tu vais sempre para além do que se espera de ti e do que os ouros merecem até e muitas vezes além do que se julgava sequer possível.
Tu és um tesouro!!!!
Quem não o perceber sai a perder e pode ficar desiludido mas será mais à frente quando perceber tarde demais o que perdeu.
Que te desiludam tanto a ti como tu desiludes as pessoas de quem gostas e que gostam de ti porque isso significaria que nunca sofrerias desilusões na vida!

Beijos

Catarina

Margarida Atheling disse...

Ariana: olha que o medo não me estimula lá grande coisa...
[imagino... e até aposto que é um medo que temos em comum, de alguma forma...]

Xu: obrigada! mas tenho. é uma coisa inata, acho eu. e ainda se foi desenvolvendo com o evoluir da vida.

Miguel: a outra também está nem segura e nem por isso...
eu sei que é aumentado, mas está cá.
pode ser um saltinho pequenininho?! ;)

Piquinota: eu acho que o medo não funciona com vocês, como comigo.
eu, por acaso, depois de chegar ao pânico, sinto que já não tenho nada a perder e avanço sem medo. mas isso sou eu, claro. reconheço que faz mais sentido o que dizem.
Esse teu medo... eu sei... custa muito, mas sei que, de algum modo, se nos forem mesmo queridas, peremanecem connosco, para sempre.

Mixtu: ... qui los tiene, los llama sus!
abrazo sin miedo! ;)

C: nem imaginas como compreendi o que escreveste!
estava a ler-me nas tuas palavras!

Catarina: tens tanto de tonta como de exagerada, mas és uma amiga e peras (não sei porquê que há-de ser peras!)! Mas exagerada, pronto! E tonta, também! ;)

Mocas disse...

Compreendo bem esse medo e acho que também o tenho. Mas nem sempre é bom e (até arrisco esta palavra)aconselhável, que a nossa acção seja pautada pelo receio (ou medo) de desiludir os outros, principalmente quando se trata de assuntos muito nossos. Quanto à diferença entre aqueles que gostam de nós e aqueles de quem gostamos ... ui isso dava pano para mangas ...

bjs :)

Anna^ disse...

Eu tenho medo de ter medos...é um constante desassossego!
E não acredito que alguma vez possas desiludir alguém...e olha que isto não é passar-tea mão no pêlo não! :)

beijinho

Sara MM disse...

ora ora... isso vindo de ti não é de meter medo... é uma grande dificuldade!!!!!
ah!ah!ah!

(espero que tenhas percebido o trocadilho :o) )


BJss

margarida atheling disse...

MC: tens razão!
e quanto ao segundo assunto... dá pois! dá mesmo muito pano para mangas.

Anna^: as coisas de que nós temos medo...
eu sei que não estás a "passar a mão pelo pelo", eu sei que aquilo que dizes é aquilo que sentes, e agraddeço-te! mas garanto-te que posso desiludir, sim.

Sara: lamento desiludir-te, e desta vez, lamento ainda mais desiludir-me, mas confesso humildemente e a sentir-me muito estúpida, que não cheguei lá.
depois esclarecemos isso, sim?

Smas disse...

Este era o post em que te disse que me identifico muito contigo.
Bjs