sexta-feira, 11 de maio de 2007

Da fidelidade

Diz-me a S. ao telefone:

Oh!... tu nunca serás infiel!!

E, palavra que era capaz de lhe adivinhar, do outro lado da linha (que não era linha, porque era um telemóvel) a expressão entediada e o encolher de ombros, como quem se vê na presença de uma causa perdida.
E, confesso também, que me senti com qualidades um bocadinho caninas. Aquele tu nunca serás infiel, pareceu-me acabar até com o valor intrínseco dessa mesma coisa, da fidelidade, em si mesma. Porque afinal é oferecida sem critério, independemente do outro lado a merecer ou não (e, em teoria, pode haver casos em que não seja merecida, de facto).
Senti-me um cão.

Mas depois recompus-me. Ora!
As coisas também não são bem assim!

Infiel não serei. E não apenas pela outra pessoa. Não o serei, também por mim. Que não sei, com franqueza, o que pesa mais, se o respeito por mim, ou o respeito pela outra parte.
Mas se, do outro lado, considerar que não há merecimento, sou rápida a bater com a porta. Donde, na verdade, mesmo não sendo infiel, só ofereço a fidelidade a quem a merece.
E deixei de me sentir cão!

17 comentários:

Clara disse...

Eu disse-te o mesmo...sabes o conceito de fidelidade é uma coisa muito vaga que varia ao longo da vida. Acima de tudo tens q ser fiel a ti própria. A infidelidade só serve se te der mais gozo do que a fidelidade.

Margarida Atheling disse...

Clara, eu lembro-me. :)
mas não dá, de certeza! não pode dar, e nem quero experimentar. até por mim mesma, claro! acho que jamais voltaria a ter respeito por mim...

Piquinota disse...

É mesmo isso Margarida, eu nunca mais teria respeito por mim!
Não estaria só a ser infiel a outra pessoa... estaria a ser infiel a minha, àquilo que acredito!!

Eu sou como tu...

Jinhos

Papoila disse...

Concordo. Acima de tudo respeito e fidelidade a nós próprias. E ao fim e ao cabo o respeito pelos outros também é algo a preservar. Se esses outros o merecem? Quem somos nós para decidir isso? :) Podemos achar que não, por algum mal que nos tenham feito, ainda assim penso (e ajo em conformidade) que devemos manter o respeito. Que pode passar por, em vez de se ser infiel (que é algo de tão, tão baixo, que eu não me imagino a fazer a alguém), simplesmente cortar relações. Não?
Beijinhos!

[Ariana Aragão] disse...

Margarida,

Não consigo conceber a infidelidade como algo que devo a alguém, a não ser a mim própria.
À pessoa que estiver ao meu lado apenas devo respeito, confiança, amizade e acima de tudo, amor absoluto e incondicional, caso contrário, não obrigada.
Logo a infidelidade para mim não faz qualquer sentido. Ou é ou não é. E se é, tem que ser tudo.

um beijo

Xuinha Foguetão disse...

Eu costumo dizer que só se está com alguém se gostarmos realmente dela. E se gostamos, não há lugar a infedilidade. Se não gostarmos, não há motivos para se estar com essa pessoa.

O mais importante ainda é estarmos de bem connosco.

Mas que ela anda aí, anda!
E para quem sofre por causa dela, é angustiante...

Beijos Maggy

Maria Liberdade disse...

Poucas pessoas existem que sejam hoje em dia fieis. Por isso, parece-me que os comuns e os entediantes são eles. Ser fiel é motivo de orgulho, sim!

Enfim... disse...

nunca fui nm nunca serei, julgo é das coisas mais ingratas que se pode fazer a alguem que amamos, nem damito que mo façam...

Bjokas

Bom fim semana

Ana disse...

Eu tambem sou fiel.Nao sou exigente c/os outros, para mim, nao eh importante que sejam como eu sou, que gostem do que eu gosto, so exigo fidelidade.Recuso-me a viver com pessoas que traem.Uma relacao seja ela qual for, amizade ou amorosa tem que ter como alicerces a fidelidade=lealdade, so assim podera ser forte e durar uma vida inteira (mesmo que um dia o amor acabe).

Rita Maria disse...

Isso mesmo!
Era só que faltava se só fossemos íntegros por causa dos outros!

Frederico Silveira disse...

Conheço-te mal mas já tinha percebido sem margem para duvidas.
Voltando a repetir-me volto a dizer que há gajos com muita sorte, ou um gajo com muita sorte.

Beijo

CGM disse...

E ai o que gostei de te ver neste post, assim quase ironico, mas bem disposto, e nem comento o tema da (in)fidelidade. Só comento o ar de quem escreveu o post. Estás de bem com a vida, não estás Margarida?

Gostei desse ar, nem sei explicar...

(este comentário está um bocado confuso)

sm disse...

exactamente! Essa é a parte mais importante!

_+*Ælitis*+_ disse...

Acho realmente todo o caso é um caso. As vezes é facil dizermos que na situacao X fariamos ou deixariamos de fazer. A verdade so salta a tona quando estamos dentro da situacao. Mas o melhor mesmo é sempre ter principios :)
Beijokas :)

Anónimo disse...

Podia ter-te dito o mesmo porque és assim mesmo: integra (para além de muitas outras coisas). :-)

Primo Frederico, há e não és tu homem. Já não tinhas desistido!?

Beijos

Catarina

gralha disse...

E resta saber a quem se é fiel, afinal? O mais importante é que seja a nós próprios, independentemente do que os outros possam achar.
Curiosamente, também já pensei assim de mim própria. De há uns anos para cá, com a experiência da vida, ganhei uma nova humildade (será antes cautela?...): o meu lema é agora "não ponho as mãos no fogo por ninguém, nem por mim".

FFreitas disse...

Realmente quase soa a insulto... "nunca serás infiel"...
E assim de repente, sem reflectir muito, não vejo nada de mau em não ser infiel...
Mas se calhar, é de mim!!