sábado, 5 de maio de 2007

Das línguas

(31) "Les légumes et certain fruits d´ été venaient au marché, jusqu`à l`èpoque le plus récente, dúne banlieve très restreint qui, avec les jardins dans la ville elle-même, formait une zone de jardiniage, parfois entremêlée aux vignobles". Segij Vilfran, "L´aprovisionnement des villes dans les confins germano-italo-slaves du XIV e. au XVII e. siècle", p. 54

Tive inglês desde cedo e, durante mais horas lectivas do que fazia parte do plano nacional. O meu professor sempre nos disse que só dominavamos uma lingua quando fossemos capazes de fazer os nossos racíocinios nessa mesma língua. E não me custa nada pensar em inglês.

Parte dos meus professores, até aos 17 anos, eram espanhóis, e nunca se coibiram de dar as aulas em castelhano, a despeito de leccionarem num colégio portugês. Óbviamente, por isso, porque as crianças apendem depressa, o castelhano é-me bastante familiar.

Os apenas dois anos em que estudei alemão, não deram para grandes prodígios. Pensar que sou capaz de ter uma conversa nessa língua, sobretudo depois deste tempo, é pura perda de tempo. Mas entendo uma boa parte das coisas que são ditas e, se estiver distraída, numa dessas conversas, sou bem capaz de responder em alemão.

Uma estadia de uma semana em Roma, foi o suficiente para aprender o básico do italiano e passar a comprar, confiante, livros escritos neste idioma, que leio, sem problemas.

Não sou daquelas pessoas que têm queda para as línguas. Não sou, de todo! Mas aprendo o normal.

Com o francês a relação sempre foi bem diferente.
A embirração começou pela professora de ballet, que numa voz aguda, nos martelava os ouvidos: et un... et deux... et trois...
Seguiu-se o meu pai que, aos dez anos, entendeu que eu tinha de aprender francês. Porque sim, porque ele domina a língua, porque gosta, porque a menina não tem quereres e porque é uma língua de cultura. Claro que a menina descobriu, justamente nessa altura que, afinal, tinha quereres e disse que não. E depois de muita discussão em casa, a menina, não foi para o francês. A discussão voltava todos os anos em Setembro, sempre com o mesmo resultado.
Depois, foi o obrigatório: três anos no colégio. Três anos de enormes contrariedades, com um ódio crescente à gramática e às correcções permanentes do Papá à minha miserável pronúncia.
Não se pode dizer que fosse a clássica relação amor-ódio: era mais ódio-ódio, mesmo.

Foi a faculdade que me obrigou a voltar ao contacto com essa língua amaldiçoada. Ele eram artigos, ele eram livros...
A tese, só veio piorar as coisas, com mais livros e artigos, sem tradução para portugês (ou inglês).
Nos outros trabalhos a cena repete-se, e dou por mim com um trabalho cheio de notas de rodapé como a que está acima.
Enquanto isto, continuo a dizer à boca cheia que não sei francês.

Até que agora, já cansada de estar à espera do meu pai, que estava à frente de um monitor a ler um artigo, justamente em francês, mas a ler e a fazer a tradução em voz alta, a um ritmo de caracol, perco a paciência, puxo uma cadeira, sento-me ao lado dele, e traduzo aquilo em dois tempos.
Ele olha para mim e pergunta-me: mas tu não sabias francês, pois não?
Pois não! Afinal aprendi, sem saber como. Aprendi por artes mágicas, durante o sono, ou qualquer coisa semelhante. É, de facto estranho, como com o tempo vamos aprendendo coisas sem termos consciência disso. Estranho e oportuno.
Pois... não posso bem dizer que não sei, mas posso dizer que não o falo. ...ce ça!

15 comentários:

Clara disse...

Pois eu odeio francês, continuo a odiar e nunca vou aprender, de certeza (e por acaso também embirro um bocadito com o italiano)!

Dulce disse...

Eu gosto muito de francês, língua que estudei durante vinte anos. As maiores dificuldades são com o inglês. Só sei rudimentos...

Anónimo disse...

Já tinha dado por isso há uns meses quando me traduzias as letras da Carla Bruni e quando quase rebolaste porque eu achava que pile (ou lá o que é) era uma outra coisa completamente diferente, só não disse nada porque achei que era melhor calar-me.
A dormir é que não aprendeste de certeza porque a dormir ninguém aprende nada mas se disseres que aprendeste na cama não te desminto!!!! ;-)

Beijos

Catarina

Clara disse...

lol, Catarina...

nelsonmateus disse...

1 língua de cultura ... o teu pai até sabe 1 coisas! :D

Anónimo disse...

Ó Clara, pois... ;-)
Mas não tarda nada vem puxar-me as orelhas ou fazer-se de desentendida. Aqui ou ao vivo, o que é bem pior!
Não, não! É que ela gosta de ler na cama! ;-)

Beijos

Catarina

Anónimo disse...

Uma lingua de cultura... entendes, Clara!? É por isso. ;-)

Anónimo disse...

Ai que me esqueci de assinar. O comentário é meu.

Catarina

Clara disse...

lol (eu só me rio, acho que amanhã alguns destes comments vão direitinhos para o lixo).
Se calhar é isso que me falta, alguma cultura...a pouca que tenho tido tem sido de baixa qualidade.
Daí o meu fraco francês, deve ser!
O que será "pile"? Agora tenho que ir procurar um dicionário de francês aqui na net, a trabalheira que vocês me dão, raparigas...

Anónimo disse...

Clara estou a achar muito estranho o silêncio!
Se não viu ontem só vai ver à tarde porque acho que hoje de manhã tinha uma reunião lá por causa de umas coisas. Esta manhã há liberdade de expressão. Veremos o que vai para o lixo. ;-)
Pode ser Clara, não sei.
É uma lingua de cultura e está tudo clarinho como a água! ;-)
Acho que naquele contexto era coroa ou lá o que era. O que não era era o que eu estava a pensar, entendes? ;-)

Beijos

Catarina

Margarida Atheling disse...

Clara: nunca digas nunca!
eu por acaso adoro o italiano! :)

Dulce: 20 anos?! é muito! :)
bem... estamos mais ou menos ao contrário, então!

Catarina: foi assim que aprendeste italiano, não foi? a ler na cama, entenda-se... ;)

Clara: ah... é que a Catarina é mesmo muito engraçada! é do mais engraçado que há!

Nelsinho: sabe, não sabe? às vezes, mais coisas do que devia! :)

Às duas meninas: não apago nada por dois motivos: primeiro porque é contra os meus princípios, segundo porque a esta hora, não servia de nada. cada qual "lê", ou "leu", o que entende.
e volto a dizer que a Catarina é do mais engraçado que há. é, é!!

Miguel disse...

Quantas coisas não sabemos, mas entendemos bem?

Margarida Atheling disse...

Nem mais, Miguel!! :)

Jolie disse...

eu só tive o Francês na escola e na altura detestava tanto aquilo, que estudava aquilo o melhor que podia, para fazer os exercícios todos o mais depressa possível e o resultado é que nunca devo ter tido menos de quatro e a nota final era sempre cinco a essa disciplina.

Estranho não é?! Como eu!

(eu tenho queda para línguas e no entanto fui para matemática... mais uma incongruência das muitas que tenho :op)

Margarida Atheling disse...

Nós e as nossa incongruências... :)))

Deixa lá! São elas que nos definem! :)

Bjs