quarta-feira, 16 de maio de 2007

Do bom uso da moeda


Ouvi dizer que se atirarmos uma moeda e pedirmos um desejo, ele se realiza. Não é que acredite, claro. Mas lembrei-me de me teram dito, há muitos anos, era eu miuda, em Braga em frente a uma fonte que, se lá quisesse voltar, devia atirar uma moeda. Atirei e voltei, sim. Muitas vezes, mas acho que não teve nada a ver com a moeda. Teve, sobretudo, a ver com o rumo profissional que tomei. Voltei e, de cada vez, me apaixono mais pela cidade (bom... pela parte antiga, por aquelas ruas sem trânsito que podia percorrer de olhos fechados, entre o sítio onde durmo e a Arquivo, pela arquitectura daquelas casas, pelas lojas de rua, pela comida, pelo sotaque das pessoas, pelo acolhimento, pelo som dos sinos a tocar...).

Várias anos depois, em Roma, disseram-me o mesmo em frente à Fontana di Trevi. E eu atirei. Atirei mais do que uma. Atirei em várias das noites em que lá fomos.
Durante a semana que lá passei, e depois de a descobrirmos, ela entrou rápidamente para as nossas rotinas. É curioso como se conseguem criar rotinas em tão pouco tempo, e é engraçado, também, como elas nos podem dar a sensação de ordem, de conforto.
Rara foi a noite, logo a seguir ao jantar, em que não fossemos as quatro até lá. Nós, e uma multidão. E iamos à gelataria ali ao lado que tinha uns gelados divinais, escolhiamos entre uma variedade enorme, e lá iamos comê-los, sentadas nos degraus à frente da fonte. O barulho da água em queda, o ar levemente humedecido por ela, a luz, as conversas em diversos idiomas, a boa disposição entre todos, as canções cantadas, expontaneamente, em conjunto com pessoas que não se conheciam entre si, mas que se conheciam ali, a leveza do ar que se respirava, e tudo estava como devia estar e melhor era impossível.
Atirei moedas, sim. E se lá voltar por causa delas, terá sido o melhor uso que podia dar àquelas moedas.

(o que me lembra que é melhor atirar muitas mais moedas, por vários sítios que me estão agora a passar pela cabeça. e a pessoas? será que resulta? há algumas a quem atiraria moedas todos os dias. coitadas!)

10 comentários:

Jolie disse...

eu sei de uns sítio e de algumas pessoas que não se importam nada de ser arremessados com moedas tuas :)

[mes se o chegares a fazer, vê lá se são de dois euros ok :p]

beijos

Clara disse...

olha, n fizeste isso aqui pla minha zona (still waiting e já só te restam 43 dias).

Clementine Tangerina disse...

Gostei muito do texto...

Um dia gostava muito de lá ir atirar a moedinha! :)

beijinhos

Piquinota disse...

"Adeus ó Braga cidade estudante
Prometo ser teu eterno amante
Adeus Augusta cidade do amor
Tu tens o nome de um nobre imperador"


Tantas saudades de Braga... de tudo o que lá passei...
Nunca deitei moedas na fonte... nunca achei necessário, mas agora...:(


Jinhos

Miguel disse...

Eu acho que, uns mais outros menos, vamos atirando com "moedas" por onde ~e por quem passamos... E pelo que me apercebo, tu és uma "mãos largas"...
Entretanto e por isso mesmo, se fosses tu a levar com as moedas de quem quer que tu voltas, aparecerias na "fortune", mas estarias bem marcadinha.
Bj

Mocas disse...

Texto exemplar, sim senhora! Ele é por que me arrancas sorrisos, ele é porque me surpreendes, ele é porque sei lá mais o quê ... !!

bj grande

mocas

PS: também adoro Braga! Adoro! Aliás toda a zona, a cidade, a sé, o Bom Jesus, a Falperra ... a gastronomia, já foste ao "Victor"?

PS1: essa foto é fantástica. adorava ir a Roma no verão. e pensar que cancelámos a nossa lua de mel em itália ... (foi por motivos de força maior, pronto).

Ana disse...

Nunca fui a Roma, mas se um dia la for, nao posso deixar de ir a Fontana di Trevi e atirar umas moeditas.
E como quem nao tem cao, caca com gato, aqui, atiramos moedas para todas as fontes, ate nos centros comerciais.
O meu mal eh que mal atiro a moeda ja me esqueci do pedido.

Xuinha Foguetão disse...

:)

Adoro Braga.
Exactamente essa parte que tu gostas, a parte antiga sem trânsito.
Um cafézinho de saco na Brasileira.
Um parque infantil para tomar de assalto em cada esquina.
Um almoço ou jantar no balcão dos Silvas.
Hhhhuuummmmm! Que saudades!

A Roma quero ir e pela forma como descreveste vou tb adorar.

Beijos grandes Maggy

tomodoro disse...

Que saudades de Roma... Queria tanto voltar...

Sandokan disse...

Não vivo de pesadelos. Tenho sonhos como qualquer ser humano que procura a luz que nos guia. A vida envia-nos muitos sinais, basta estar atento e procurá-los à nossa volta.São muitos e enviados das mais diversas maneiras. Por isso sou um GUERREIRO LOBO, que mantendo a calma, sabe esperar e nunca ter medo.

Abri há pouco a janela
do meu quarto minguado,
entrou o vento
soprando forte
trazendo uma trova
e uma canção
com um refrão tão triste
que diz
que nunca mais te encontrarei.

Parti como um louco,
gemendo e chorando
e à tua porta bati.
Apareceste-me
bela e singela
com a tua leve candura
na face tinhas a lágrima da
desventura.

Soltei um grito de pânico,
que atravessou o oceano
e num rochedo fez eco
levado pelos anjos
que partiram para sempre.

Grito agudo e
lancinante
que transporto sempre no peito
deixando amargas liras
e a saudade de te ver.
Perdi-te meu AMOR.

Meus amigos e amigas: Aceitai o medo como que ele faça parte integrante das nossas vidas. Aceitai-o, mas não tenhais receio de AMAR. Aceitai especialmente o medo da mudança, mas saibamos caminhar sempre em frente apesar do bater do nosso coração nos lançar um grito lancinante como que a dizer: VOLTA PARA TRÁS!
As trevas da noite caem, mas a manhã volta de novo ainda mais brilhante.
Manteremos viva a nossa ESPERANÇA.

Com especial carinho para ti, dedico este meu poema.

Sou um GUERREIRO LOBO que habita as paragens das caçadas eternas do bosque da felicidade, o "nosso" :

http://lusoprosecontras.blogspot.com

Vinde até ele ouvir a minha história. É uma história de um Povo, e o Povo é simples como eu.

Deixo-te aqui, neste teu cantinho maravilhoso, um grande abraço de Amizade.

SANDOKAN