O problema da normalidade está aqui: na falta de vontade para escrever, justamente por achar que tudo é normal, que tudo está a seguir o seu rumo, por não espernear, nem gritar, nem protestar, por não destacar nada, por tudo parecer normal. Por não estar inquieta, por não me interrogar, por não correr atrás de nada.
Mesmo que o trabalho e as minhas secretárias tenham pilhas - literalmente - imensas de papéis, mesmo que esse trabalho me leve a sair e atrasar ainda mais as coisas. Até porque há o reverso da medalha: o não ter rotinas e ir parar a sítios assim calminhos - mesmo que prefira o mar!
Não protesto, não me queixo, porque não sinto vontade.
Mesmo quando sou confrontada com um assunto bem mais grave.
Quando aceitei ser madrinha da M. sabia bem a responsabilidade que isso implicava, sabia que aos padrinhos cabe ajudar os pais na educação de uma criança e, substitui-los em caso de necessidade. Sabia que, neste caso preciso, a tarefa não ia ser simples, presenti que o meu primo, pai dela, não estava muito empenhado na criação da filha, que ainda nem tinha nascido.
Ainda a M. não tinha nascido e já ele tinha deixado a mãe dela. Mau sinal, mas se não podia continuar a ser marido podia, pelo menos, ser pai. Mas não!
Achava que era minha obrigação lembrá-lo que tinha uma filha, mas nunca serviu de nada, e não demorei a perceber que nunca ia mudar e que era melhor não esperarmos por aquilo que nunca aconteceria.
A M. não tinha culpa de nada - nem sequer a mãe dela, diga-se em abono da verdade! - é uma criança linda e doce a quem sempre tentámos que não faltasse amor. Mas o amor de pai... esse nunca conheceu. E sabiamos que, mais cedo ou mais tarde, ela teria essa percepção.
Foi cedo, muito cedo!
Não me espantei que tivesse gritado na sua vózinha, trapalhona ainda, que não queria o pai; que gritasse e fugisse e soluçasse para lhe escapar e repetisse sem parar: O pai não! O pai não! Pai mau!
Não me admirei e achei que para ele era bem feito. Sabia que um dia havia de querer recuperar a filha com quem nunca se importou. Para ele foi bem feito. Mas não é para ela!
E entristece-me que, por muito que me preocupe com ela, que goste dela, que lhe dê atenção... não consiga nem sequer aliviar um bocadinho essa falta!
Mas daqui a pouco vamos fazer umas comprinhas, que ela bem merece, e eu também, que ter aqueles bracinhos à volta do meu pescoço é das melhores coisas da vida!
9 comentários:
Ainda bem que a pequenita tem pelo menos a madrinha que se preocupa com ela dado que com o pai, pelos vistos, ela não pode contar.
Infelizmente nem todos têm vocação para serem Pais mas ao menos deveriam assumir essa incapacidade afectiva e não procriarem !
Beijinhos grandes para ti e para a tua afilhada :)************
Graças a deus que a pequenina tem a madrinha que tem...
BJOKAS
Nem pensar!
Sou uma madrinha um bocadinho despistada! Na verdade, pergunto-me muitas vezes se estou a fazer as coisas como devem ser feitas.
Ela a que é um doce! :)
que chatice! eu bem disse lá no meu cantinho:
"Dá Deus nozes a quem não tem dentes!!!"
porquê?!??!
BJs
sê sincera ctigo e com ela.
nã tentes molda-la a tua imagem.
tenta acompanha-la tanto nos bons como nos maus momentos e no fim da viagem verás k a vossa relação terá ultrapassado o simples rótulo d "madrinha-afilhada".
resumindo e concluindo ... continua a fazer akilo k já fazes!
1 abraço rapariga
Há gajos muito anormais:)
Mas tens razão, a bebé é que vai sofrer, até porque esses "bois" um dia dá-lhes um ataque de consciencia e querem recuperar o tempo perdido.
Beijinhos
Só mais uma coisa, quanto à normalidade, tens toda a razão...é que quando as coisas estão mais ou menos tb n me apetece muito escrever, a não ser esta semana que estou estupidamente lúcida!
Há casos assim, conheço um bem de perto, mas tudo acabou por ficar bem, ele não é pai, mas é como se fosse.
beijinho grande!
:(
Realmente ela não tem culpa.
E pode ser q ele ganhe juízo e corra atrás do prejuizo.
Entretanto cabe-te um papel importante.
De continuares a adorar ter aqueles bracinhos à volta do teu pescoço.
Beijocas.
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