terça-feira, 31 de janeiro de 2006

Changes

Durante muito tempo não fui capaz de tocar no nome dele.
Durante muito tempo não fui sequer capaz de lidar com a ideia, com o que se tinha passado, com nada. Depois, fui sendo capaz disso tudo.

Muito tempo depois fui capaz de deitar fotografias, bilhetinhos, cartas... fora. Bom, confesso que sobreviveram umas poucas fotografias, uns poucos bilhetinhos e duas cartas, mas muito bem guardadas, porque nem sinto a necessidade de me desfazer deles, nem a de os voltar a ver.
Fiz isso já sem raiva, nem ressentimentos, nem dor. E lembro-me muito bem de me ter espantado com isso.
As últimas sms foram apagadas só este Verão, mas já não as revia há muito tempo.

Mas com o nome as coisas foram um nadinha mais complicadas. Fazia-me tremer pronuncia-lo ou ouvi-lo. Evita-o por todos os modos possíveis.
Em Maio, quando iniciei o outro trabalho, passei a ter um colega com o nome dele. Como conhecia a irmã dele, referia-me a ele como o irmão da I.
Mas quando falava com ele, tinha de o chamar pelo nome; quando as pessoas me falavam nele era pelo nome. E aquele nome deixou de me fazer estremecer.

Hoje, parece tudo tão longe, que chega a dar-me vontade de rir.
Não, o nome não me faz confusão nenhuma. Mas noto que a minha família e amigos próximos ainda o evitem, e são eles que estremecem se o pronunciam perto de mim.

Ontem, em conversa com uma amiga muito próxima, que acompanhou tudo de muito perto, que estava habituada a ter-nos na casa dela, que estava habituada à omnipresença dele na minha vida, ela acabou por pronunciar o nome dele, e ficou assustada a seguir.
Ela ainda se espanta com o facto de já não me importar nada com ele, com o que se passou entre nós, com o que podia não ter sido assim. Mas, finalmente, ficou tranquila, convencida que é, de facto, assunto do passado. E lá lhe saiu o nome dele, baixinho, a medo, de olhos baixos. Eu ri-me e disse-lhe que não me fazia diferença nenhuma.
Ela riu-se; eu ri-me.
E acabámos a conversa a rir e com ela a dizer: Era um homem bem bonito!
Pois era, e deve estar vivo ainda!
Mas acabámos a conversa com risos e a divertirmo-nos com o que, ainda não há muito tempo, era um fantasma.
O tempo não se limita a curar tudo; o tempo transforma tudo!

17 comentários:

Miguel disse...

É assim mesmo. Vá... pronuncia o nome dele em vão!

nuvem cor de rosa disse...

:)
que bom ler posts assim...

bjnhos quentinhos

Anónimo disse...

Fico muito feliz pela Margarida! Eu sou mais como diria Eríco Veríssimo: "O tempo passou. Dizem que o tempo é remédio para tudo. O tempo faz a gente esquecer. Há pessoas que esquecem depressa. Outras apenas fingem que não lembram mais." Um abraço da Guerreira

Piquinota disse...

É mesmo... felizmente o tempo tudo cura e tudo muda! E também ajuda a ver as coisas com uma outra clareza! Só não devemos esconder as coisas de nós próprias demasiado tempo... é tempo a mais para as ultrapassar.
Jinhos

Jolie disse...

É o que nos vale... por estes ou outros motivos!

Beijos

reborn disse...

Nem imaginas como fico feliz por ti e espero atingir esse estado :)

Beijinhos :)**************

Sara MM disse...

digo mais... o tempo faz milagres!!
Xiça, mas eu é que ainda tremo de te ouvir a ti falar nele...

BJss

Margarida Atheling disse...

Sarinha, se tivesses assistido à conversa, garanto-te que não tremias.
Tinhas era rido tanto quanto nós!
Chama-se a isto reciclagem! :)

Anónimo disse...

Tens razão! O tempo transforma tudo, apazigua dores ou ás vezes até as apaga completamente. Temos sempre de deixar o tempo passar... tudo passa! Bjocas.

Tamia disse...

Ainda bem!

Mocas disse...

O tempo transforma tudo, até nos transforma a nós.

Beijinho grande

mocas

Fico contente :)

Clara disse...

Sinais do Dr. Tempo!

Ainda bem que assim é.


:))

Vilma disse...

Margarida: gostei muito! "O tempo não só cura, como transforma" Registei!
:))))

Xuinha Foguetão disse...

Gostei Margarida!

Acaba tb por ser um incentivo para outras pessoas...

(obrigada) :)

Beijocas grandes.

InêsN disse...

que bom foi ler este post!! :o))

um beijo grande!!

Dulce disse...

O tempo torna tudo muito leve... e a nós também - por isso ainda um dia vamos aprender a voar!

sonia disse...

Tens toda a razão, não há nada que o tempo não cure.

beijinho querida!