fotografia daqui
Por [de]formação académica, mantenho um distanciamento em relação a acontecimentos que, não fazendo parte do presente, também não estão sufientemente longe para que as pessoas falem deles sem paixão. O martelar acerca do distanciamento, da isenção, do rigor nas afirmações, do a História é sempre escrita pelos vencedores, deram os seus frutos.
Sei que há o tempo dos acontecimentos, o da construção dos mitos, o da desconstrução dos mitos e, por fim, o tempo dos factos.
Não creio ser possível ter uma visão totalmente imparcial de acontecimentos históricos enquanto os seus intervenientes são vivos. Não o creio possível enquanto tivermos vencidos e vencedores, entre nós.
Por isto mesmo, tenho-me mantido relativamente afastada da questão do 25 de Abril (creio que um excelente contributo para a sua compreensão será este livro).
Sou a favor da democracia, é claro. Tenho as minhas convicções, fundamentadas em factos, mas essas, ainda assim, são pessoais. E não vou, por enquanto, mais longe do que isto.
Talvez por isso nunca tivesse dado atenção a uma canção, associada a esta data. Ouvia-a e reconhecia-a como a senha para o 25 de Abril. Classificada assim, sem mais.
Hoje ouvi-a. Acho que a ouvi pela primeira vez.
E não quero saber se foi senha do que quer que seja. Não quero contextualizá-la em coisa nenhuma, nem tempo nenhum, nem sítio nenhum.
Hoje ouvi-a, por acaso, num qualquer posto de rádio, quando voltava para cima, quando o carro deslizava sobre a Vasco da Gama, quando via as luzes de Lisboa a aproximar-se, quando a testa se encostava ao vidro da janela, quando o cansaço pesava.
Hoje ouvi-a e fiquei presa na letra.
Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder
Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci
E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós
12 comentários:
Meu Deus, que letra!! Fiquei presa a ela!
Nem conhecia!!
Obrigada!!!
Jinhos
a letra, escrita ganhou um outro significado...
25 de abril, pelo que o desconhecimento da piquinota, há que fazer algo como diz o cavaco, talvez...
dia da liberdade... até dos monstros...
sabes, que eu nutro simpatia por margaridas, logo envio-te um branco de olhos azuis, faz toda a noite "uuuuuu", aliás, está rouco, se o quiserse tens que lhe dar pastilhas para a garganta, euphion, só te envio se cuidares dele, vale?
abrazo em liberdade, não libertino, embora... yayayaay
até já,
Piquinota: eu conhecia. todos os anos a ouvia sem a "ouvir" de facto. hoje foi diferente! e fiquei conquistada! :)
Mixtu: é, não é? escrita ganha outra força!
vale! manda lá então o monstrinho, que deve ser um amor de criatura! ;)
um abraço também para ti!
É simplesmente linda, a letra, de facto.
Margarida: acho que o link para o livro não funciona.
A letra é, de facto muito bonita.
Mas eu sei quem sou e ainda melhor o que faço aqui: Vim ler-te!
Sabes que ainda me lembro de ver o Paulo de Carvalho a cantar essa cancao no festival da Eurovisao?
Claro que naquela altura nao sabia nada de politica,(ainda hoje nao sei).
Eh sem duvida uma cancao que ficou na historia.
Já conhecia (naturalmente) a canção. Foi uma descoberta como a tua, mas num programa de TV (ídolos?)em que um miúdo a cantou tão bem. Apaixonei-me e pesquisei, já a sabia associada ao 'sinal' do 25 de Abril. Mas não é só a letra, é tb a musica: grandiosa.
Fica tão diferente.
Uma coisa é lê-la outra é ouvi-la.
Bonita a letra.
Beijos Maggy
Tantas e tantas vezes a ouvi sem na realidade a escutar!
Hoje quando a ouço, acho a letra linda!
E assim, escrita, ainda mais!
Parabéns Margarida! :D:D:D
E cheira-me que não ficas apenas por este ... hehehehehe
Olha, tinha aqui escrito muita coisa, mas apaguei e vou resumir assim:
Excelente post! Em todos os sentidos!
Beijinho Grande Colega ;)
Mocas
essa canção é magnífica...por tudo!
Também foi uma decoberta para mim, já há algum tempo! Que eu me confesso uma apaixonada por letras de músicas. :)
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