Ontem, depois de ter dado por terminado o dia de trabalho (sim! dia de trabalho!), precisei de falar com uma pessoa numa povoação dos arredores de Lisboa.
Um lugar que não conhecia, sede de uma freguesia. Sítio pequenino e aconchegado, com as casas arrumadas em duas encostas tão verdejantes quanto íngremes. Uma Sintra pequenina!
Dei asas a esta minha mania, que se tem manifestado últimamente, para deambular, e resolvi conhecer algumas dessas poucas ruas.
Fui andando ao acaso por ruas estreitas e curvas. Não existem passeios e as casas, na sua maioria cor-de-rosa com portadas de madeira verdes, apertam-se umas contra as outras.
Numa dessas ruas, a seguir a uma curva, deparei-me, bem à minha frente, com uma casa grande e abandonada.
Era defendida por um muro baixo, encimado por um gradeamento de ferro forjado. Tinha um pequeno portão aberto e, lá dentro, no pátio, ainda crescia uma roseira enorme que avança pelo espaço disponível de uma forma desordenada.
A porta estava aberta. As janelas dos dois andares estavam umas abertas e outras já arrancadas. Viam-se os tectos de estuque trabalhado e um painel de azuleijos azuis e irregulares dizia: "Vivenda Margarida".
Era linda!
Num instante já a via habitada por personagens do Lord Byron ou do Eça. Mulheres delicadas e leves, de cintura fina e vestidos claros. Apaixonadas por homens gentis e sensíveis.
Já ouvia o barulho das caudas dos vestidos e os risos dos apaixonados.
Tudo isto numa fracção de segundos, sem que tivesse sequer parado.
Entretanto, aproxima-se um carro branco conduzido por um jovem homem, português típico que, provavemente por não me conhecer dali, ou porque acha que é sua obrigação de homem, ao passar profere um gracioso piropo.
E lá acordei desse sonho tão breve e desci à terra.
Mas também... onde é que eu ando com a cabeça?
3 comentários:
e essa descida à terra, não causou uma forte queda?!
;)
Uma fortíssima queda!
Quem muito alto sobe...
Não, Sofia. Acho que não, porque não tinha nehuma indicação. Mas eu também não a compraria!
Ó Someone! Olha o exagero!
Já tenho saudades de te ler a ti!
Bjs!
Que desagradávle esse homem, que acabou com o teu sonho!
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