terça-feira, 29 de março de 2005

Em conclusão

A propósito de uma questão levantada ontem pela Sara, num comentário ao meu suspirante post de ontem, resolvi, até para arrumar mentalmente este assunto, rever o que aconteceu.

Percebi, num dia preciso que nunca conseguiria dividir a minha vida com o V.
Conhecia-o há uns três anos, mas apenas de uma perpectiva. Dávamo-nos muito bem, apesar de termos personalidades muito diferentes, ele não podia ser mais atencioso, mas... o ser humano é muito complexo. Somos compostos de muitos aspectos, eu conhecia, afinal, muito pouco dele. E não estava apaixonada.
Sentia carinho e estava encantada por ser alvo de tanto afecto, atenção e até de sedução. Até tinha passado por acontecimentos muito traumatizantes, estava carente... Afinal era isto!
Continuo a sentir carinho por ele. Mais do que antes. Muito mais!
Adorava continuar a tê-lo como meu amigo. Mais do que antes!

Depois desse dia, em que me apeteceu, de repente, virar as costas e fugir, não agi logo. Resolvi evitá-lo durantes uns dias, com justificações aceitáveis, até estar certa de que não estava a agir por impulso. Quis ter a certeza do que realmente sentia.
Percebi que era mesmo isso: não sentia amor por ele, não acredito que alguma vez viesse a senti-lo, e tenho a certeza de que não era capaz de dividir a minha vida com ele.

Como era de esperar, o V. começou a insistir comigo. Pretendia continuar as coisas como até esse dia. Eu fui evitando. Ele devia ter percebido.
Depois de ter encarado o que sentia, hesitei um bocadinho, à procura da melhor maneira de falar com ele. Não queria magoá-lo. Mas também não queria viver numa mentira, por mim e por ele.

Tentei falar com o V.. Tentei ter um conversa longa, calma e civilizada. Tentei explicar-lhe isto mesmo. Queria fazê-lo entender que nunca resultaria, mas que éramos amigos e que deviamos continuar a sê-lo. Mais do que nunca! Porque o afecto, esse tinha crescido.
Mas foi impossível!
Que as coisas não podiam continuar ele já tinha percebido pelas minhas evasivas. Não queria saber mais. Bastava-lhe. Baixou a cabeça, quis ir embora!
Não ripostou, não quis ouvir. Nada!
Baixou a cabeça, como que vencido e foi-se embora. Até hoje.
Não voltámos a falar. Nem uma mensagem de "Boa Páscoa"!
Éramos amigos... se calhar devia tentar voltar a falar com ele. Ou talvez não. Talvez seja melhor esperar que ele ganhe resistência, que digira as coisas, que consiga voltar a falar comigo.

Seja como for resta-me a paz de ter sido sempre verdadeira com ele e comigo. Nunca lhe prometi nada, nunca fingi, ele sempre soube o que eu sentia.
Fui franca com ele. Estimo-o e respeito-o muito. Sinto muito que ele sofra mas, nestes assuntos, parece que não há mesmo volta a dar; quando as coisas terminam pelo menos um dos envolvidos sai um bocadinho magoado - sei que nisto estou a ser egoista, mas sinto alívio por, desta vez, não ter sido eu.
Sinto-me triste por esta não ter sido uma história de final feliz, mas o tempo cura tudo, e a única coisa de que posso ser acusada por ele é de não o amar. Mas disso não tenho culpa.
Sabendo muito bem que estou longe de ser perfeita tenho, neste caso, a consciência completamente tranquila de ter sempre sido sempre respeitadora e verdadeira. Acho que era o melhor que podia ter-lhe dado. E a mim também; não há nada como a paz de espírito!

6 comentários:

Vilma disse...

Melhor que o tempo, o amor cura tudo... e ele encontrará esse amor.

Emma disse...

Que bom sentires-te bem contigo própria. O V. recuperará, tenho a certeza, e quando isso acontecer vai agradecer-te a sinceridade.

Sara MM disse...

Olá Margarida!
Foste uma querida em ter respondido logo logo à minha/nossa curiosidade... é que estava(mos) mesmo a torcer por ti e precisáva(mos) de saber se teria havido um final feliz...

Mas sabes, tal como nos filmes, muitas vezes os finais felizes nem são os melhores... ou seja, muitos dos filmes que mais me marcaram foram precisamente os que não têm final feliz...
Isto pode parecer um pouco estranho, pois o que mais gosto na vida é ser feliz... e torço sempre para que as minhas amigas (incluindo as "blomigas") sejam felizes...

MAS, o que quero com isto dizer é que o que te aconteceu foi muito bom, por teres agido o melhor possível e porque vos vai marcar concerteza, já que depois de passar o maior choque, vão recordar com imensa intensidade e carinho todas as coisas boas que se passaram enre vós (e os posts no teu Blog são testemunha disso!).

É claro que, no fundo no fundo, não há muito a dizer nem fazer... o amor não é racional nem escolhido por nós, nem pelos outros... e é mesmo verdade que até foi uma sorte - e não egoísmo -não seres tu a mais lesada desta vez!

Apenas não deixes que a reacção do V. - fugir, baixar a cabeça, não querer ouvir nem falar... - te deixe más recordações, pois isso fará com que mais cedo ou mais tarde a amizade se perca, e (ao contrário do amor) as amizadas podem (mais ou menos!) ser escolhidass e conservadas racionalmente, né?
Não se pode julgar alguém que esteja no pico da infelicidade... Nem ele se pode controlar ou julgar a si próprio... Cada um tem o seu modo de lidar com a tristeza e desgosto (principalmnet o desgosto amoroso) e por muito incrível que seja, essa será a sua estratégia de sobrevivência...

Beijinhos e desculpa o textão.. mas está proporcional ao teu ;o)

BJS

gracinha, a artista do burlesco disse...

Margarida
Já tinha lido o teu post anterior relativo a este assunto, mas agora decidi dizer qualquer coisa.
Acho que és uma mulher muito corajosa e admiro-te muito por isso.
Há sempre um 'luto' a fazer. Se a amizade permanecer, logo serás recompensada.
Um beijo enorme e um grande abraço
Gracinha

gracinha, a artista do burlesco disse...

Margarida
Já tinha lido o teu post anterior relativo a este assunto, mas agora decidi dizer qualquer coisa.
Acho que és uma mulher muito corajosa e admiro-te muito por isso.
Há sempre um 'luto' a fazer. Se a amizade permanecer, logo serás recompensada.
Um beijo enorme e um grande abraço
Gracinha

André Parente disse...

And the show must go on... Dizem que sim, que o tempo cura tudo. Eu paguei para ver! Ainda que ao longe, parece-me que tiveste a atitude correcta. Contigo e com ele. Bem jogado!