Visto o roupão a correr, ao sair do banho, ainda a tempo de pegar no telefone antes de parar de tocar.
Era a S., acelerada como quase sempre. Se queria sair um bocadinho à tarde.
Não, não posso. Vou para os anos de um primo. Este fim-de-semana foi dedicado a aniversários de familiares.
Conta-me com a indignação que se lia na voz, e que se imaginava ver na expressão:
- ...disse-me que tinha feito falta! Vê lá!! Que lata! Quem é que ele julga que é para dizer que eu fiz falta?!
Ri-me. Ri-me sinceramente. E nitidamente mais alto do que devia, porque ela queixou-se do facto de eu estar a rir de um assunto sério.
Ri-me da irritação dela, da quase sensação de ofensa com que ficou. Ri-me porque já a ouvi lamentar-se do contrário, de não ouvir nada de semelhante, mas dito por outra pessoa, diga-se.
Ri-me porque me vi, mentalmente, a fazer o mesmo. Porque sim, porque fiz, porque com toda a propabilidade voltarei a fazer.
Ri-me porque -não há volta a dar! - nós, mulheres, somos mesmo umas criaturas curiosas: podemos andar a lamentarmo-nos por não ouvir nada com um conteúdo semelhante, porque sim, porque nos faz falta, porque nos aplaca, porque nos aconchega, porque nos equilibra, porque nos dá paz e até... porque nos faz bem, em suma. Mas se é dito por alguém a quem não demos o direito de o dizer... está tudo estragado. Irritamo-nos, achamo-lo presunçoso, inconveniente e coisas afins. E a pobre criatura está cheio de sorte se sair da situação sem ser insultado.
Pobres homens, não devem ter noção do risco que correm ao dizer qualquer coisa deste tipo. Mas, por outro lado, também não devem saber o risco que correm se não o disserem. Pobres homens, indeed!
16 comentários:
homens!!! Está tudo dito lol
Indeed mesmo.
Cá em casa costumam-me dizer q se é preso por ter cão e por não ter...!
Não é bem verdade, depende é dos dias e, das situações... :op
Aos homens (a alguns, quase todos) falta-lhes aquela quase intuição que nos faz saber quando falar, quando calar... e depois, arriscam, e saem-se mal!
beijinhos
eu diria mais: mulheres!
:p
beijos!
é como diz a Leonor, aprendam a falar quando devem e a calar quando é preciso. Não teno pena nenhuma deles.
Eu sei que estou vou correr um risco por dizer isto, mesmo assim, cá vai:
(Pensando melhor, acho que não digo, ainda sou insultado aqui neste canto feminino!)
.?.?.?.?.?.?
Digo? não digo? eis a questão!
Olhem, se quiserem que eu diga perguntem-me, ok? Não custa assim tanto e ficamos todos contentes.
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A complexidade feminina é algo de ílegivel para os homens. Na maioria das vezes, as senhoras gostam que assim seja.
Miguel, diga diga. Para mim são os homens que são completamente ilegíveis, talvez me ensine alguma coisa.
Ok Clara, eu digo:
Nunca nos fascinamos por algo de completamente previsível.
A orientação do ser heterossexual, é exactamente essa: O fascínio pelo desconhecido, por oposição ao sensaborão "já sabia que ias dizer isso" que na maioria dos casos nos acontece com os seres do mesmo sexo.
Atribuem-se a meu ver erradamente e de uma forma estereotipada, determinadas características a cada sexo. É este pensamento que leva aos casos comuns como o agora relatado pela Margarida.
Se pensarmos bem, não acontece com toda a gente, mas com a maioria: Porque? - Exactamente porque cada ser tem as suas características e nem os homens nem as mulheres são todos/as iguais. Isto para além de sustentar a argumentação homossexual, deixa espaço para o parêntesis da Leonor " (a alguns, quase todos) " que se peca por alguma coisa é exactamente por estar entre parêntesis.
Assim, o ser humano, com as suas falhas e carências precisa de outro/os (dependendo do que estamos a falar) que o entenda. Quando não é esse o caso, (e deveria ser sempre) nada como uma conversa para explicar aquilo que precisamos. Não falar sobre as coisas, ficando pela crítica silenciosa, nada resolve.
Quanto ao resto, todos achamos piada às diferenças e como se diz agora "a guerra dos sexos, não tem vencedor pois existe demasiada convivência entre os dois beligerantes"
Pronto, batam-me agora!
;-)
bater? Como, se concordo quase inteiramente consigo? Só não concordo na parte da homossexualidade porque está exactamente a tipificar os géneros. Estou-me sempre a queixar interiormente de ser tão raro encontrar um homem que sendo heterossxual consiga ter conversas para além do trivial. Aborrece-me profundamente a superficialidade com que a maioria dos homens reveste as suas conversas, como se falar de emoções fosse uma coisa de mulheres (e não de pessoas).
Coitados dos homens sao mesmo uns infelizes!!!
PS - Nao tenho nem um bocadinho de pena deles!!
Bom... bom... depois de ter lido o post e (tão acessos) comentários, resumo a minha opinião a 2 frases copiadas:
Aos homens (a alguns, quase todos) falta-lhes aquela quase intuição que nos faz saber quando falar, quando calar by Leonor, sim... é um facto! Alguns realmente pecam por não terem esta noção!!! Mas... A complexidade feminina é algo de ílegivel para os homens. Na maioria das vezes, as senhoras gostam que assim seja. by Miguel. É verdade!!!:P Não gostamos muito de assumir, mas às vezes esta complexidade serve-nos de desculpa, de fuga...
Enfim, quem nos entender que nos compre!:)
Jinhos
Tu estás muito fresquinha! Ris-te, estás bem disposta e paciente. Estás mesmo fresquinha e eu tenho uma teoria que diz que a ti não te têm dito coisas que te desagradem nem faltado com o que tu queres ouvir. E lá estou eu com a minha psicologia de algibeira! :-)
Interessante troca de opiniões que por aqui vai. Concordo com o Miguel. A perpectiva masculina é sempre importante.
Mas o comentário da Leonor é lapidar!
Estavas a brincar quando escreveste o post não estavas!? Pois tornou-se sério. :-)
Beijos
Catarina
Ora ainda bem que a maioria encontrou pontos em comum.
Falta-me referir mais um´que já aqui foi dito mais do que uma vez: "Não tenho pena deles".
Eu também não.
Mas já agora "pena"?!!!
Quem foi o homem que se queixou?
Não falar de emoções, evitar ir para além do superficial, é uma característica dos emocionalmente cobardes. Homens ou mulheres.
É exctamente isso que eu acho, Miguel, e detesto cobardias.
anónima Catarina, como se chama o teu avô? É Alberto?
A Catarina tem razão numa coisa: escrevi o post a brincar. Não porque não seja real, porque é. Mas porque me deu vontade de rir, de rir mais ainda do que quando estava ao telefone com a S.; de rir dela, de rir de mim e da lembrança de cada cena daquelas, de rir... enfim.
Porque às vezes, temos momentos na vida, em que conseguimos algum distânciamento até de nós mesmos e das coisas que costumam atormentar-nos.
Apetecia-me rir, é tão simples quanto isso.
Pelos vistos a discussão tornou-se séria e construtiva. :)
Concordo mesmo com quase tudo o que foi dito. Mas a frase da Leonor é, realmente lapidar! :)
A opinião do Miguel tem sempre muito de pertinente. E, ainda por cima, é um testemunho, do "outro lado".
Mas, Miguel, quem foi o homem que se queixou?! Tantos, Miguel! Tantos!
Clara, enquanto a Catarina não responde, respondo-te eu: chama-se João, do lado desse apelido que também usas. Eu explico-te essas coisas por mail, que é melhor.
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