terça-feira, 6 de dezembro de 2005

Conselhos

Resolvo - ou sou obrigada a fazer serão - e fico a trabalhar até tarde, depois de um dia cheio.
Pouco depois das nove da noite toca o telemóvel. Era a I. que precisava de falar comigo. E tinha que ser naquela altura.

- Pois I., mas é que não estou em casa. Estou a trabalhar.

- Eu vou ter contigo! Onde é que estás!

E lá vai ela!
Telefona-me quando chega e comenta que existem muitas luzes acesas naquele piso. Claro! Não sou só eu a ficar "presa" com estas coisas!
Senta-se e noto-a quase ofegante.

- Diz lá! O que é que aconteceu assim de tão importante?!

- Esqueci o A.! De vez!

Devo ter feito cara incrédula, ou coisa do género, porque ela insistiu:

- A sério! Esqueci mesmo! Não quero mais saber dele! Que alívio!

E aqui, enquanto me perguntava a mim mesma porquê que me escolhem para confidências e conselhos, logo a mim que, pelos vistos não acerto com o que devo fazer da minha própria vida e me sinto, neste momento, assim como quando somos enrolados por uma onda e ficamos um bocadinho sem saber para que lado ficam as coisas e a certificarmo-nos de que não perdemos nenhuma peça de roupa e a endireitar o cabelo, e...
Ora bolas, porquê eu?!
Sim, aqui devia ter ficado calada, mas não fiquei!

- Olha lá, I. Tu acreditas mesmo no que me estás a dizer?!
Achas que se isso fosse verdade, uma verdade consistente e duradoura, tu virias a correr contar-me isso?
Não vinhas nada!
Lembras-te de quantas vezes eu fiz isso e estava enganada?!
Quando isso acontece, quando esquecemos a sério - bom... esquecer, nunca esquecemos! - mas quando nos curamos a sério nem damos por isso! Não reparamos, não comentamos... nem sabemos! Um dia reparamos que já foi!

Ela olhava para mim com ar de quem não acreditava no que ouvia. E eu devia ter-me calado. Mas não.

- E olha que isso demora tempo. É um caminho que cada um tem de fazer por si; é penoso, é lento e não há receitas!
Sabes muito bem que sei do que estou a falar! Sabes que aprendi por mim!
Não te iludas! Não o esqueceste nada!

Realmente, se calhar não fui boa amiga. Às vezes não sei se a amizade exige verdade ou tacto. Paciência, venceu a verdade. Mas acho que, se calhar, não ajudei nada!
Ai!!! Espero que não me peçam conselhos nos próximos 500 anos!

13 comentários:

Anónimo disse...

Foi a atitude certa. Qd somos realmente amigos de alguém devemos dizer o q realmente achamos, sobretudo em assuntos em q temos experiência. Tentando sempre não magoar, claro! A Margarida pode estar num "mar em reboliço", mas, tal como conseguiu superar outros momentos penosos, verá q em pouco tempo tudo estará no devido lugar. Suavemente, quase sem se aperceber... Abraço da Guerreira

maria disse...

Eu, a tal que vai tentar ser ponderada e menos impulsiva, e portanto, a minha opinião vale o que vale acho que fizeste lindamente. Aos amigos, pelos menos a esse, eu exigo a verdade. E digo-a e nisso não quero ser ponderada!.

Clara disse...

Somos parecidas.

Nem sempre me sai a verdade, a vida tem-me ensinado que o silêncio vale ouro.

As pessoas não gostam de frontalidade, fazer o quê...

Afinal, só damos a nossa opinião, se se acata ou não, já não depende de nós.

Eu acho q fizeste bem.

beijos

Anónimo disse...

Eu tenho a sorte de te ter por amiga e a sorte de sempre ter recebido bons conselhos vindos de ti. És sensata, boa ouvinte, amiga e um coração de ouro! Sorte a minha!

Quando à "onda" essa é das pequeninas, não é!? Não te causa grande dano. Não é daquelas que metem medo. E tu nem tens medo de ondas!

Catarina

Anónimo disse...

Acho que tiveste uma atitude acertada, dizeste aquilo que pensavas. A verdade tem de ser dita, a amizade é mesmo assim. Há que aceitar os conselhos bons e os maus.
Bejokas

Margarida Atheling disse...

É Catarina, é das pequeninas!
Não é daquelas em que dá tempo para pensarmos se vamos partir alguma coisa, ou até se vamos sair dali vivas. Não é dessas.
Nem é bem uma onda, são mais salpicos, muitos salpicos, feitos de muitos assuntos diferentes que acabam por destabilizar. Tu sabes! É só uma desarrumação mental! Estou a precisar de férias! Outra vez!

Sara MM disse...

Como te compreendo.. ser sincera é sempre mais forte que nós, né?
Mas se calahar até foi melhor para ela...
BJs

Miguel disse...

Ser amigo é ajudar. Foi o que fizeste. Dás-me um conselho?

Vilma disse...

Um amigo verdadeiro muitas das vezes, cura com uma bofetada! foi o que fizeste...mas uma bofetada de amor! Porque muitas vezes é necessário! Foste realista e sincera! Tomara muitos amigos terem assim a tua coragem e frontalidade! Gostei ...! :))

Margarida Atheling disse...

Claro que dou Miguel!
O seguinte: não me peçam conselhos! ;)

Mãe Pipoca disse...

Acho que fizeste muito bem. E embora ela possa não o entender assim neste momento, quando o esquecer mesmo vai perceber. E os bons amigos, aqueles de verdade mesmo, não estão connosco só para nos passarem a mão pela cabeça e concordarem sempre, às vezes estão para nos dar um abanão e fazer encarar as coisas!
Beijocas grandes

Anabela disse...

De certeza que o que disseste não era o que ela esperava (ou queria) ouvir. Mas acho que fizeste bem. Os amigos são para isto mesmo.
Beijinhos

Anónimo disse...

Eu também costumo responder com a verdade mesmo quando a verdade dói e às vezes acho que é bom pois toda a gente diz o que a outra quer ouvir e ela e os outros vão-se enganando.
Acho que o que escrevi está confuso mas penso que me entendes.
Bjs