quarta-feira, 2 de novembro de 2005

Uma questão de confiança

Cerca de 80% das vezes que ouço tocar o telemóvel de uma amiga recente, é o namorado dela. Com uma questão rápida e simples: Onde é que estás?

Uma sms pareceu esgotar-lhe a paciência. O texto dizia: Não consigo confiar numa mulher de quem não sei de metade dos sítios onde vai nem com metade das pessoas com que está.

Sei bem que ele não tem a mínima razão para inseguranças, e também sei que ele sabe muitíssimo de cada passo da vida dela.
Sabe o segundo em que vai trabalhar, o segundo em que sai, o segundo em que entra em casa... Ela informa-o de tudo. São telefonemas e telefonemas diários, apenas com informações destas.

Custou-me vê-la assim. Cansada, já sem saber o que fazer mais.
Bem sei que é verdade que este trabalho nos obriga a sair muito, que falamos com muita gente, que muitos de nós o começámos um bocadinho descrentes e que agora gostamos muito do que fazemos, que esta manhã saí a pensar que ia para Alcobaça e que, afinal, fui para o Bombarral, que foi levantada a possibilidade de ser necessário ir a Silves, que almocei num sítio inesperado e que à tarde estava, afinal, ainda noutro local diferente. E é verdade que eu gosto disso e que ela também. Mas ele não tem qualquer razão para inseguranças.

Disse-lhe que se ele soubesse tudo, mas mesmo tudo o que ela faz, também não confiava nela. Sabia o que fazia, mas não confiava.
Confiar não é saber tudo o que a outra pessoa faz. É precisamente o contrário. É não saber, não fazer a mínima ideia e, mesmo assim, acreditar que não estará a fazer nada que nos atinja.

Confiar, é não saber, mas acreditar no outro; assim como gostar não é compreender.
Durante muito tempo também eu não reparei nestas nuances. Também eu procurei controlar e analisar ao milímetro as pessoas de quem gostava mais.

Hoje não o faço. Mas é um hoje muito recente. Muito recente mesmo. Na verdade, só hoje percebi a alteração e até acho que consigo datá-la. Mas ainda bem que aconteceu! Porque sou eu quem mais ganha com isso!

13 comentários:

Anónimo disse...

É isso mesmo, confiar é não saber nem querer saber porque sabemos que podemos confiar.
Conheço demasiadas pessoas como o namorado da tua amiga que afinal não confiavam na outra pessoa porque não confiavam neles mesmos!
Beijinhos

Anónimo disse...

Adorei o teu post. Confiar é isso mesmo. Nisso acho que tenho sorte porque sempre pensei assim.

Quando voltei para Portugal houve alguém (muito maldoso, diga-se de passagem) que me disse "agora ainda vais ficar a namorar com ele (o meu marido)? É que ele vai estar lá e tu cá, ele ainda arranja outra pessoa". Ao que eu pensei mas por respeito nem me dei ao trabalho de lhe responder nada: "a tua filha também deixou o namorado aqui durante um ano. Que garantia há de que ele lhe foi fiel? Só porque o país é o mesmo? Há tantas pessoas que são casadas e cujos conjuges as traem com vizinhos e até familiares!"...

O que eu me apercebi há pouco tempo é que as pessoas pensam dos outros aquilo que elas próprias são. Assim, se o seu coração estiver cheio de maldade só conseguirão ver nos outros a maldade.

E é por isso que concordo contigo, confiar é acreditar no outro e esperar dele o seu melhor.

Beijinhos!

Anónimo disse...

Parabéns Margarida pela tua pequena (grande) conquista. "O essencial é invisível aos olhos.." Beijinho da Guerreira

nelsonmateus disse...

margarida:
então? e k tal te estas a sair com essa mudança? jocas :)

guerreira:
alguém anda a ler "o princepezinho" ou ficou marcado por ele! ;)

Xuinha Foguetão disse...

Não é vida!
Mais cedo ou mais tarde ela não vai aguentar.
:(
O controlo e a desconfiança estragam qq relação.
Acho que em algumas situações, a desconfiança mostra falta de confiança em nós próprios...

Beijocas.

Margarida Atheling disse...

Estou a sentir-me muito bem!
Não é receita mágica para nada. As coisas não correm pior nem melhor por isso, não ficamos imunes a desilusões ou enganos. Simplesmente, vive-se melhor assim!
Mas não estou a referir-me a uma pessoa em concreto,nem a um tipo de relações, estou a generalizar, propositadamente.

nelsonmateus disse...

BINGO!

Oumun disse...

É isso mesmo, mais palavras para quê....

beijocas

Clara disse...

Pst! O post acima não permite comentários! Porque será?
Faz o que o teu coração te mandar, num impulso, sem pensar...
Beijos

Anónimo disse...

Boa!!!
Então e não te deixas ser frágil porquê? Em nome de quê ou de quem?
Com aquele Deus... até eu queria ser frágil naqueles braços! É que não lhe falta NADA! Palerma! Aproveita, deixa-te levar!

Olha lá, o Pedro diz que precisa mesmo de falar contigo e que não lhe antendeste o telefone, e que se fartou de tentar falar-te ontem à noite. Acho que te mandou um mail com umas coisas que eram precisas.
Espera lá... O que é que estavas a fazer ontem à noite!?

Catarina

Sara MM disse...

Ah pois ganhas :o)

BJs
PS- é de propósito que não deixas comentar o facto de ter teres deixado ser/parecer frágil ??? :o)

HOPE disse...

Muitas vezes as melhores decisões são tomadas sem pensarmos. Quanto à confiança não podiamos estar mais de acordo!

André Parente disse...

Nem mais! Mas acreditem quando vos digo que "ele" (o desconfiado) sofre duas vezes mais que "ela" (de quem ele desconfia). E, no fim, acaba sempre a perder. E sofre outra vez!