Ontem, enquanto a laringite me obrigou a ficar na cama, lembrei-me de um artigo que tinha lido há tempo mas que, tanto pelo momento como como conteúdo, me marcou muito.
Levantei-me fui buscar a revista que, apesar de ter quase um ano, sabia onde estava, e resolvi que hoje não ía falar de mim - ou talvez vá! -, hoje vou deixar aqui um texto dedicado a todas as mães, futuras mães, àquelas que nem pensaram ainda em ser mães... e também aos pais. Mas sobretudo às mães que perderam filhos. Porque há coisas que devem ser ditas e eu nunca ouvia ninguém dizer melhor!
Mas sem tristezas; com um sorrisso cheio dessa... Luz!
Meninos de Luz
Dizem que são as crianças quem escolhe os pais.
Dizem que são pequenos seres de luz que andam pelos céus, a flutuar pelo ar à nossa volta e que observam formas de narizes, avaliam a honestidade dos sorrisos, analisam as intenções de cada olhar ou a forma de uma mão, para finalmente dizerem, na sua linguagem mágica e incompreensível: "Este sim, esta não, este talvez me faça crescer".
Eu acredito nisso. E talvez por isso mesmo tenho pena dos homens.
A força de uma criança na barriga é simplesmente o poder da luz a crescer cá dentro.
Nós sentimo-la desde o primeiro dia.
Uma mulher sabe quando a luz resolveu escolhê-la.
Fazemos amor muitas vezes.
Mas um dia chaga em que aquele acto de amor foi realmente diferente. Por isso damos por nós a chorar. De alegria. Porque sabemos que ela já cá está.
A primeira vez que a luz acontece a uma mulher ela percebe que existem sensações inenarráveis. Aprende o prazer de guardar um segredo precioso. O gozo da surpresa dos outros quando ela já sabia há tanto tempo.
Esta luz estica, abana, dá beleza ou abafa-a egoisticamente só para si. Provoca-nos enjôos, embate contra nós às horas mais disparatadas do dia e da noite, afasta-se suavemente quando pressente que fazemos amor com aquele que ela escolheu para seu ser seu pai.
Quando uma criança nasce e é colocada sobre a mãe, a pele serve de veiculo condutor dessa força que nos electriliza mais uma vez e daí para o resto da vida.
Não é por acaso que as crianças vêem anjos, dizem coisas extraordinárias ou nos confortam em certos momentos como se fossem almas velhas e sabedoras. É que são mesmo.
Eu já perdi uma luz, uma vez.
E foi assim mesmo.
Como se me apagassem por dentro.
Logo eu, que tenho tanto medo do escuro.
"Meninos de Luz", texto de Alexandra Quadros, in Egoísta, nº18, Março de 2004
9 comentários:
Magnífico texto. Apetece guardá-lo para mim...
Obrigada por teres partilhado connosco esse momento de grande beleza.
Beijocas e votos de melhoras rápidas (eu tb estou a recuperar de uma crise dessas... )
Olá Margarida, quero desejar-te as melhoras e obrigado pelo texto! Adorei! Gosto de ser mulher...
Rita (http://asminhascamelices.blogs.sapo.pt)
Tão lindo... não consigo dizer mais nada.
Sofia (Coimbra)
Lindo, Margarida... Lindo!! Até aquece a alma ler-te, mulher. Um beijinho grande e as melhoras completas dessa coisa que te atirou a cama. Abraços apertados.
*** Ciranda
Gostava mesmo de ter sido eu a escrever este textinho lindo!
Muito bonito, este texto!
ola' linda!
Fiquei impressionada...
Obrigada por partilhares connosco esta pequena maravilha!
Muita força para todas as mulheres que lutam nesta busca!!
beijos a todas e um especial para ti!
bj
espero que já tenhas mandado esse virus dar uma volta :)
beijinhos
t&v
ola' Maragrida!
Andas desaparecida?
muitos beijos, volta logo com os teus carinhos!
bj
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