Uma amiga disse-me, há pouco tempo, durante uma conversa de meninas, que um dos parâmetros que nos permitiam perceber o quanto gostamos de alguém é o que ela chama de parâmetro das torradinhas.
Diz ela que, normalmente, não temos gosto nenhum em andar a fazer cházinhos, aquecer leitinho e fazer torradinhas para outras pessoas. Afinal que gosto pode dar-nos termos trabalho?!
Mas quanto gostamos, isso transforma-se, e passamos a apreciar fazer essas coisas.
Segundo ela, quando ainda mais do que o gosto, é uma compulsão que sentimos para fazer cházinhos em caso de constipação, aquecer copinhos (ou canecas) de leite, e fazer torradinhas só porque sim, então é porque gostamos mesmo dessa pessoa.
Na minha família mais próxima, criou-se a crença que eu tinha uma espécie de talento - mais uma inerência - de fazer cházinhos e zelar pela toma dos medicamentos, quando alguém está doente.
Criou-se essa ideia e é verdade que, se ninguém o fizer, eu faço porque acho que tem de - deve - ser feito. Mas se a minha Tia-avó M., que me fazia isso a mim, e passava horas seguidas à minha cabeceira quando eu tinha qualquer coisinha, já não está entre nós e se, desde essa altura, ninguém (no núcleo familiar de sangue) demonstra o mais pequeno cuidado, ou mesmo interesse, comigo nesse sentido, porquê que eu hei-de andar a orbitar em volta de alguém que não tem mais do que uma pequenina gripe? Porquê que hei-de ser eu a preocupar-me com os horários dos medicamentos (sem importância, no caso) e ter de os dar à boquinha da pessoa, e fazer cházinhos, e aquecer água para beber, e baixar o nível do termómetro, e ser eu a ver a temperatura que marca, e ser chamanda por tudo e por nada? Porquê?? E tudo isto sem nem um obrigado?! E tudo isto num tom, como se não fizesse mais do que a minha obrigação?! E não; essa obrigação, a existir (e não existe, porque não é caso para isso), não seria minha.
Pois acho que essa minha amiga tem razão. Há por quem seja um suave e prazenteiro gosto fazer torradinhas e por-lhas à frente. Um deleite mesmo.
E há por quem se tenha tornado um frete sem sentido.
Acho que o parâmetro das torradinhas existe mesmo.
12 comentários:
Prefiro não acreditar nisto, porque então nunca tive esse sentimento por ninguém (e isso é obviamente falso). Acontece apenas que não tenho feitio para o servilismo. Nem tu.
Não sei se parâmetro torradinhas é o termo correcto... mas realmente há pessoas para quem fazemos as coisas com gosto, e outras a quem fazemos por pura obrigação. Sejam torradas, chás ou um simples sorriso.
Mas a bondade vem mesmo destes gestos.
Jinhos
Se calhar parâmetro torradinhas não é o termo certo. Certo é que quando gostamos de alguém fazemos mais por ela do que por nós. Muitas vezes preocupo-me mais com os outros do que comigo (mas só com quem merece) Mas o inverso também é bom. Sabe bem ter alguém que se preocupe connosco,(mesmo que, por vezes, seja exagerado)que nos dê mimos quando precisamos...
Beijinhos
Gostei da teoria da torradinhas!
:)
Jokas
Pois olha que eu concordo. Com reservas mas concordo.
Um Bom Ano para ti (com muitas torradinhas)!
Pois eu, gostei deste parâmetro. E confesso que nem sempre fiz as torradinhas que devia e a quem devia.
Feliz Ano!
A tua amiga tem muita razão mesmo!
beijinhos
fizeste ter saudades de alguém que validava essa teoria das torradinhas em pleno.
Pela parte que me toca, se quiseres que te faça umas torradinhas e um cházinho, nem precisas de estar doente.
O que eu gosto de torradinhas e cházinhos à lareira...
beijos
muito bem visto, pois...
vou reparar, para ver melhor se tenho - e quem tem - esse parâmetro num nível apreciável :o)
BJss
Nunca pensei nisso, mas no meu caso ate que eh certo.
Cá em casa somos os 2 torradinhas umdo outro LOL
Confesso que no inicio desta vida a dois estranhei a ausência da torradinha da minha mãe ;)
:-*
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