terça-feira, 13 de setembro de 2005

Certezas!

A partir dos primeiros dias de Setembro tenho ouvido conversas com um tema recorrente. Demasiado recorrente.

A minha amiga A. telefona-me e, dez segundos depois, começa num pranto porque deixou o T. num colégio, porque ele ficou a chorar, porque não aceita colo de quase ninguém e porque, quando o vão buscar, está esgotado de tanto chorar.

A minha colega I. anda tristíssima e a sentir-se uma péssima mãe porque deixa o G. no colégio, bem disposto, mas que lhe dizem que ele começa a chorar cinco minutos depois, e quando o vai buscar, ao almoço, ele está sempre transpirado e a soluçar, cansado de chorar.

A minha amiga T. chora porque a M., que dizia que queria ir para a escolinha, afinal, chora pela mãe e pelo pai todo o dia.

E estas conversas repentem-se à minha volta, ou dirigidas a mim, várias vezes ao dia desde que este mês começou. Tantas vezes, tão cheias e angústias e sentimentos de culpa ou frustação. Tão sentidas.

Nestas alturas misturam-se dois sentimentos.
Por um lado quero aliviar-lhes a angústia, dizer-lhes que não são piores mães por isso, que é uma fase, que eles vão gostar, que os colégios são bons, que as educadoras sabem o que estão a fazer, que os podem compensar no tempo em que estão com eles... Queria dizer-lhes tantas coisas deste género. E digo. E até acredito no que estou a dizer, senão não o diria, e ficaria, simplesmente, calada.

Mas, por outro lado, não me convenço que esta seja a solução ideial. Nem para mães nem para filhos. É a possível!
E sinto um alívio enorme por não ter que passar por esta angústia.

Há muito que me lembro de ouvir o meu patrão/pai dizer que, quando tivesse filhos, eu não trabalharia. Que convinha que me mantivesse informada das coisas, mas que não trabalharia, e que passaria a receber simplesmente uma parte dos lucros, porque o importante mesmo são as crianças. Achava um disparate! Achava que ele nem sequer devia dar palpites no assunto. Hoje respiro de alívio, por a situação ser esta.

E porque, ainda assim, para me sentir realizada profissionalmente posso fazer o que cheguei a fazer em tempos ( e que vou voltar a fazer), sem ter obrigações com horários, nem com ritmos de trabalho, nem mesmo com o lugar onde o faço (que pode ser no fim do mundo, se me apetecer).

E é bom ter certezas nestes assuntos. A certeza que, filhos meus, não terão de ir para um colégio assim pequeninos, e ficar a chorar, e eu a chorar também, e esforçar-me por trabalhar enquanto a cabeça deve estar só a pensar neles. Que podem crescer com tempo, ao ritmo deles, com espaço e calma, que podem ser o centro do mundo, sujar a roupa quando entenderem e esfolar joelhos, e adormecer na caminha deles.

Claro que terão um pai e que não posso decidir tudo sózinha - nem quero! Mesmo! - e que tenho a noção que estes processos são feitos de cedências. Posso ceder em muita coisa, muita coisa mesmo, mas nisto não: não vão para um colégio pequeninos, e pronto!

14 comentários:

Vilma disse...

Eu passei por essa angústia e luta também. Já pensei que o melhor seria a minha filha ficar comigo ou com uma avó. Mas hoje, um ano depois, vejo o quanto ela se sente feliz com outras crianças, o desenvolvimento, a independencia.
é como tudo na vida: tem prós e contras. Seja como fôr, não tinha outra alternativa...
Beijocas, querida! bom post!

Anónimo disse...

É bom poderes ter essa facilidade. Acho que é sempre preferivel ter escolha nesse tipo de decisões...não é que a escola não lhes faça bem, mas por imposição custa sempre mais! Bjocas.

Anónimo disse...

Que bom puderes ter a opção de escolha! mas para aqueles que nem por isso, paciencia e apenas é uma fase... dolorosa, principalmente para as mães!

Sara MM disse...

é uma sorte essa certeza....
e essa certeza é uma sorte ;o)

Bjs

Oumun disse...

Pois é... e eu passo por isso todos os dias!Mas que se pode fazer nada... a vida é assim mesmo...

Ainda bem que podes ter essa certeza , eu não acho que as crianças ganhem alguma coisa em ir para a creche antes dos 3 anos.... a não ser algumas viroses.

Beijocas grandes

nelsonmateus disse...

os pais não tem certezas, mas sim probabilidades razoáveis ... penso eu de que.

C_de_Ciranda disse...

Olá Margarida, mulher jeitosa! Estou de volta, finalmente. E cheia de saudades. Temos de pôr a conversa em dia. A ver se te apanho um dia destes.

Quanto ao post, não podia estar mais de acordo. Tão de acordo que tenho para mim a mesma opinião. Tão de acordo que eu própria ajo de acordo com essa opinião. Precisamente por partilhar dessa opinião é que tenho a Beatriz comigo. Trabalho na mesma. Posso não ter a atenção centrada apenas no trabalho mas, pelo menos, vivo o crescimento da minha filha a 100%. E ninguém me tira da cabeça que o mais importante para eles, nestes primeiros anos é estarem com a mãe, acima de tudo.

Beijocas enormes e cheias de saudades.

*** Ciranda

PS: Só é pena que neste país as mães não possam todas ter essa opção!

Mocas disse...

Nunca tive essa certeza, até porque, como trabalhava fora de casa, sempre achei que os meus bebés teriam mesmo que ir para um infantário. Depois engravidei e fiquei sem emprego. As circunstâncias ditaram que ficasse a tempo inteiro com o meu filhote. Tive a possibilidade de o fazer e voltaria a fazê-lo sem hesitar. Foi importante para mim e para ele...mas também não foi a situação ideal por variadas e profundas razões... Um dia gostava de falar deste assunto no meu blog....

Mil Beijinhos para ti

39 disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
39 disse...

Começo a ficar boa a apagar comentários!!! (risos)

Quando existem condições financeiras para a mãe permanecer em casa durante os primeiros 3 anos da criança, eu concordo. Quem não concordaria?!? Gostaria de dar essa oportunidade aos meus filhos, mas sei que será impossível, pois ninguém sobreviveria com o salário do "patrão" cá de casa! (infelizmente a situação dele ainda é bem precária, contratado e coisa e tal).
Entretanto, entre escolher deixar um filho meu com uma avó ou com uma ama, não hesitaria em momento algum em optar por uma creche.

Enfim. Esta é a minha opinião, por agora! ;)

Beijinhos, muitos, muitos!

Anónimo disse...

Também gostava de ter essa tua certeza mas não posso.

Ainda bem que o meu Daniel fica bem na escolinha e não chora e, de acorodo com a professora, até se porta muito bem. É o meu menino de ouro.

Beijinhos

Jolie disse...

Eu também acho que não é o mais aconselhável para eles, irem para escolas tão pequenos.

No entanto, cada vez mais esta opção se torna um luxo!

Ainda bem que tu vais poder acompanhar os teus filhos durante bastante tempo. Eles vão ser quem vai ganhar mais com isso!

Beijinhos

Clara disse...

Ainda bem que tens essa possibilidade / facilidade!
beijos

Anónimo disse...

Poder escolher é maravilhoso, o problema é quando as pessoas são "obrigadas" a não escolher.
Nem sempre se pode ficar em casa para cuidar dos filhos, porque simplesmente tem de trabalhar pois é o seu sustento.

Bejoks