
Tirei porque sim. Em jeito de conclusão; para a guardar junto com as outras, e os bilhetes do Scala, e dos transportes, alguns tickets de restaurantes, sacos de livrarias, o panfleto do hotel... enfim, o costume!
Para ter a certeza que marcava mesmo o fim da viagem.
Fui porque sim, Não porque queria.
Uma viagem bem ao jeito da C. e da S.
E lá fomos; elas, eu e a J., as quatro. Porque sim!
Lembro-me da chuvinha miúdinha e persitente que nos acompanhou sempre, das galerias Victor Emanuel, da catedral esmagadora, das cadeiras de veludo vermelho do Scala (que imaginava mais grandioso), das muitas livrarias, de alguns restaurantes, de uma cidade enorme e cinzenta, de gente apressada, do trânsito caótico, de muitas lojas de roupa caríssimas e das obrigatórias compras; dos montes de sacos, da bagagem a mais, do quarto de que não gostava.
Lembro-me, depois, do único susto que apanhei com um avião.
Lembro-me, agora que penso nisso, da visita a Santa Maria delle Grazie. Do encerado verde, da camisola de lã, da mochila às costas, e do enfado de quem cumpre quase uma obrigação numa cidade que não me agradava.
Lembro-me dos montes e montes de turistas que os funcionários tentavam ordenar. Tudo para ver o fresco da Última Ceia, pintado pelo Leonardo Da Vinci.
Olhei... e pronto. Estava lá. Um fresco bonitinho (aprendi nesse dia a diferença entre um fresco e um mural). Já podia dizer, numa ocasião que se mostrasse indicada, que sim, que o tinha visto ao vivo, que tinha estado lá. Já estava!
Isto vem tudo para aqui porque a minha companhia principal neste fim-de-semana tem sido o Código Da Vinci.
Livro que não li quando toda a gente o leu, porque sou teimosa. Porque não ia ler um livro que todos andavam a ler!
Estou a ler agora porque mo emprestaram, sem que o tivesse pedido, e... achei que devia lê-lo antes de o devolver.
E agora tenho pena de não ter aproveitado, de não ter olhado para as coisas com olhos de ver. De não ter reparado no que estava lá pintado, nas caras, nas mãos, nas expessões. Independementemente da minha opinião acerca da questão tratada.
Por mais que não me agrade admitir, foi uma viagem de meninas mimadas e um comportamento de menina mimada, que se enfada com o que tem e vira a cara às coisas sem sequer parar para ver o que tem à frente do nariz.
Não tenho a mínina intenção de lá voltar. Mas fiquei a pensar em quantas coisas, mais ou menos importantes - mas evidentes - passam à frente dos nossos olhos e nós nem nos damos ao trabalho de olhar para elas. Às vezes, simplesmente, porque estamos assim um bocadinho enfadadas. É que, às vezes, e em algumas coisas nesta vida, podemos não ter uma segunda oportunidade...