Há quatro anos atrás, o meu irmão foi levantar um carro novinho ao stand. Era sexta-feira.
Durante o fim de semana, e sem que se percebesse bem como, fez 500Km.
Na segunda-feira seguinte ía para o trabalho quando, numa curva, uma rapariga perdeu o controle do carro guiado por ela e foi em direcção ao dele. Ainda que tivesse se tivesse chegado o mais possível para a direita, não conseguiu evitar o impacto e, ainda bateu também no muro que estava no limite da estrada.
Resultado: o seguro paga, e recebe um carro novo.
Este Domingo de manhã, o meu pai acordou e foi ao páteo. De volta à cama, porque ainda era cedo, comentou com a minha mãe a ausência do carro do meu irmão. "Uma noitada... está visto!".
Horas depois, levanta-se e volta a ir ao páteo. O carro continuava a não estar lá e, quando se preparava para voltar para dentro repara que estão uns pingos de sangue no chão. Conclui rápidamente: Aconteceu qualquer coisa de mal!
Acorda a minha mãe e correm para o quarto do meu irmão. Ele, lá estava, deitado em cima da cama, apenas com um corte num dedo mas bastante abatido.
Tinha tido um acidente. Depois de um jantar de Natal que se estendeu até tarde, depois de beber demasiado, seguiu-se uma ida a uma discoteca. Uma namorada que incentiva ao consumo de bebidas e a perder noites e... assim regressava a casa depois das seis da manhã.
O carro ficou partido. Completamente partido.
Fui vê-lo ainda nessa manhã e fiquei espantada com o facto do meu irmão estar vivo!
Quando olhei para aquele monte de ferros contorsidos e vidros partidos o coração caio-me aos pés! Foi uma sensação horrível! Como é que ele sobreviveu?! Um milagre! Mais uns milimetros e teria morrido!
Depois disto, percebemos o quanto tudo é efémero e a vida frágil. Frágil para todos nós, independentemente da idade ou condição física.
Teve o mérito de fazer o meu irmão repensar a vida. Não houve feridos. Foi apenas o carro...
Ontem fomos aos stands ver carros. Vai comprar outro. Este é lixo. Vai perder muito dinheiro, mas ficou vivo! Podia ter sido uma tragédia... A nós, familia e amigos mais chegados, fez-nos repensar a vida; espero que tenha tido o mesmo efeito nele!
3 comentários:
Ó Margarida... Se eu sei o que tu viste e sentiste! Há uns anos aconteceu exactamente o mesmo com um amigo meu chegado. Vínhamos de uma jantarada. Ao fim da noite fomos para casa, cada um com o seu carro. Algures no caminho, separámo-nos, seguindo cada um a sua direcção. Estava a acabar de chegar a casa quando ele me telefonou em estado de choque. Tinha tido um acidente aparatosíssimo. Dei meia volta, meti-me no carro e fui prá autoestrada, em busca do acidente.
Encontrei uma espécie de bola de ferro... Uma amálgama disforme de ferros e aço... Nem queria acreditar que ele tinha sobrevivido...
Enfim, esperemos, como tu dizes, que sirva de lição e os faça ver a vida de outra forma.
Beijinho grande
*** Ciranda
Margarida, nem imagino o susto por que passaram. Espero que agora esteja tudo mais recomposto. E de certeza que há-de servir de lição, para vocês e mesmo para todos que lêem esta tua história. Há coisas na vida que têm muito mais valor, e que só passam a ser vistas como tal quando nos acontece a infelicidade de as estarmos quase a perder...
Beijinhos mimados e boa recuperação para todos (mano, pais e para ti também)
Temos uma certa tendência para olhar para os noticiários e ver tudo o que se passa de uma forma distante e despreocupada. E talvez seja esta a melhor maneira de viver a vida...
Parece-me que se tivessemos a noção real do número tremendo de coisas que podem correr mal e terminar a nossa bela existência de um instante para o outro, tornar-se-ia complicado sequer sair de casa.
Viver com prudência é correcto e aconselhavel, mas sem exageros.
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