quarta-feira, 15 de dezembro de 2004

Espírito de Natal

Quando era pequena adorava o Natal!
Desde que voltava da praia, no Verão, contava ansiosamente os dias que faltavam para o Natal ou, pelo menos até ao dia 1 de Dezembro. Isto quando sabia contar, porque antes disso degastava a minha mãe com a pergunta: Ó Mãe! Quantos dias é que faltam para o Natal? Todos os dias, mais do que uma vez em cada 24 horas!
Chegado a tão ansiado dia 1 de Natal, ninguém me calava! Cantava as canções de Natal até que ninguém as suportasse. E ria, pulava, brincava... como uma tontinha. E não deixava irmão, primos e amigos ficarem quietos.
E depois vinha o pinheiro, que enchia a sala do cheiro a resina, e as fitas, as bolas, os sinos, as luzes... e o presépio com musgo, e areia e pedrinhas...
Na noite do dia 23 já não dormia! O Natal começava realmente para mim a 24, com a preparação dos doces e a chegada dos avós. A consoada era uma enorme festa; tudo era alegria! Durante a noite o Pai Natal trazia as prendas dadas pelo Menino Jesus, e no dia 25 era a alegria da presença da familia e a descoberta dos brinquedos novos.

À medida que fui crescendo fui percebendo que nem todos tinham um Natal feliz e isso foi-me deixando, ano após ano, mais melancólica.
Ao mesmo tempo fui adquirindo a responsabilidade de mandar cartões de Boas Festas e comprar presentes para algumas pessoas. De repente, tinha uma lista apreciável de pessoas a quem tinha a obrigação de presentear nesta época. E o Natal tornou-se sinónimo de compras e as compras de obrigação.
Depois, à mesa de Natal, faltou o meu bisavô J. , mais tarde o meu avô J., a ano passado devia ter sido o primeiro Natal do meu anjo L. e não foi, e foi o primeiro em que não desejei um Feliz Natal ao pai dele desde que o conheci.

Continuo a achar muito importante comemorar o nascimento de Jesus, reunir a familia e cultivar os valores associados ao Natal mas, as pessoas estão tão presas às obrigações de procurar e oferecer listas infindáveis de presentes que não sobra tempo para mais nada! Nada! O Natal é uma época em que se faz compras compulsivamente! Compras impessoais e por obrigação! Mais nada! E no dia 24 à noite ainda anda tudo a atropelar-se em centros comerciais para adquirir o que falta, e depois a correr para fazer as últimas entregas. E chegamos à consoada exautos!

Talvez esteja a ser péssimista ou a acusar ainda um excesso de sensibilidade por causa do sentimento de perda. Até deve ser isso, concerteza! Mas fico sempre aliviada quando chega o dia 26. Respiro fundo, descanso e aproveito então o presépio, a familia e a Paz. Sem pressões... Não é isso o Natal?

2 comentários:

C_de_Ciranda disse...

Sem dúvida alguma Margarida. É isso mesmo! E feliz de quem ainda tem uma família que saiba apreciar e perpetuar esses valores.

Felizmente a minha fmília paterna é grande e unida! Bem, a grande maior parte dela. Eheheh E tentamos (e eu incluo-me orgulhosamente nesse tentamos) sempre fazer prevalecer esse espírito. Apesar disso também ando sempre stressada nesta época, precisamente por causa da tal obrigação consumista que nos impele. Mas a parte que me stressa mais é tentar encontrar presentes sempre muito muito pessoais para todos. E digo-te, minha amiga, quando se tem uma família mesmo grande... isso pode ser desgastante! Porém, compensador! ;)

Beijos carregados desse espírito que nos vai faltando!

*** Ciranda

alma disse...

É isso Margarida! O Natal deixou de ter a pureza que só olhos de criança conseguem alcançar! Para nós é bem mais triste depararmos com uma realidade que não é a que sonhámos durante anos e anos!
Mas vamos nós fazer o nosso Natal à nossa maneira, nem que seja no dia 26!
Beijinhos
http://aestrelinha.blogspot.com