Num momento em que estou cheia de trabalho, cansada, perdida entre recordações, nostalgias de Natais longínquos, preocupações com este que se avizinha, sem tempo para nada... surgiu o V.
Com as melhores das intenções, eu sei.
Depois de me sentir confortável com a ideia de, depois de tudo, alguém estar a gostar de mim, assim... assim como ele, apesar de precisar ainda de tempo e espaço para mim (só para mim!), começo agora a sentir-me, ainda mais, com falta disso mesmo: de espaço.
O V. telefonou.
Eu desculpei-me com o trabalho (meio desculpa, meio verdade) e desliguei.
Mandei-lhe, entretanto uma mensagem a pedir-lhe desculpa pela forma como interrompi a ligação. Mas só isso. Sem mais qualquer outro assunto.
Menos de cinco minutos depois o telefone toca. Era ele de novo.
Conversa puxa conversa, assunto puxa assunto... Já nem sei do que falámos ou do que não falámos. Eu bem lhe dizia que tinha que trabalhar mas... nada! Ao telefone desde o almoço até agora!!!
Depois de desligar, duas coisas ficaram na minha cabeça.
A propósito da minha tese, dizia ele que talvez fosse bom suspendê-la por algum tempo. E eu dizia que não, que por mais que me custasse queria era acabá-la depressa, e que tinha mesmo prazos que já estavam a passar.
Ele continuava na mesma: mas suspender por um bocadinho... Então e... e se tivesses um filho?
Como??!! Se eu tivesse um filho?! Agora?!
Fiquei tão baralhada que disse que isso não alterava nada, porque mesmo que ficasse grávida agora tinha que acabar a tese bem antes desse hipotético bebé nascer, por causa dos malditos prazos. Mas, na verdade, o que é que um filho tem a ver com a tese, e com prazos? A proppósito de quê é que vem esta conversa??
Mais à frente, a páginas tantas, insiste em que eu arranje tempo para sair com ele. Mas eu digo que não posso agora, o que até é verdade. Ando sem tempo.
Diz então que passa ele por cá. E eu digo-lhe que não, mas ele insite e diz que vem.
Eu volto a dizer que não é boa altura: muito trabalho, o Natal, alguma pressão, a sensibilidade exageradamente "à flor da pele" por estes dias... Mas ele teima!
Cansada disse só que não era boa ideia, mas que fizesse pelo menos o favor de me telefonar antes de vir (a ideia é dizer-lhe que não vou estar quando ele vier!). Estou a sentir-me cercada e... não estou a gostar!
Estou sensível, traumatizada... preciso de carinho, mas não de pressão! Porquê que ele não entende uma coisa tão simples?!