Não é bonito dizer-se que não se gosta do Natal. E também não é isso que diria. Mas não gosto destes dias que correm.
Não gosto. Não me sinto bem neles. Não me encontro e desde que me levanto até que me deito, não consigo mais do que uma vã tentativa para me equilibrar entre o que tenho a fazer, as horas que me escorrem por entre os dedos e, se tenho de sair, o frustante esforço para não me sentir completamente desnorteada entre as ondas imensas de pessoas que se acotevelam em redor e dentro das lojas, enquanto eu tento, apenas, e a custo - muito custo - fazer aquilo a que sou obrigada.
Nestes dias nem devia ter agenda. Já o tinha percebido nos anos anteriores, e este ano ainda mais.
Chegada a Dezembro, e ao seu primeiro feriado (de que gosto, e o qual respeito muito), devia, pura e simplesmente, (não digo deitar fora, porque me custa fazê-lo, mas...) atirar a agenda para dentro de uma gaveta onde pudesse viver longos anos sem que voltar a encontrar-me.
É que não adianta nada programar as coisas. Por uma qualquer arte mágica que desconheço, a partir desta data, não consigo fazer nada daquilo a que me proponho ou daquilo que queria fazer, e limito-me a fazer as coisas urgentes e inadiáveis que surgem (multiplicadas por 100) nesta época (não sei bem porquê, também).
Não tenho tempo para o que queria, e menos ainda para quem eu gosto. Não consigo sair com as amigas, nem mesmo tempo para conversas (a que se possam chamar conversas ao telefone). Chegada a véspera de Natal, mal consigo responder às sms.
E no fim do dia de Natal, ao deitar a cabeça na almofada, confesso, envergonhada, que respiro sempre de alivio por já ter passado.
Não é que não dê valor ao Natal, porque dou, porque tive Natais de que tenho muitas saudades, porque ainda acredito que um dia os Natais voltem a fazer o mesmo sentido.
Acredito, sobretudo, no verdadeiro significado do Natal, aquele que me parece que está esquecido da maioria das pessoas que se agitam como formigas num formigueiro, na azáfama das compras.
E não é que não faça compras também. Tem de ser não é?! Pois, faço-as.
Mas mais fácilmente compro uma coisa para alguém por quem não nutra um especial afecto, mas a quem tenha a obrigação de presentear, do que para alguém de quem goste profundamente.
Para estas pessoas, para aquelas de quem gosto de verdade, se puder, prefiro comprar noutra altura, porque sim, porque me apeteceu, sem obrigação de parte a parte, sem ser esta troca obrigatória de objectos que se estabeleceu nesta época.
Nestes dias, lembro-me muito das pessoas de quem gosto. E lembro-me mais ainda das pessoas de quem gosto e que não posso ter comigo.
E nestes dias, deste ano, sinto muito uma falta. Muito.
Uma falta que chega a doer, de uma dor que chega a ser física e que parece que não cabe cá dentro.
Nestes dias, de celebração da vida e do nascimento, lido muito mal com a perda e a morte.
Estes dias, este ano, estão a custar-me muito.
12 comentários:
Até me apetece fazer copy-paste... apesar de ter colocado uma mensagem "institucional" para a maior parte, mas com imenso significado para mim.
Força, muita força!! (por vezes estas interjeições parecem tão ocas... mas são sentidas)
***
Margarida: entendo bem o teu sentimento.
Como cristã que sou, não faz sentido dizer que não gosto do Natal.
Mas não gosto do Natal como se vive.
Também chego ao dia 26 aliviada.
O Natal que celebro, acontece todos os dias, a qualquer momento.
Este natal consumista, interesseiro.. também me desgosta e desgasta!
Desejo que a Luz Daquele que veio ao mundo dar sentido ao Natal continue a brilhar em ti !
Feliz Natal! :)
Espero então que, para ti, passe depressa.
Mas espero ainda com mais força que os próximos Natais possam ser mais desejados e vividos com alegria. Já é de direito teu, não, Margarida?
beijinhos
Não diria melhor, Margarida...
Acho que te percebo melhor do que aquilo que gostaria.
Um beijo.
Escritoramiga Margarida,
Com toda permissão, achei por bem extrair este texto do livro "Os pacientes do doutor Fróide" p.p.74,75 e 76:
HIPOCRISIA Ghost Writer*
Com mais de 2000 anos da vinda de Jesus Cristo a este planeta, nos passando a mensagem de dias melhores. Alicerçado através dos seus ensinamentos de amor e bondade, todavia conseguimos eleger o dia do seu aniversário, como o dia universal da hipocrisia . A humanidade desvirtuou todos os ensinamentos cristãos com as suas angústias e conseqüentemente suas ambições e intolerâncias, independentemente de raças, credos e etnias. A nação mais rica e protestante do planeta, edifica as suas vontades e verdades, alheia à miserabilidade de bilhões de seres humanos do planeta terra. Fazendo com que o livro sagrado e suas palavras, tornassem utópicas e irreais. Em nenhum momento os Estados Unidos demonstraram interesses que não fossem de sua valia e serventia. Com a chegada do Natal, este mesmo gigante consegue fazer um festival de hipocrisia, aos quatro cantos do planeta, com festividades gigantescas como decorações luxuosas, filmes invocando a presença do bom velhinho (Papai Noel), resgatando e incentivando sonhos de consumo e prevalecendo a vitória do bem sobre o mal. Assim, aprendemos através de sua presença massiva a considerá-los como perfeccionístas e com senso de justiça, imbuídos na pseudo dignidade de seus atos, mesmo que isso demonstre uma total hipocrisia. Mesmo que a esquadra americana e seu aparato bélico esteja pronto para a invasão ao Iraque. O presidente americano manda mensagens natalinas e cristãs de incentivos aos seus soldados, mostrando ao mundo que a figura nociva é do dirigente iraquiano, como implacável, injusto e sanguinário. Um verdadeiro atentado à democracia mundial. Não obstante a toda sua riqueza petrolífera no solo do oriente médio, um jogo de interesses alheios à morte de milhares de civis, principalmente crianças, mesmo que isso seja duramente penalizado na doutrina de Jesus Cristo, onde o amor ao próximo deve ser a meta dos seres humanos, independentemente de interesses econômicos, territoriais e étnicos. Bilhões de dólares são derramados com gastos militares, apesar da miséria absoluta dos países latinos e africanos, com a morte de milhões de pessoas de inanição e doenças por ela provocadas. A sociedade, como um todo, absorve toda essa hipocrisia com a distribuição de presentes e sorrisos hipócritas no rosto das pessoas. São mensagens falsas de carinho e incentivos! Deseja-se aquilo que não são condizentes à raça humana, tão destruída pelas mazelas que povoam nossas personalidades egoístas e falsas. Latente ao comportamento das pessoas em relação às outras, tão longe e infinitamente irreversível dos ensinamentos bíblicos . Podemos assim, eleger as festividades de final de ano, como o dia mais hipócrita de todos os tempos. Eis que chega o ano novo, as grandes cidades fazem shows pirotécnicos com o colorido no céu, pessoas literalmente embriagadas confraternizam-se com falsos abraços e beijos. No dia seguinte, vamos computar as vítimas de violência, brigas e acidentes. Demonstrando assim, que é um dia atrás do outro com uma noite no meio, sem mudanças e esperanças. Do lado da natureza, vamos deslumbrar terremotos, furacões, tufões e enchentes. Assim a humanidade edificou os seus desígnios, cultivando a intolerância na falta de amor ao próximo, sendo medíocres e literalmente hipócritas, elegendo estas festividades no pseudo intuito de uma melhor relação entre os seres humanos, tendo o disparate do desejo de um Feliz Ano Novo!!!
* Escritor
Muito obrigado,
**José Calvino
Recife
Um beijo...
Linda
Compreendo omo seja difiil..
Mando-te um grande beijo..
yami
Por acaso o Natal para mim também tem perdido o seu significado total.. Enfim, é mais um dia.
bjhno grandeº
bom fds
Eu gosto muito do Natal, mas nunca vivi um como gostava, com familia unida num ambiente de amor e paz.
Este ano a familia do Jorge vem ca a casa, Deus queira que na noite da consoada nao andemos todos a paulada (acho que nao vamos tao longe).
Hummmm...., e dai nao sei.
Amigos nos escolhemos, a familia sai-nos na rifa.
Dsejo-te um Natal com muita paz e amor.
Um abraço e um beijo para ti, querida Margarida.
Apesar de tudo, desejo-te um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de coisas maravilhosas.
Um abraço, querida Margarida.
Como te compreendo.
Espero que um dia, voltes a viver de novo esses Natais dos quais tens muitas saudades.
:-*
Enviar um comentário