Nós mulheres sentimos coisas. E se as sentimos, elas são reais. O que se sente existe, quanto mais não seja, dentro da pessoa que sente.
E é do que sinto mas não vejo que tenho medo.
Não tenho medo das ondas grandes no mar. Elas mostram-se, são frontais. Podemos medir-lhes a força e a intenção. Podemos perceber se nos podemos juntar a elas ou se, pelo contrário, são uma ameaça. E mesmo quando o são, estão ali à nossa frente, tal como são. Francas. Com elas sei lidar.
Tenho medo das correntes.
Não se conseguem ver e, no entanto, muitas vezes estão lá.
Entramos na água, tranquila à superfície, a brilhar ao Sol, convidativa e, muitas vezes elas estão lá. Todo o mar as tem, em alguns dias, em algum ponto.
E elas sentem-se, mas não se conseguem ver. Sentem-se e existem. Existem e são poderosas. São poderosas, subterrâneas e perigosas. E sim, existem.
É do que não vejo, mas sinto, que tenho medo.
É o que se esconde e disfarça e camufula que temo.
É com essas coisas que não sei lutar e são elas que me podem fazer mal.
11 comentários:
Os sentimentos são poderosos...
Beijo grande e nada de medos.
Por isso sempre dormi virada para a porta...
O pior é quando não podemos destapar os medos e temos de esperar.
Boa semana e beijinhos
Ia dizer que tinhas razão, porque a tens sempre de algum modo, porque vês o que passa despercebido à maioria das pessoas, porque sabes apresentar bem os teus pensamentos, porque és honeste a absolutamente verdadeira. E tens Margarida, o que escreveste está cheio de verdades e de verdades oportunas das tais que nos escapam e que, quando somos confrontados com elas assim, ficamos a matutar no que nos foi lançado para os olhos de modo tão claro e tão simples.
Está cheio de verdades mas tem uma inexactidão: tu não tens do que ter medo, tu não deves ter medo de nada, essas coisas existem mas tu és uma lutadora por natureza (gentil e franca, mas lutadora), esta-te no sangue, não é à toa que se tem os genes de séculos de guerreiros. Tu és assim e só te pode fazer mal o que tu deixares que te atinja. O medo é uma palavra que não liga bem contigo, minha amiga!!!
Beijos
Catarina
Caramba Margarida, tu fazes-me pensar.
Às vezes sentimos que vivemos rodeadas pelo medo, mas quando menos esperamos conseguimos vence-lo.
Espero que consigas vencer esses medos, Margarida.
:-*
Tens razão.. aquilo que não vemos, muitas vezes, faz-nos recear.
O bom é não permitir que esses medos nos paralisem!
Vi que gostaste da musica e letra do Kirk Franklin.
Eu gosto muito dele.
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Atenção, que no modo free, só podes sacar um album por dia! ;)
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Beijocas
faz como fazes com as ondas. olha-as de frente, sem olhar, com o coração. enfrenta as correntes de forma firme. com a consciência de que estão lá, mas com a certeza de que as vais ultrapassar. e não te esqueças nunca, por mais fortes que sejam, há um momento em que páram, mudam de direcção. só tens de ter força para as aguentar, de frente, sempre!
O medo as vezes eh bom, faz-nos ser cautelosas e prudentes, e assim quando as correntes da vida nos apanham, estamos preparadas para nos defendermos com mais precisao e tenacidade do que se o perigo estivesse mesmo a nossa frente.
Neste caso, o medo eh um aliado poderoso, pois faz-nos mais fortes.
"O medo às vezes é bom", disse a Ana. E fez-me lembrar disto: uma vez senti um medo absoluto, um medo-pânico. Era numa fase muito má da minha existência, dias depois de ter assistido a um suicídio. Fui para o terraço da casa onde vivia, e tive uma espécie de vontade de mergulhar também no vazio da rua lá em baixo. Tive MEDO de mim! Um medo que nunca voltei a sentir. Lembro-me de que ainda não era de noite e fui deitar-me.
Acredito que esse medo foi a mão que Deus me estendeu. Nunca me esqueço disso.
Se as sentes, é porque sabes que estão lá. Não sabes quando ou como, mas sabes que estão e isso já é uma ajuda.
Contra as correntes perigosas, existe o nadador-salvador e as bóias. Fora da época balnear, a consciência do perigo deve-nos abster de entrar na água brava mais do que o joelho. Fora da praia, nunca sabemos quando é época balnear ou não. Talvez se nos molharmos aos poucos, consigamos perceber a intensidade da corrente.
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