sexta-feira, 10 de novembro de 2006

De mim

Não sei se é dos dias de Sol, do S. Martinho, do muito trabalho, das rotinas, de alguma misteriosa conjuntura astral, da hipersensibilidade feminina, das nozes, das castanhas, da água pé, da mudança do gel de banho... Ou por outra, até sei.
Sei muito bem, mas não me apetece dizer, nem e mim, e não vejo mal nisso. Não tenho de analisar cuidadosamente tudo, descobrir e etiquetar todas as sensações e estados de espírito, todas as causas de alegrias e tristezas, sorrisos e lágrimas.
Tenho é de viver com elas. Quer queira e goste; quer não queira e, obviamente, não goste.

O facto agora, é que me apetece uma lufada de ar fresco, virar a mesa, ou outra qualquer expressão equivalente (ou complementar) que a nossa preciosa lingua nos forneça e que não me ocorra de momento.
Apetece-me mudar a decoração de todas as divisões da casa que são mais utilizadas por mim. Apetece mudar tudo: candeeiros, colchas, tapetes, quadros, almofadas, estantes, arrumação dos livros, mudar jarras e flores (esta última coisa, mais do que fácil, é sempre inevitável).
Apetece-me mudar de corte de cabelo, mudar de guarda roupa, deitar fora todo o calçado e comprar tudo de novo.
Apetece-me mudar de perfume e comprar quilos de make-up (que quase não uso) e usar brincos de pares diferentes.
Apetece-me ler coisas que não façam parte dos meus hábitos, que não conheça sequer, de preferência.
Apetece-me alterar horários, hábitos e rotinas.
Apetece-me falar com pessoas com quem não fale há muito (ou nunca tenha falado), sobre assuntos que não tenha o hábito de aflorar.
Apetece-me, mudar de trabalho e de casa.
Voltou a apetecer-me, depois de uma sensação de que aqui-é-que-estou-bem-e-não-quero-por-nada-nada-nada-deste-mundo-ir-para-longe-nem-um-cêntimetro-que-seja que durou vários meses, apanhar um avião e sair daqui, em direcção ao país dos scones (que não é a Inglaterra, mas a Escócia) de preferência sem data de regresso.

Pronto. Apetece-me... mas não posso. Encarar estas vontades e verbalizá-las é o mais longe que posso ir nestes anseios.
Valha-me a falta de tempo e a abundância de compromissos que me limitam; caso contrário era uma estragaceira de dinheiro e um furacão na minha vida onde nada ficaria no lugar.
É que, muitas vezes, entre aquilo que desejamos e aquilo que nos convém vai uma grande distância. E, outras tantas vezes, aquilo que nos move, que nos provoca estas súbitas e inesperadas vontades, não é um desejo autêntico, é sim uma reacção de fuga em frente, um abanar de cabeça como quem se nega a aceitar o que a vida lhe colocou no caminho.
Eu sei o que me move, sei que nem é apenas uma coisa, e sei também que uma delas até tinha a capacidade de quase anular os efeitos nefastos de outras.
Sei isso tudo, mas não quero saber. Prefiro abanar a cabeça como se isso me libertasse de tudo o que não é benéfico e respirar fundo para fazer entrar ar novo.

16 comentários:

Xuinha Foguetão disse...

Complicado.
Querer e não puder...

Deixo-te uma beijoca grande.

Dani disse...

Às vezes nem é nada de especial. Mas parece que está sempre algo errado, como um ligeiro zumbido no ouvido, que nem sempre ouvimos, mas que quando em silêncio nos incomóda.

Às vezes basta sorrir. :)

Beijinhos

reborn disse...

Demasiada rotina provoca essa necessidade interior de mudança.
Será que não tens pensado em ti em primeiro lugar e que talvez o devesses fazer ?...

Beijos e bom fim de semana :)**********

Projectos em Mente disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
[Ariana Aragão] disse...

Podemos viajar sem sair do sítio.
Basta que reciclemos todas as gargalhadas que demos até às lágrimas e exorcizemos os fantasmas.

tomodoro disse...

Então abana-a. E volta a abanar. As vezes que for preciso.

Bom fds!

NaRiZiNHo disse...

Andei a ler-te, assim aos bocaditos, aqui, ali, acolá.
No meu post do 11 de Setembro, deixaste uma msg que me comoveu e deixou um pouco confusa. Desculpa, só hoje percebi :(.
A mudança que tu sentes, também ando a senti-la. . . vamos indo, vamos vendo no que dá.
:-*

Anónimo disse...

Força! Abana lá a cabeça! (Mas não com muita força, não vá ela cair... ;))

Clara disse...

A mim, apetece-me dormir (e nem isso consigo).

Clara disse...

A mim, apetece-me dormir (e nem isso consigo).

Miguel disse...

Estas nossas lutas interiores, esses querer e não poder, esses desejos curados anos a fio dentro de nós, moldam-nos, transforman-nos para o bem e para o mal.Não queiras mudar tudo de uma só vez. Talvez sacies essa vontade de virar a mesa, se fizeres o possível agora. E o possível agora, não será o de amanha. Muda as estantes (nao foi a primeira vez que a elas te referiste, pois não?) e mais umas coisas... (para os quadros tenho sugestão). Dá uma facada na rotina... e "amanhã" a mesa pode não estar virada, mas nao estará no mesmo sítio. E tu estarás mais tranquila.

Beijo

Ana disse...

Estas a chegar ao fim de um capitulo na tua vida, o desejo de uma reviravolta tanto no aspecto exterior, como no meio que te rodeia demonstram isso, que interessa se neste momento nao podes realizar alguns desses desejos por compromissos inadiaveis, o que interessa eh a vontade que tens em mudar.
E tu sabes porque....
Fico feliz por ti.

Sónia e MI disse...

Por vezes temos mesmo de mudar , de renovar , de sentir que quase nascemos de novo. Pena é que na maioria das xs que isso acontece, nem sempre temos essa possibilidade.
Compreendo-te tão , mas tão bem...

beijinho grande, soube-me mto bem fazer-te hoje esta visita.
Sonia "As duas Riscas côr de Rosa" & Maria Inês (27 semanas)

gralha disse...

E não podes mesmo?
Seria mesmo uma fuga para a frente?

Beijinhos e boa semana :)

Piquinota disse...

Às vezes mudar uma pequena coisa pode causar maior impacto que todas as mudanças que te apetecem fazer... 1 coisa de cada vez e começa pelas pequenas!:)

Jinhos

Jolie disse...

Ando assim, mais coisa menos coisa.

Era bom que se pudesse mesmo fazer isso nem que fosse por tempo limitado (mas já agora com dinheiro ilimitado :p).

Mas quando me sinto assim, tenho mesmo de mudar qualquer coisa em mim. Por mais pequena que seja.

E depois passa-me... ou parece que!

Beijos