segunda-feira, 19 de junho de 2006

[Des]Conversas...

Sigo distraída pelo passeio, a caminho da loja de animais, para comprar o desparasitante para a cadela, enquanto pensava na antipatia e incompetência desmedidas da funcionária da EDP e no atraso do, simpático e eficaz, funcionário da PT.
Quase esbarro com o L., antigo colega de colégio e que vejo sempre com intervalos de anos, que vinha a sair da farmácia.

Ele ri-se por achar que vinha com a cabeça nas nuvens. Eu acho que era ele que vinha ainda mais ausente do que eu.
Pergunta-me pela minha amiga C. e eu respondo, sucintamente, num discurso de circunstância, como mandam as regras. Percebo que pretendia outro tipo de resposta e que o convite - a soar a pedido - tem tudo a ver com isso. Também sei que ele tem falado bastante mais com ela do que eu...

Com o sorriso leve e condescendente que concedemos aos homens que percebemos em apuros desta natureza, e só por isso, lá aceito tomar um chá, em vez de um café, na esplanada ali ao pé.

Diz-me que têm falado muito - isso já eu sabia! - mas que, inexplicavelmente, ela deixou de lhe telefonar e, não contente com isso, chega a não lhe atender o telefone e, quando atende é breve e distante.
Não é que ela me tenha falado longamente acerca do assunto, mas sabia bem que estava incomodada por achar que ele não a distinguia de muitas outras pessoas.

Ele seguia nas explicações: Trato-a bem... parecia que nos estavamos a entender... até gosto dela, sabes?... gosto... É por isso que me chateia esta coisa agora... Trato-a bem, ouviste? Como trato todas as outras pessoas!

Ora aí está!!! Todas as outras pessoas!
Mulher nenhuma quer ser tratada como todas as outras pessoas! Nenhuma!
Se calhar até prefere ser alvo de antipatia, como nenhuma outra pessoa. Do que ser muito atenciosamente tratada como todas as outras pessoas.

- É por isso L. Porque ela não quer ser mais uma! Somos assim! Que nos interessa que sejam uns cavalheiros, atenciosos, compreensivos, carinhosos e o que mais quiserem acrescentar, se forem isso para toda a gente?!
Temos que ser diferentes. Mesmo na mais simples amizade - e se calhar nem é bem esse o vosso caso. Não queremos ser mais uma amiguinha numa lista mais ou menos longa.
Ou somos diferenciadas, únicas, ou , ser igual a toda a gente não nos interessa.

Reparei depois que o tom, levemente acídulado, do comentário, nem lhe era destinado. Por instantes, pensei que pudesse estar a fazer paralelismos, sem ter disso consciência, e estar a descarregar nele esse desconforto. Depois percebi que, felizmente, não era de todo o caso; que aquele azedinho era comigo, com esta necessidade feminina de nos sentirmos únicas (até porque, de facto, o somos, tal como os homens). Na verdade, era mais um lamento.

- Ah pois! São únicas! São únicas, mas nisso são todas iguais!

- Sim! Nisso somos! Mas mesmo só nisso!

10 comentários:

reborn disse...

Quando os homens perceberem isso, será bom sinal :))
Beijossssssss

Sara MM disse...

coitado!!!!!!

mas deu-te uma bela resposta :o) eh!eh!


bjss

Piquinota disse...

Por acaso... nós não gostamos de ser "mais uma"... e nisso somos mesmo iguais!:)


Jinhos

daqui disse...

Eu acho que tu já ajudaste muito, se fizete com que um homem percebesse isto, que é de importância vital!!! :)

Rui disse...

Ela tem interesse nele? É que se tem, não deveria ter-lhe dito isso, em vez de se mostrar distante e (algo) fria?

Ah, entender as mulheres.

tomodoro disse...

Gostei do comentário dele, boa resposta!!
Mas é verdade, temos que nos sentir únicas e nisso, de facto, somos todas iguais (entre outras coisas...)

FFreitas disse...

Que dizer... somos uns seres estranhos... lá nisso eles têm razão! Complicamos o que é simples, digo eu!
E contra mim falo!

Clara disse...

Quer tu, quer ele, tiveram razão!

Podiam (eles) ver um bocadinho mais longe, mas não, mas confesso que por vezes não sei o que quero, mas é muito fácil agradar-me.

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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