A M. - muito minha M. - sente um especial fascínio por máquinas fotográficas, e na segurança surpreendente do seu palmo e meio de gente, aprende à primeira (não sei se aprende ou se adivinha) o modo de operar com a minha máquina (e com o meu telemóvel). A M. dispara centenas de vezes e, a par da predilecção que demonstra por fotografar vezes e vezes repetidas as pessoas de quem gosta, começa a sentir-se, já, atraída por motivos mais abstractos e de entre estes, gosta especialmente de fotografar luzes, nas suas mais diversas formas.
Eu gosto, mas não lhe digo, que ela goste de luzes, porque são o oposto das trevas, porque são o que ela é: a minha luzinha.
A M. é [quase] a única pessoa que consegue que eu me enfiei no aeroporto para a ir buscar quando o corpo, que ainda se sentia dorido, pedia para não sair de casa. A M. tem o poder de fazer as coisas más tornarem-se invisíveis com um sorriso rasgado, uma corridinha na minha direcção e um beijo e um abraço apertado, tão apertado e longo que quase não tinha fim.
A M. faz-me esquecer as horas e o mundo, faz-me rir e ser pequenina como ela. A M. faz-me ser grande, tão grande que sei ser capaz de a defender de todas as coisas más.
A M. é [quase] a única pessoa que consegue que me esqueça de mim, e isso é bom.
A M. não me larga um minuto e, no banco na Igreja, tenta pela primeira vez, entrelaçar os dedos demasiado pequeninos dela, nos meus, aperta com força, leva-me a mão à boca, beija-a, olha para mim com aqueles olhos enormes, doces e suplicantes e cola-se a mim como um gatinho, e eu, de coração apertadinho e olhos rasos de lágrimas, prometo a Deus e a mim mesma que sim, que não vou fraquejar nem desistir e que vou sempre, sempre estar ao lado dela.
O meu primo diz que é a química, a aponta para as veias do braço, como quem diz que é a química do sangue. Será. Será também, mas somos só primas, e eu só sinto isto por ela.
A M. faz-me ter força suficiente para correr pelo aeroporto com ela ao colo, numa corrida contra o tempo para não perder o avião, obriga-me a cerrar os dentes para não chorar na despedida e deixa-me com o seu boneco nos braços e o coração a doer já de saudades.
Não há volta a dar, o amor dói sempre, simplesmente porque é muito maior do que o coração.
21 comentários:
A M volta, e, de qualquer forma, está dentro de ti.
Um beijo.
Um beijo minha amiga.
Sinto falta das nossas conversas intermináveis...
A M usa a câmera para guardar memória da luz que a encanta. Há quem use o coração para o mesmo fim.
Todas as dores fossem iguais a essa. :)
Ainda bem que as crianças existem, para nos lembrar que, muitas vezes, tudo se resolve com um sorriso e com a beleza das coisas simples.
Beijinhos
E que privilégio que é sentir tudo isso, não é? E ver aquelas carinhas pequeninas iluminando-se como se fossemos as mais importantes :)
beijinhos e (espero que) boas férias!
O amor é isto :)
Beijos.
mas é uma dor tão boa ... :)
beijinho muito, muito GRANDE!
E ânimo para nós ;)
Mocas
Delicioso... :)
(sim, estou de volta... a voar devagarinho, mas de volta)
Um beijo cheio de sol quentinho!
E agora já és a Madrinha não é? Ainda mais especial (uma espécie de substituta dos pais).
Quase a única pessoa, sim. Mas foste tu que me disseste que os diamantes são preciosos não é por serem diamantes mas por serem raros.
É mesmo Amor e é tão lindo esse amor que têm uma pela outra que me faz a mim sentir pequena, mas não no sentido de criança, é no sentido de pequena mesmo, e fico sempre a perguntar-me se um dia tiver um filho se terei essa grandeza de coração ou essa benção de o amar assim, de nos amarmos assim. E a M. nem é tua filha mesmo que ela diga que és também mãe dela, não é!?
É tão bonito e tão forte o que vos liga que chega a arrepiar. :-)
Beijos
Catarina
Uma ternura este teu post :)
beijinhos e boas férias (bem merecidas) :)
:) Tu consegues derreter-me!!
A M. tem uma sorte enorme por ser tua prima (e afilhada, não é?)!!!
Jinhos (ainda de férias!)
Fiquei comovida... tenho dificuldade em materializar os sentimentos e quando o tento fazer fica uma "salganhada" que ninguém entende...
Um grande beijo!!
***
Adorei ler o que escreveste.
Voltei,tenho saudades tuas...
É tão bom sentir esse amor, eu também tenho uma M na minha vida, tal como tu, é a minha menina linda.
Isa
Margarida, atribuí-te um prémio lá no blog!
pois é, linda... não há mesmo nada perfeito neste mundo... até a imensa e sem fim paix~~ao que sentimos por eles - os nossos pequeninos - acaba por doer...
BJssssssssssssssssss
Sim, gosta-se tanto que até dói...
Dói tanto, que sabe bem...
Beijinhos grandes!!!
convido-te a JUNTAR AS TUAS MÃOS POR UMA NOBRE CAUSA!
http://eu-estou-aki.blogspot.com
bj
A m. é um pedacinho de ti e tu dela. São laços e afinidades que se criam. Não em virtude do sangeu mas do amor.
Margarida, está tudo bem?
Um beijinho
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