Mero pró-forma, dir-me-ão. Seja. Talvez seja mesmo apenas um formalismo simpático, um lugar-comum adocicado, um lampejo de calor humano no funcionamento maquinal das nossas instituições. Talvez seja apenas isso mesmo. Talvez o mesmo seja afixado à cabeceira de todos os recém nascidos em todas as maternidades em solo nacional e não apenas nesta. Mas nesta, e este é o ponto, o Bem Vinda, não está apenas impresso nesse cartãozinho que trouxe para casa comigo como (feliz) recordação de um momento tão importante.
Nesta maternidade, esse Bem Vinda é, realmente, verdade; praticado em cada gesto dos muitos profissionais que lá trabalham.
São muitas as vezes em que nos queixamos. Da vida em geral e das instituições que nos servem (ou deviam servir). Na maior parte das vezes essas queixas são apenas justas. A verdade é que, demasiadas vezes, somos mal atendidos, mal ajudados, mal tratados, mal esclarecidos… Enfim, a verdade é que muitas coisas não funcionam neste país, e quando se trata de estabelecimentos de saúde e, para mais, estabelecimentos de saúde públicos, a panorama é negro.
Mas o contrário também acontece. Afinal existem excepções. Felizes e meritórias excepções. E, nesses casos é justo que o reconheçamos.
Este é um desses casos.
Fui seguida nesta maternidade durante a gravidez. Aqui tive as consultas com uma obstetra que somava as qualidades humanas às profissionais, aqui fiz as ecografias, análises, rastreios bioquímicos, eco cardiogramas, ctg´s. Aqui tive a sorte de me instalar, sem sobressaltos e com calma, antes de iniciar o trabalho de parto (natural e rápido). Aqui, senti-me em casa, no melhor sentido da palavra. Segura com os meios disponíveis, confortável com as instalações, agradavelmente surpreendida com todo o pessoal que lá trabalha, desde obstetras, enfermeiras, anestesistas, serviço de recobro, senhoras da limpeza, senhoras da cantina, seguranças e até a senhora do Registo Civil, desde as Consultas Externas, ao laboratório de análises, às Urgências, ao Bloco de Partos e, finalmente, o Piso 3, onde bebés e mães são recebidos e amparados, na verdadeira acepção dos termos, nos seus primeiros dias.
O rigor com que nos assistem, a simpatia e calor humano, a eficácia com que trabalham, a excelência de todos os serviços é, realmente, inexcedível. Inexcedível e impagável.
O parto foi, de facto muito rápido, o que não significa indolor, mas foi o mais humano que se pode querer. Fui de tal modo bem atendida que quase diria que fui mimada, com festas na mão, palavras de simpatia e afagos.
A Mafalda nasceu bem e saudável. Vi-a nascer, foi logo colocada sobre mim, com aqueles olhinhos muito abertos e interrogadores, cuja imagem permanece na minha memória tão viva como no primeiro minuto, e foi o Pai que lhe cortou o cordão. Mamou logo, ali mesmo, e até no recobro a tive comigo.
Mimadas sim, fomos mimadas. Saudavelmente mimadas. No momento do parto e em todo o internamento.
O cuidado é tal que me telefonaram de lá dois dias depois de termos vindo para casa. O telefonema da praxe, para saber como ia, eu e ela. E para ajudar. Sim, mesmo para ajudar. Durou quase uma hora e aplacou muitas das minhas inseguranças de mãe de primeira viagem, nos seus primeiros dias com a bebé a cargo. Não, não foi um telefonema maquinal, era humano e caloroso, era, por medida, o que precisava no momento.
Tivesse eu a possibilidade de, se voltar a engravidar, ter o bebé em qualquer outro local – um qualquer em todo o mundo – e escolheria este mesmo.
Porque sim, porque há quem mereça agradecimentos; porque o Hospital Dona Estefânia merece. Por esse cartãozinho à cabeceira do berço, por esse Bem Vinda Mafalda, por o terem tornado tão, tão real. Obrigada!
7 comentários:
E ainda bem que assim é :) :)
Bj ********
:)
Muito bem, parabéns HdE!
Margarida, ainda bem que vais aparecendo. Deixas saudades entre as visitas.
Beijinho
Não se pode dizer isso de todos os hospitais, infelizmente!!!
beijinhos
Ainda bem que ainda existem hospitais onde podemos sentir esse tratamento, pois é uma altura na vida de uma mulher muito importante e que faz todo o sentido esse tipo de tratamento e atenção, bom seria que todos tivessem essa atenção e modo de funcionar... Beijinhos e muitas felicidades para a Mafalda
tive os meus dois filhos no Hospital da Estefânea e também não o trocaria por nenhum outro do mundo.
lá tb fui mimada, amparada e cuidada.
lembro-me de um episódio que ilustra todo o cuidado daqueles profissionais: uma manhã tive que ir tomar banho e pedi à senhora do lado para me dar um olho na sara; quando voltei a bebé não estava lá...estava ao colo de uma enfermeira que lhe acalmava o choro enquanto eu não regressava.
:)
tal como tu, só tenho boas recordações.
até me emocionei, querida
As lágrimas chegaram-me aos olhos depois de lêr este post.
Aconteceu-me o mesmo, guardo as mesmas boas recordações desse local... foi lá que fui acarinhada, preparada para um nascimento desejado...foi no HDE que renasci.
beijo emocionado!
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