quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Das férias II

Não foram na minha praia, pois não. Foram lá em cima, numa casa gentilmente emprestada por amigos. E eu deixei-me conquistar, não sem um pequeno sentimento de culpa, como que por me achar a trair a praia que me acolheu todos os Verões desde a infância. Mas depois a culpa desvaneceu-se.

As saudades não. Olhava para o mar e pensava como estariam as ondas por lá, punha um pé na água e pensava qual seria a temperatura da água lá, ouvia o chilrear das crianças e pensava como estarão mais crescidas as das minhas amigas, olhava as pessoas e lembrava-me das pessoas com quem vivi todos estes verões.

Não foram na minha praia mas foram no meu Norte. Que eu bem sei que está mal formulada a questão e que sou eu que lhes pertenço e não o contrário.

Naquela praia os campos de milho chegam quase ao areal, os muros são de granito e o pão sabe a bolos. O areal fica quase ao sair da porta e não há preocupações com a indumentária e a vida social. Vive-se, simplesmente. Desfruta-se.

As gaivotas pedem-nos comida ao fim da tarde, insistentemente, e eu gostei de lhes dar pão. Há rochas, pedrinhas redondas que parecem feitas para as colocarmos em colares, um mar acolhedor e um areal quase só para nós. Há dunas e uma capela de granito nas arribas e o tempo é o que nós quisermos.

E há mais do que isso. Eramos nós. Só nós. Os dois, os três. Distância e familia na conta certa. Nós. Nós! E isso contaria só por si.

Nestas férias houve novidades, estreias absolutas, que de tão naturais quase não se notaram como tal. E houve o regresso a lugares que acho que conheço antes de existir, por mais estranho que isso possa parecer, e a paz e a segurança que isso me trás.

E houve a volta e o coração que se aperta sempre nessas alturas. Sempre.Aperta-se ao virar as costas ao mar e à areia, aperta-se ao ouvir o som da porta da casa a fechar-se atrás de nós, aperta-se aos primeiros metros percorridos pelo carro, aperta-se mais abaixo, ao passar pelo Porto de Leixões e, mais ainda, ao passar o Douro. E nessa altura é difícl resistir como até aí, e olho para trás. É a volta, sem mais nada a fazer.

Para trás ficaram poucos dias mas muitas coisas.
E ficou o que o coração conseguio guardar. Isso e as coisas que encomendámos lá por cima para este bebé e que a(o) aconchegarão também a ela(e). Também a ela(e)... também mesmo antes de nascer.

7 comentários:

Unknown disse...

Para onde foste Margarida??? :-) O norte (e o resto do pais)é bem bonito não é???

Mary disse...

Como eu te compreendo, também deixei a minha praia (mais a sul) para vir para outras praias (norte).

Sinto necessidade de pelos menos passar uma semana na minha praia, de ver os amigos/conhecidos de ver as crianças a deixarem de ser crianças de ano para ano, preciso de ir á minha praia.

Felizmente ainda lá tenho minha casa, o que torna muito mais fácil, mas preciso respirar aquele ar. Começo a amar o Norte, mas a minha praia a minha zona, está bem cá dentro do meu coração.

Bom regresso das férias
Beijocas

tomodoro disse...

Pois. Mas foram igualmente boas. E diferentes. E inesquecíveis. Para o ano talvez a tua praia, a 3. :o)

Clara disse...

É inconfundível, a paisagem :)

anónimo disse...

Teresa?
(19 Outubro?)
beijocas

Margarida Atheling disse...

Anónimo: Teresa não será. Mas já sabias, certo?!
19?! Quem sabe? Talvez... :)

Bjinhos

Unknown disse...

Aguardo ansiosamente notícias do 3º elemento da família...

Espero que a gravidez esteja a correr bem...

Beijos

Isa