sábado, 24 de setembro de 2005

A Sul

A viagem é, realmente, de trabalho. Foi marcada pouco depois do meu regresso de férias.
Primeiro não liguei. Depois resmunguei. Queria ir para cima, tinha que ir para baixo!

Não me convinha uma viagem agora. Não em tempo de vindima. Mas era agora, tinha de ser.
Foi a primeira de uma série de viagens por aí, por este país.

Foram muitos quilómetros, muitas horas de viagem. Nos mais variados sentidos, em autoestradas, ICs, estradas municipais ou caminhos de terra batida. Às vezes sem caminhos nenhuns.
Com carros rápidos e confortáveis, em carroçarias de pickups e, em casos mais apertados, com motas 4x4.
Com roupinha lavada ou calças cheias de pó, cabelos despenteados pelo vento e portáteis numa mochila.
A falar com pessoas completamente diferentes. A conhecer mundos em tudo diferentes (opostos!) que coexistem lado a lado. Tudo num pedacinho no Sul deste rectângulozinho que é Portugal. Mas longe dos olhares.

Eu, perdi o rumo, como é normal. Nunca sabia por onde ía (mas sabia para onde tinha que ir porque nos tinham fornecido uma lista). Mas também não me importava muito. O risco não era grande, era evidente que haveriam sempre de nos encontrar.
A única coisa que me preocupava era saber de que lado estava o mar. Andava sempre de nariz no ar para tentar perceber. O resto não me importava. E quando o via, nem que fosse lá bem ao longe, só uma pontinha de azul, lá gritava: Olha, olha! O mar!!!
Às vezes viamos o mar, sim. Às vezes chegavamos lá. Ainda há praias sem casas e sem sequer caminhos!
Às vezes, largava o portátil e a tralha toda e não resistia. E depois molhava a roupa porque nem tinha toalha nem havia tempo para secar, e não sei como não me constipei.
E estava como queria...!

Foi tudo muito condensado. Há dias que valem por meses. Muda-se!
Há coisas que nos fazem mal que ficam a anos luz. Tudo muda de lugar. As referências são outras.
Quem é importante continua a ser importante. Mas, até isso, deixa de ser tão absoluto. Porque nos tornamos mais fortes, nos bastamos mais; porque o ar respirado assim nos torna mais livres, mais leves.
Há muita relutância em voltar. Se calhar com medo que esta força que se respirou nesse vento se esfume com o regresse à rotina, aos mesmos lugares, às mesmas pessoas, aos mesmos problemazinhos.
Enfim... eu sei que sou um bocadinho estranha.

17 comentários:

Anónimo disse...

Mas tu és mesmo assim!
Há tempo demais que estás fechada na tua concha.
Cá está a nossa Margaridinha a revelar-se. Tinhas saudades de espaços novos e liberdade, não tinhas?
Como tu sabes tirar partido destas coisas...! Algym dia ensinas-me, está bem? Como se isso não fosse uma capacidade que nasce com cada um...

Catarina

Oumun disse...

:)

bjocas

nelsonmateus disse...

enquanto à donzela andava lá pra baixo ... o je, andou la pra cima. braga, guimarães ... será k houvi alguém falar em barcelos? não?
pois! naõ tive tempo. além disso tbém m perdi. barcelos terá k ficar pra outra ocasião ...

ps: algum desses mundos é d algum interesse pra minha máq. fotográfica?

Anónimo disse...

Às vezes sabe bem "fugir" da rotina!
Pena é ter de voltar para ela.

Beijinhos

Clara disse...

Estranhos somos todos, cada 1 da sua maneira.
Mas confesso que fiquei roidinha de inveja da aventura.
beijos

Margarida Atheling disse...

Sim, suponho que são de interesse para qualquer máquina fotografica. A questão é que alguns deles são privados. Tão privados que até nós, que lá fomos em trabalho, tivemos que entregar, em certos momentos, máquinas fotograficas e telemóveis.
Mas, ainda assim, é sabido que o litoral alentejano e o barrocal algarvio são motivo de interesse.
No entanto os melhores sítios são mesmo os mais inacessíveis!

Anónimo disse...

Gostei de saber que te divertiste, por vezes sabe bem arejarr um pouco.

Bejokas

nelsonmateus disse...

maú! tu, por acaso, nã estas à dizer-m para invadir propriedades privadas, pois nã?

litoral alentejano, certo!

barrocal algarvio? vou ter k pesquisar no google ... nã faço a mínima ideia d onde poderá ficar?

Xuinha Foguetão disse...

Não te acho nada estranha!
Mas acho que estes dias te fizeram muito bem... até a mim, só de te ler e de me imaginar no teu lugar.

Um beijão enorme!

kikas disse...

D estranha não tens mesmo nada...gosto muito dos temas que debates, fazem-nos pensar sempre um pouco mais :-)
Beijocas
kikas

Anónimo disse...

Começo a reconhecer a Margarida de há algum tempo atrás. Fico feliz q tenhas disfrutado da maresia, do vento no rosto e de todos os outros estímulos. Apenas me preocupa o estado de alma q te leva a desejá-los tão desesperadamente... enfim, pode ser apenas impressão minha. Um abraço da guerreira

Jolie disse...

:)

Uma bela aventura...

Mãe Pipoca disse...

Mas que delícia de dias, mesmo a trabalho. Fiquei cheiinha de inveja, da boa. És um espírito errante, estar presa atrofia-te.
Bjs

Mãe Pipoca disse...

Mas que delícia de dias, mesmo a trabalho. Fiquei cheiinha de inveja, da boa. És um espírito errante, estar presa atrofia-te.
Bjs

X disse...

Vir ao teu blog é sempre repousante... não sei explicar porquê, mas sinto-me bem a ler-te :) E esta tua imagem da flor rosa é simplesmente maravilhosa :)

Beijinhos!

Sara MM disse...

Custa sempre tanto voltar... e com sentimentos desses, tens mesmo de confiar no teu lado mais forte, para poderes continuar lá no alto, com a plenitude que te deu essa viagem!'tá?
Sorte! BJs.

Margarida Atheling disse...

Ó Sofia...! :)
Obrigada por avisares!

Muitos parabéns!!!
Que o Trovador Rafael tenha a vida linda que só as lendas da Idade Média permitem conhecer! :)

Muitos beijinhos! Aos dois!!!