sábado, 30 de julho de 2005

Férias

Afinal não fui ontem de férias!
Vou hoje! À noite. Mas vou, finalmente!

Não houve tempo para todas as despedidas.
Não houve tempo para deixar em ordem tudo o que era preciso.
Enfim...

Também não vou para o outro lado do mundo.
Vou só ali ao lado. Posso vir a casa rápidamente. Posso mas não quero.
Vou virar as costas à terra, às obrigações, aos relógios...
Vou adormecer e acordar com o cheiro do mar (quando está bravo até adormeço a ouvi-lo).
Vou tomar banho com a bandeira vermelha e ver as pessoas serem arrastadas (que má!). Rir e conversar com os amigos de anos e anos, até tirarem os toldos e anoitecer e não haver mais ninguém na praia.
Levar os pequenitos para fora de pé para aprenderem, como fizeram comigo. E cantar canções idiotas, como todos os anos.
E passear com os cães na praia naqueles dias de nevoeiro em que não se vê nada para além do mar e da areia.
E render-me à preguiça e fazer só o que me apetecer.
E sentir-me leve, e em Paz... e livre! Pelo menos um bocadinho!

Até qualquer dia! :)

Ai... anda tudo tontinho! Ontem ofereceram-me este barquinho de papel com votos de boas férias. Por acaso aquele mar nem é sítio para barcos...
Há anos que não via um barco destes! Acho que as férias tornam as pessoas um bocadinho infantis! :)

quinta-feira, 28 de julho de 2005

Auditoria

As auditorias são o sonho de qualquer pessoa. Mais ainda de uma rapariguinha de letras, que se vê atirada para a frente e obrigada a preparar tudo e a assumir a responsabilidade.

Dormi duas horas e meia.
Tomei o pequeno-almoço e, depois disso, o único tempo que consegui arranjar foram dez minutos para comer um iogurte a fingir que era almoço.

Ela, a pessoa da auditoria, esteve aqui até agora!
Papéis, papéis, papéis... mais registos informáticos. Declarações, certificados, registos, planos, cadernos de campo, elementos contabilisticos...
Pronto. Estava tudo em dia.
Passou a estar depois desta noite.
Livra! Não sabia que conseguia sair-me tão bem disto!

E depois... nem foi desagradável.
Começámos na conversa e foram horas. Os cães, a praia, a mudança dela para Braga ( farta-se de fazer quilómetros!), os livros, a prima, os homens, a família, o Norte...

Tudo esta bem quando acaba bem!
E a verdade é que me queixo mas gosto bem de desafios. Posso estar morta de cansaço, mas a sensação de ter cumprido um objectivo é muito boa.
E agora... vou jantar, pois claro!

Ai...

Estou cheia de soninho... e nem sei quando me vou deitar!
Maldito trabalho!

Ora... faltam dois dias.

Evoluções

Há alturas do ano propícias a certo tipo de conversas. Esta é propícia a temas como férias e viagens que, muitas vezes, vai dar ao mesmo.
Ora, por cá a regra é também essa.

O meu pai fica sempre muito aflito de cada vez que eu ou o meu irmão recorremos aos aviões.
E explica até à exaustão os riscos. E apresenta argumentos e alternativas. E cansa-se em vão porque o meu irmão não só não tem medo como adora andar de avião e eu, confesso que não gosto muito de descolagens e aterragens, nem tão pouco de voar sobre o mar, mas não deixo de fazer nada por isso.

Cansa-se! E cansa-nos!
Tudo é perigoso: a descolagem, os ventos, as falhas de motor, a aproximação à pista, a saída do trem de aterragem, o momento de aterragem própriamente dito... tudo! E entra em pormenores técnicos.
Um perigo enorme e mostruoso que o deixa sem dormir nas noites que antecedem uma viagem dos filhos.

Ora até aqui tudo muito bem. Com algum exagero, mas tudo bem.
A questão é que o meu pai nem sempre foi assim.
Durante o tempo que vivei no Porto, não havia semana em que não fizesse pelo menos uma viagem de avião para Lisboa ( e depois regressava, pois claro!). Pior do que isso: aprendeu a pilotar aviões! E até andou de asa delta!
O avião sempre foi, até ao dia em que os filhos começaram a viajar sózinhos, o mais seguro e confortável meio de transporte. Até esse dia...
Coitado... ! Será que um dia vou ser assim?!

terça-feira, 26 de julho de 2005

Emilio de Roure


Numa das deambulações ( não muito comuns) pelos cimos de uns monte aqui perto, onde andam a instalar alguns moinhos para produção de energia, encontrei, entre velhas casas de pedra abandonadas um baú antigo, em relativo mau estado, atirado para a beira de um caminho.

Era, notoriamente, do século XIX. Faltava-lhe uma pega, tinha o forro de fora, de cor salmão, semi-destruído, faltava-lhe o de dentro, e tinha duas peças de madeira partidas. Mas tinha, no cimo, uma chapinha de metal pregada com um nome: Emilio de Roure.

Era o nome do dono. E o dono viajava. No século XIX punham aquelas chapas nos baús de viagem para não se perderem nos navios e nas carruagens.
O baú começou a ganhar identidade para mim. Começou a deixar de ser lixo abandonado. Peguei nele e trouxe-o.
O que menos me fazia falta era um baú. Muito menos um baú em tão mau estado. Mas não fui capaz de o deixar ali.

Queria saber porquê que ele estava ali.
O dono chamava-se Emilio de Roure. Viveu no século XIX, era óbvio que andava em viagem mas não sabia de onde nem para onde.
Perdi a noite a tentar descobrir quem era ele.

Era de uma famíla alemã. E sim, viveu em meados do século XIX. Um familiar casou aqui, numa quinta das redondezas. Ele veio cá visitá-lo.
Quando voltou à Alemanha, ficou o baú. Não sei por que mãos passou até ter acabado agora no lixo, tanto tempo depois.

Não sei que voltas mais deu o Sr. Emilio de Roure, não sei se era bonito ou feio, ou sequer inteligente ou burro. Não sei com que espirito viajava. Não sei se era boa ou má pessoa.
Não sei, mas gostava de saber a resposta a algumas destas coisas. Ou talvez seja melhor deixar assim mesmo.

Sei que guardei o baú na arrecadação. Talvez um dia mande restaurá-lo. Não por ser bonito, mas porque acho que merece. Porque gostava que ele falasse e contasse por onde andou e a aventura que era viajar nesse tempo, naquelas condições, em navios e em carruagens, sem comunicações rápidas, quase sem estradas, sem marcações em hotéis, a dormir em locais improvisados, com um ritmo tão diferente. De uma forma tão mais romântica do que hoje...
E está ali quietinho. Tocar nele é quase chegar lá.

segunda-feira, 25 de julho de 2005

Os livros que não leio

Quando era pequena adorava livros. Livros e bonecas!
Ainda não sabia ler e passeava-me com um livro na mão, de nariz arrebitado e ares de menina crescida. Umas vezes sentava-me com eles no colo e passava as folhas, pausadamente, como se tivesse muito concentrada na leitura. Outras vezes pendurava-me numa das oliveiras da alameda e esperava pelo meu avô para lhe dizer, de livro na mão e ar seguro:

- Avô! Já sei ler! Quer ouvir?

Claro que não sabia ainda. Claro que tinha a história decorada. E claro que o meu avô sabia disso, mas queria sempre ouvir a histórinha.

Depressa aprendi a ler. E lia, imenso!
Os livros da Anita, a colecção ABC...
Depois foi a fase do Petzi que lia sofregamente na praia e que me recusava sequer a pegar durante o resto do ano porque me faziam sentir saudades do mar.
E os Cinco, que me inspiravam, a mim e não só, a fazer passeios e lanches e até a arranjar um clube e a fazer sortidas noturnas (até termos sido apanhados pelo meus pais) com a R., a P., o meu irmão e um cão chamando Timmy. E os Sete, e a Patrícia...

Logo de seguida comecei, na vinda de umas férias, a ler um livro do Júlio Dinis e a espantar-me com os sentimentos da gente crescida. Eu sabia lá o que era o amor...!
E li esse, e outro, e outro de seguida. Acho que marcou a minha passagem para a adolescência. Foi nesse fim de Verão que descobri que sair de noite, para o jardim ou para as laranjeiras, de roupão e sentir a brisa morna na pele tinha um encanto que não conhecia até ali.

E depois destes descobri o Camilo e o Eça. E depois destes muitos, muitos outros. Companhias de serões, de férias, de momentos bons e maus, formas de viajar sem sair do mesmo local.

Comprava-os de acordo com o tempo e com a gestão da semanada. Até ao dia em que só o tempo me limitou nas compras.
Mas lia. Lia muito. Por prazer.
E não havia nunca um livro em casa que não tivesse lido.
Agora, continuo a comprá-los. Compulsivamente, por hábito, ou sei lá porquê. Mas já não os leio assim. Falta-me o tempo, tenho outras solicitações... não sei bem porquê. Sei que tenho livros em casa que não li. Cada vez mais. Estou a comprá-los a um ritmo mais rápido do que os leio e estou a acumula-los. Se calhar é normal. Deve ser mesmo! Quando fôr velhinha hei-de ler muito e, pelo menos já tenho os livros comprados.

Esclarecimento


Quando reparei vi que, inadvertidamente, levei várias pessoas a um engano.
Esta fotografia é de Barcelos. E a que está lá mais abaixo também.
É Barcelos!
Sim... que não se pode sentir saudades de um sítio que não se conhece - Évora, conheço - ! Uma amiga minha diz que sim, mas eu não acredito. Já me basta sentir do que conheço!
É daquelas coisas que só lhe acontecem a ela! Essas e outras...

sábado, 23 de julho de 2005

Sábado

Trabalhar ao Sábado é penoso. Particularmente penoso, hoje.
Acordei às quatro e meia e tive a sensação de que não tinha ligado o despertador do telemóvel. Tacteei o tampo de cima da mesa de cabeceira à procura dele, no lugar do costume. Não estava lá. Tacteei o tampo de baixo. O mesmo resultado.
Levantei-me, acendi a luz. Procurei na carteira, na secretária, nas prateleiras, em cima do guarda-roupa, no chão, nos bolsos... Nada!
Procurei na cozinha, na sala, na casa de jantar, na casa de banho, no hall... perdi o sono...
Subi as escadas. Estava em cima do sofá da salinha das águas-furtadas.
Resultado: noite perdida. Mas não faz muito mal. Tenho sono... paciência!
Daqui a uma semana, a esta hora, não estarei aqui. Estarei com os pézinhos na areia. Melhor; com um bocado de sorte, estarei com os pézinhos na água. Os pézinhos e o resto! É melhor concentrar-me nisso!

sexta-feira, 22 de julho de 2005

Saudades


Estou mesmo sem tempo.
E porque estou sem tempo só posso dizer que também estou com saudades daqui.
E que tenho saudades daqui só porque estou sem tempo.

quinta-feira, 21 de julho de 2005

Quarto com vista sobre a cidade


Recebi ontem um presente de uma amiga - daquelas à séria! - e tirei partido dele na primeira ocasião: a noite de ontem.

Não sabia que tinha saudades daqueles sítios.
Também tive um quarto com vista sobre aquela cidade, linda, linda!
Tenho saudades do quarto e do jardim, e de me perder por lá - perco-me sempre, em todo o lado, menos no Minho - da Ponte Vecchio, do rio, das praças que, para minha sorte não estavam nessa altura apinhadas de turistas como parece que é costume estarem - da catedral, do restaurante do Georgius, da escala humana da cidade e divina dos monumentos, das pessoas, de apanhar um taxi a correr sempre tarde, da vendedora do quiosque que todos os dias me desejava buona fortuna, do tempo frio que começou a fazer e de ter que comprar camisolas mais quentes...
Mas não estava apaixonada. Nem me apaixonei por lá!
Não uma saudade daquelas que causam dor. Nem era sentir a falta. Era uma recordação doce, a sensação de que não me importava nada de lá voltar, a consciência de que tive sorte de viver um bocadinho daquele sítio. Mas, por outro lado... há tantos outros sítios que não conheço...

Um filme para espíritos femininos!
Liga bem com almofadas, roupão e o resto do semi-frio de morangos que fiz quando me deu vontade de cozinhar!
Pelo menos desta vez sei porquê que me deitei tarde.

quarta-feira, 20 de julho de 2005

Eficácia, ou... como as aparências iludem

Dois computadores abertos em cima da secretária.
Uns papéis espalhados.
Gestos amplos, de quem está com pressa e, de vez em quando, um sopro para levantar o cabelo da testa.
Um colega que tenta - em vão - fazer-nos interessar pela viagem que vai fazer nos miseros 20 dias que nos deram de férias.
O olhar que não se desliga dos ecrãs. Ora um ora outro.
O comentário previsível, ao fim de um tempo:

- Mas tu estás a trabalhar com dois computadores?! Como é que consegues?! Estás a fazer o quê?!

Resposta:

- Estou só a passar umas coisas para o meu portátil porque vou trabalhar para casa. Não me apetece ver ninguém! Vou sair já!

- Ah! Sim?!... Assim de repente pensei... Como é que conseguias?! E porquê?!

Palerma - eu, claro! Podia ter aproveitado a imagem de super-eficiente!

Será muito mau?

Será muito mau chegar ao local de trabalho e dizer para não nos pedirem nada hoje? Que não esperem que faça nada? Hoje não!
Que já parti um farolim e que é muito estranho, porque os estragos deviam ter sido muito maiores?
Que a minha capacidade de concentração está lá, muito abaixo de zero?
Que não sei onde anda a minha cabeça?
Que estou cansada - muito - mas não tenho sono?
Que não me apetece estar aqui, mas que também não me apetecem as férias que chegam daqui a 10 dias?
Que não sei onde quero estar?
Que estou só a fazer figura de corpo presente?
Que não consigo ler três linhas seguidas?
Que não se atravessem à minha frente?
Só hoje! Será muito mau?!

terça-feira, 19 de julho de 2005

Apreensiva

Sim... estou um bocadinho apreensiva.
Não consigo deixar de tentar perceber o que leva uma pessoa racional e objectiva a procurar respostas em previsões... esotéricas. Mais ainda quando essa pessoa nos é muito, muito próxima.
Acima de tudo, quando me vejo envolvida nas previsões.

Ontem, bem fora de horas, essa pessoa - que era suposto estar bem longe - apareceu em casa e chamou-me para uma conversinha.
Estranhei um bocadinho, mas fiquei por isso mesmo.
Estranhei depois a forma insistente como olhava para mim.
Estranhei mais o rumo da conversa.

Percebi que tinha ido a uma vidente. Não uma qualquer! Uma boa! Talvez a melhor do pais!
Fantástico! Isto ia mesmo bem!!!

Fiquei a saber que o meu irmão ia, finalmente, assentar! Parece que é desta...
Ainda bem! Até porque gosto muito da namorada dele!

Fiquei a saber que eu tinha deixado definitivamente de sentir o que quer que fosse pelo... enfim, por aquele pesadelo! De vez! Arrumado e enterrado! Sem sequelas!
Bolas! Já tinha dito isso tanta vez! Vão perguntar a uma vidente?!

Também fiquei a saber que eu tenho asas! Que coisinha linda...!
Que preciso de espaço. Que sou muito inteligente ( ?!), mas muito sensível.
Que tenho recusado pessoas que gostam de mim.
Que existe uma pessoa - a pessoa - mesmo que eu não saiba ainda e, parece, que ele também não. Que ele não está perto - pois claro, para facilitar - , que vamos ser muito, muito felizes - um conto de fadas! - e que eu vou abdicar de muitas coisas a nível profissional a favor dessa nova família que há-de surgir.

A preocupação apresentada era o facto de abdicar de coisas e o longe. Sim, porque longe pode ser muita coisa. Pode ser muito longe, pouco longe, outra cidade, outra região, outro país. E depois...? Se era capaz de ir viver para longe?
Eu sei lá onde é o longe!!! E sim, era capaz de viver longe. Mas será que falo para surdos?
E quem é ele??? É melhor fazerem a pegunta à vidente e depois digam-me qualquer coisa, porque dava-me um certo jeito saber.

E será que acreditam mesmo nestas coisas?! Sim... porque o que me preocupa mesmo é se levam isto a sério. Ai, que me parece que estou rodeada de estranhos!

segunda-feira, 18 de julho de 2005

Apetites

Cheguei agora a casa e ainda não jantei.
Tenho o jantar feito mas não sei o que é. Nem me apetece!

Hoje - agora! - está a apetecer-me cozinhar!
Bem sei... Bem sei que não uma coisa muito normal. Ninguém, no seu perfeito juízo, tem vontade de cozinhar a uma hora destas, depois de um dia de trabalho.
Mas lá que me apetece, a mim, apetece! E muito!
Bom... vou para a cozinha!

Músicas

Há alturas em que ouço uma música até à exaustão. Vezes e vezes repetidas. Às vezes porque gosto muito dela, mas outras vezes nem sei porquê.

Agora, durante as viagens diárias é o último CD dos Coldplay. Durante o dia é uma rádio escocesa - sempre a mesma! - intercalada com a música que, actualmente, serve de fundo a um blog - ouço-a uma, duas, três vezes. Oculto a janela para poder trabalhar e esqueço-me disso. De vez em quando volto a ouvi-la.
E fui sempre assim. Não admira que, muito tempo depois, relacione determinadas músicas com recordações muito precisas de momentos da minha vida. Muitas vezes, coisas sem importância.

Ontem à noite ouvi um CD que não ouvia há muito tempo. E funciona sempre assim.
Viagem até ao início do segundo ano do mestrado.
Tinha regressado de umas férias enormes.
Horas e horas passadas na salinha das águas furtadas, telefonemas de horas com a minha amiga C. sentada no sofá junto à janela. Trabalhava quatro dias por semana no arquivo, a fazer a busca, e um e meio em casa para organizar os resultados. Isto para além dos serões. Subia sempre para trabalhar às 10 da noite. Todos os dias durante a semana. Às vezes adormecia lá.
Centenas de cotas e mil e qualquer coisa, fichas.
Almoçava sempre às sextas-feira com a J. e a S.
Usava muito um relógio que parti no mar.
Lanchava sempre, hábito que perdi.
Quando me pediam o número de telemóvel, normalmente, dava o número errado - não sei porquê - e depois toda a gente se queixava!
Tinha uma cadela, já velhinha na altura, de raça beagle, sensata e discreta que me fazia companhia - tenho muitas saudades dela!
Ia a muitos congressos, e os professores tinham muita esperança no meu trabalho.
Lá me convenci a ir a Braga - em boa hora!
Tinha um colega, absolutamente maluco, que me telefonava muito, e eu, quase sempre, não atendia.
Foi altura sem nada de especial.
Mas era bem mais organizada... Muito mais!

E pronto, é sempre assim.
Há músicas que são um bilhete para viajar no tempo. Simplesmente porque as ouvi repetidamente.

domingo, 17 de julho de 2005

Without title

Um Domingo também pode servir só para dormir até tarde e não fazer nada.
Repor as horas de sono que tinha a menos e descansar das muitas coisas que tenho tentado comprimir em tempo demasiado curto para que elas lá caibam.
Só!

sexta-feira, 15 de julho de 2005

Mala de mulher

Pediram-me um lenço.
Disse para tirar de dentro da mala. A S. procurou... e lá encontrou. Mas teve trabalho.
Porque lá dentro está o pacote de lenços - que qualquer mulher que se preze trás. E tudo o resto que faz parte: a escova do cabelo, a carteira, o baton hidrantante (incolor), duas canetas, um livro, um CD, um elástico para o cabelo, o telemóvel, os óculos de Sol, a agenda, uma garrafa de água mineral, as chaves e... o protector solar e um biquini. Pois, porque agora no Verão, nunca se sabe quando se tornam absolutamente indispensáveis! Nem que seja mesmo, mesmo ao fim do dia!
Claro que dá um trabalhão de todas as vezes que mudo de mala, mas não importa nada! É que uma mulher sem o conteúdo normal da sua mala fica muito limitada!

quinta-feira, 14 de julho de 2005

Mail, from Scotland

Não, não é nenhum email. É mail mesmo. Dos outros, dos tradicionais.
Acabaram de me trazer o correio e, entre um monte de coisas desinteressantes, e mais ou menos rotineiras, lá vinha um envelope daqueles clássicos, amarelados, com selos do Royal Mail e rementente de Edimburgo.

Um convite. Para uma conferência.
Primeiro espantei-me com a data da conferência: 28 de Junho a 2 de Julho de 2006. Ainda falta tanto tempo! Aqueles escoceses são mesmo assim, tudo bem organizado. Há os trabalhos, há as marcações... Ai, nisso sou muito portuguesinha!
Depois espantei-me com o sítio: Austrália?! Darwin?! Mas porquê?!
Bem, não interessa nada! Porque sim, porque até existem razões para isso!

Não é nada provável que vá. Parece-me demasiado longe. E depois, é tão semelhante a tantas outras que se fazem na Europa.
Mas soube-me tão bem receber o convite... Como se os horizontes se alargassem um bocadinho. Como por magia! No momento certo! Uma lufada de ar fresco quando estava a sentir-me asfixiada!
Apetecia-me aceitar. Este e outros. Todos os outros. E viver assim, a fazer só aquilo de que gosto e ainda viajar. E até era possível. Não é muito fácil, mas é possível.
Bom... pelo menos deixou-me mais bem disposta! Livra!

Não quero!

Não suporto sentir-me apertada. Asfixiada por compromissos que não desejei. Por escolhas que não foram bem minhas, que foram cedências.
Não suporto que me marquem reuniões para as 8 da noite de sexta-feira, sem me consultarem, que aceitem compromissos em meu nome e que me deixem apenas a função de acertar os detalhes e executar as coisas.
Não suporto sentir-me amarrada a obrigações e sítios que não quero!
Não quero! Por dinheiro nenhum!
Vão perceber, um dia destes, que não me seguram assim, à força. Quanto mais tentarem prender-me mais vou ter tendência para tentar soltar-me.
Não quero mais trabalhos, nem responsabilidades profissionais, nem mais dinheiro. Não quero!!! Quero liberdade, e ar, e espaço, e distância...
E um destes dias vou encontrar a coragem que pensava que não tinha...
Caramba! Estou mesmo saturada!

quarta-feira, 13 de julho de 2005

O que é preciso?!

E para afastar, de vez, sombras sobre a cabeça, muitas vezes nada melhor do que fazer qualquer coisa que não fariamos em condições normais. Como sair, durante a semana, com tantas coisas por fazer.

Ontem, num bar, estava um grupo relativamente grande de amigos e conhecidos, que se subdivia em sub grupos de duas ou três pessoas, de acordo com o interesse nas conversas.
Fui ao balcão buscar um sumo de laranja - sim, só sumo de laranja. Sem vodka! - e, nas minhas costas, o meu irmão falava com um amigo. Não ouvia o que estavam a dizer, nem me interessava mas, de repente, ouve-se muito distintamente:

- O que é que é preciso para ser namorado da tua irmã?

Devo ter esbugalhado os olhos!
O meu irmão respondeu que, já que eu estava ali, o melhor era perguntar-me.
Riso geral.
Perante a surpresa lembrei-me de responder com a coisa mais absurda que me viesse à boca.

- Fazer o pino e tocar violino!

- Então amanhã vou já a uma escola de música!

- Mas é ao mesmo tempo!!!

- Vou tentar!

- Ah... Mas é preciso mais umas coisitas...! Esquece!

Claro que mesmo que ele fizesse tudo isso a ainda cozinhasse, recitasse poesia, desse banho ao cão, tocasse piano e desenhasse como o Leonardo daVinci, e apesar de até ser bonitinho, eu não estava interessada nele.
Claro que lhe disse isso - de uma forma mais leve.
E claro que acho que não lhe parti o coração.
Mas, ás vezes, nada como uma coisa perfeitamente absurda para nos sacudir e provocar o riso. A mim, e aos outros!

terça-feira, 12 de julho de 2005

O lado sombrio

Sim... se calhar todos temos um lado sombrio. Eu tenho.
Por menos simpático que seja, até prefiro falar dele do que calar. Porque não me agrada que façam uma ideia demasiado simpática de mim, simplesmente, porque eu não sou só isso. E também porque esse outro lado, me está a ensombrar neste momento. Ontem e hoje.

É verdade que tive uma infância de conto de fadas. É verdade que tive imensa sorte com os avós, de um modo geral. Imensa!!!
É verdade que os adoro. Que, apesar de me custar muito, resolvi ser eu a amparar a cabeça do meu avô J. quando ele morreu. Tinha de ser eu - ele gostava mais de mim do que de tudo na vida!
É verdade que a família, para mim, é sagrada. Que tenho uma relação afectiva, talvez difícil de entender para a maioria das pessoas, com avós que viveram há séculos, que lhes conheço os gostos, e me enterneço com as histórias sobre as suas vidas.

Mas há uma excepção.
Há uma pessoa que não é assim. Nunca foi assim durante toda a sua vida.
Foi sempre egoista ao extremo, semeou a discordia entre as pessoas mais próximas para tirar partido disso, para manobrar as pessoas.
Uma pessoa fria que nunca conseguiu olhar com respeito para os que viveram antes e carinho para os que nasceram depois. Que sempre pensou só em si. Uma pessoa que está na origem da maioria das minhas más memórias.
Agora, não me importa que faça anos.Justify Full
Não me importa que precise de mim. Porque até nem precisa. Tem assegurado tudo o que precisa: tem um lugar confortável para viver e quem trate dela. Claro que quero que esteja bem, que tenho pena quando não está. Mas quero manter a distancia. Visito-a, mas não me peçam que o faça todas as semanas.
A ideia de ter de passar o dia de ontem e de hoje na companhia dessa pessoa deixou-me com os nervos à flor da pele. Perturbou-me o trabalho e o descanso! Alterou-me o comportamento! Tirou-me a paz!
Não suporto que venha agora fazer-me festas no cabelo, que me agarre as mãos, que me chame e toda a hora. Não suporto!

E sinto-me mal comigo, porque, no fundo, no fundo, custa-me que seja assim!
Custa-me que não tenha sido diferente! E podia ter sido...
Sinto que, se calhar, até sou má. Se calhar eu também sou má!
Tomara que o tempo passe depressa, que daqui a pouco isto já tenha passado, e que me pareça que foi apenas um sonho mau!

domingo, 10 de julho de 2005

Domingo



Se não fossem estes Domingos não sei como conseguiria enfrentar a semana. Mas assim... até consigo!


Dia calminho.
Nevoeiro a meio da manhã. O mar ensonado e sem ondas.
Eu, fugi com a minha amiga A. e os dois filhotes dela para uma prainha perto da minha - da nossa.


Nenhuma das duas sabe muito bem o que fazer num mar sem ondas.
Os meus pais resolveram fazer uma visitinha e passar por lá.
O meu pai, que fez mergulho e, portanto, não tem grande autoridade para me chamar a atenção em assuntos do mar, continua a dizer que eu me afasto demais - como se continuasse a ser pequena. Mas, a páginas tantas foi ele que começou a afastar-se. E eu atrás, pois claro! Mas assim já não há perigo, diz ele!

Foi então que me lembrei de tentar uma coisa.

Quando era pequena não era capaz de abrir os olhos dentro de água. Resolvi experimentar agora!
E não é que consigo?!
Perfeitamente! Não me custa nada!
E pronto... foi o resto do dia debaixo de água! Até me esqueci da temperatura!
Ora as rochas, ora as algas...


Uma colega minha, lá do segundo trabalho tinha-me desafiado para a acompanhar num curso de mergulho. Bem sei que é com óculos, mas senti-me tão bem lá por baixo que, acho que vou mesmo ter de arranjar maneira de lhe fazer companhia!
PS. 1 A situação não é bem o que parece. A praia não estava deserta e eu não estava a olhar para o horizonte. Estava a olhar pelo piolhito da minha amiga A. que, apesar de ter só um ano, tem uma enorme mobilidade em direcção à água e estava numa rampa em frente, que nem se percebe que existe. Mas que estava tudo muito calmo... estava!

sábado, 9 de julho de 2005

Sábado à noite


Durante a viagem do trabalho para casa, ontem, fui sentindo e vendo fumo.
Quando cheguei a casa a vista, no horizonte, a Oeste, era esta. Um incêndio, e fumo. O ar cheirava a queimado. Era insuportável.

No dia antes um atentado em Londres, agora um incêndio ás portas de casa.
Jantei com as portas abertas porque estava calor. Mas aquele cheiro a incêndio incomodava.
Peguei num saco e no cão e fui dormir à praia.

Um trânsito enorme. Carros e mais carros. Parece que toda a gente se lembrou do mesmo...
Quando lá cheguei estava o meu vizinho com o jeep em frente ao portão dele e as pranchas - nunca percebi para o que era preciso aquilo tudo - encostadas ao meu. Riu-se, tirou-as de lá para dentro do páteo dele disse o habitual:

- Mais um ano, hein?!

Mas não. Vim só passar a noite. Fugir do calor e do cheiro a queimado. E pôr a conversa em dia com uma boa amiga. E valeu a pena! Não dormi quase nada, mas pusemos mesmo a conversa em dia. Tipo adolescentes, com risos e cumplicidades.

Conhecemo-nos quando eu tinha dez anos e passei a fazer férias naquela praia.
Ficámos amigas desde o primeiro dia até hoje!
Começámos por enterrar bancos na areia - nunca mais os encontrámos!
Ela não tinha medo das ondas. Eu estranhava; estava habituada aos mares mais do Sul.
Ela mostrou que era divertido. Eu perdi o medo.
Ela pedia sempre ondas maiores e maiores. Eu entrei no jogo.
Maiores, muito maiores do que nós!
Aprendi a mergulhar e a ficar quietinha lá em baixo, com os dedos presos na areia e na horizontal até poder voltar à superfície. Expliquei-lhe porquê que não era arrastada. Passou a ser uma técnica nossa e da T.!
E os passeios de biciclete, com o grupo todo. Quilómetros e quilómetros...
A primeira ida a uma discoteca.
Os primeiros suspiros...

Caramba! Crescemos juntas!
Somos mesmo muito amigas!
E continuamos a rir das mesmas coisas de que riamos quando tinhamos dez anos!
Não temos o mesmo tempo. Nem eu nem ela.
O marido foi ao Norte, ela ficou desta vez.
Tem dois filhos pequeninos - mesmo muito pequeninos. Foi sem querer, diz ela a rir! - , temos os trabalhos. Já não temos os verões quase intermináveis, mas continuamos muito amigas!

sexta-feira, 8 de julho de 2005

Ponto da situaçao

A internet está, há dias, a funcionar aos soluços e a empresa fornecedora a dizer que está tudo bem.

Eu continuo sem tempo para nada.

Continuo a fazer coisas fantásticas como tentar fechar a porta do escritório com a chave de casa e tentar abrir a porta de casa com a chave do escritório. A deitar-me cada vez mais tarde.
A ouvir o encarregado do arranjo do muro dizer-me:

- Ó menina, devia ir ao Norte no fim de semana! Aquilo a que é: Braga, Guimarães, o Bom Jesus, muitos castelos e o porto de Leixões! Lá à minha beira é só castelos. Eu até lhe digo onde ficam!

Eu sei bem onde ficam os castelos. E não percebo o critério de escolha dos locais a visitar. Mas nem vale a pena!

E também há um telefonema simpático de uma amiga de longa data:

- Vou passar o fim-de-semana lá à praia. Vens não vens?!
Não acredito que não venhas!!! Isso não é teu...

Pois não. Não é meu! Mas tem de ser!
Portanto a situação é esta: falta de tempo e internet avariada, ou quase - valha-me o facto de andar bem disposta!
Donde, as visitas aos blogs do costume se encontram muito dificultadas e a actualização deste também. Mas está um dia lindo, não está?!

quinta-feira, 7 de julho de 2005


Não me é indiferente!

quarta-feira, 6 de julho de 2005

Despertador

Tenho um mecânismo natural que me leva a acordar, quase sempre, um bocadinho antes da hora necessária.
Mas o "quase" pode, às vezes, revelar-se muito prejudicial. E, para dormir mais tranquila, normalmente, durante a semana, ligo o despertador.
Há dias em que acordo fresquinha e desligo-o minutos antes de tocar.
Há outros dias em que tenho sono e aproveito para ficar na cama até ao último minuto.

Hoje acordei e reparei que as aberturas das portadas deixavam passar muita luz do Sol.
O despertador ainda não tinha tocado. Eu tinha sono.
Voltei-me para o outro lado, aninhei-me na almofada e adormeci de novo.
Acordei com o toque do despertador que, diga-se em abono da verdade, não é a mais poética das formas de começar o dia.

Levantei-me, olhei para o relógio e vi que... estava duas horas atrasada!
Enganei-me e marquei o despertador para duas horas depois do que devia!
Depois segue-se o que era de esperar: duche a correr, vestir qualquer coisa, tomar o pequeno-almoço em pé... Tenho duas horas para recuperar durante o dia! A minha Mãe bem que dizia, quando eu era pequena, que eu era uma cabeça de vento!

terça-feira, 5 de julho de 2005

Há músicas...

Há músicas que se respiram, enchem a alma a tornam-nos leves, absolutamente sem peso.
É nestas alturas que dou graças por trabalhar numa sala só para mim - bem, a esta hora também não estaria cá mais ninguém de qualquer maneira, porque já foram todos para as suas casinhas - e por estas colunas novas que o meu patrão/pai resolveu comprar.
Ai, ai... :)

Made in Portugal

Até estou bem disposta. Assim daqueles dias em que temos um sorrizinho idiota prontinho a saltar sem nem sabermos porquê. Portanto, não fazia muito sentido escrever um post a soar a reclamação mas, realmente, há coisas que me fazem um bocadinho de confusão.

Esteve aqui uma pessoa, na qualidade de conhecido, mas que, profissionalmente, ocupa um lugar num organismo oficial na área dos vinhos.
Ora, em conversa amistosa, dizia ele que os vinhos portugueses não são como os iatalianos ou os franceses. Que os nossos não têm mercado. Que quem compra vinhos, compra mais uma imagem do que uma bebida.

Concordo com ele em muitas coisas.
Quem compra vinho compra, de facto, e na maioria dos casos, uma imagem. E esse é um dos motivos pelo qual as adegas cooperativas estão a falir.
As empresas que tiveram origem na exploração de quintas vendem também, juntamente com o vinho, uns séculos de história, a possibilidade de fugir à massificação, de ter acesso a um produto individualizado e, forçosamente, limitado, vendem imagens de algumas pessoas, tradições, um estilo de vida, vendem...

Que o vinho português é diferente dos outros. Pois é. E, ao contrário do que ele acha, ainda bem!
Quanto mais diferente melhor. Só vale a pena produzi-lo se for diferente dos outros. Com caracteristicas próprias. Com personalidade.
Para quê que haviamos de andar a fazer imitações?!
Temos o clima e os solos perfeitos para o produzir, temos castas nacionais com caracteristicas fantásticas. Até temos a mais antiga região demarcada do mundo!

Não percebo esta mania dos portugueses (ou de alguns ) de achar que tudo o que é nacional é mau, a mania do lá fora é que é bom, a mania de que somos uns desgraçadinhos! Não entendo mesmo! Se calhar é por a minha ascendência não ser exclusivamente portuguesa. É que não entendo!

Ora, é por estas e por outras, que o vinho que ainda ali está nas cubas e nas pipas, ainda não foi engarrafado e já tem destino marcado: tirando umas garrafas para nós e para algumas, poucas, pessoas (duas delas até pertencem a uma pessoa que anda por aqui), vão todas lá para fora, para lá, para os países civilizados. E, na verdade, parece-me que são mesmo, porque afinal vêm comprar o que vale a pena, enquanto as pessoas com responsabilidade de fazer alguma coisa pelos produtos portugueses andam por aí a dizer que os lá de fora é que são bons!
É o país que temos...

segunda-feira, 4 de julho de 2005

Braveheart


É-me particularmente difícil ler mais do que uma vez um livro ou um texto.
Há excepções, mas são poucas.

Com os filmes não é tão raro, mas continua a não ser muito comum.
Há, no entanto, uns poucos - muito poucos! - que revejo, de vez em quando.
Um deles é o Braveheart.

Perdi a conta ao número de vezes que vi este filme. Claro que já conheço a história de trás para a frente, e no entanto, descubro sempre alguma coisa de novo de cada vez que o vejo.
O inconveniente é que choro. E choro cada vez mais. Porque já choro por antecipação, e porque choro no momento, e porque choro depois... Mas depois passa! Até porque há lágrimas que, ao invés de nos deixarem esgotados, parece que revigoram. Foi assim esta noite!

sábado, 2 de julho de 2005

Tempo...

Ontem, de noite, passou-me pela cabeça que devia ter deixado o portão do páteo do escritório aberto. E, consequentemente, fui verificar.
Estava fechado. Tanto melhor!

Quando voltei e ia a entrar em casa, apeteceu-me ficar na rua.
Reparei como andamos sempre a correr, nem sei bem porquê, e como nunca temos tempo para usufruir de nada nesta vida. Um destes dias, dizia-me o meu irmão, que até é pessoa pouco dada a observações deste tipo, que: ... quando eramos miúdos tinhamos que contar o dinheiro da semanada e agora, depois de crescidos, dá no mesmo! Não temos que contar o dinheiro, mas não temos tempo para o gastar!

Por acaso acho que é pior. A mim, a semanada, sempre me chegou! Sempre fui ordenada nos gastos. O que me falta agora é tempo!
De que serve viver num sítio quase idílico se andamos sempre a correr de um lado para o outro?!

Ontem resolvi deixar-me ficar na rua. Fui andando, devagarinho, sem destino estabelido. Às vezes, nem sequer reparava para onde estava a ir. Mas não faz mal. Conheço estes caminhos de olhos fechados.
Deu para dar atenção ao vento fresquinho, ao rumor dos ramos das árvores, ao piar do mocho, que me pareceu muito irritado - talvez eu estivesse a atrapalhar-lhe a caçada!
Deu para ir até ao pomar e comer ameixas enquanto viajava nos meus pensamentos, e seguir para as laranjeiras e comer três laranjas que nunca me pareceram mais doces, e sentar-me nos fenos, encostada à casinha da eira, que foi isso mesmo na origem: uma casa pequenina de paredes largas de pedra que servia para dar apoio a um eira desactivada há décadas. E para ficar ali a imaginar o estado do mar com o vento que estava, e a ver as formas das nuvens que passavam por cima de mim - uma delas era uma rã, tão perfeitinha! - e segui-las com a vista até me parecerem desaparecerem mais à frente, e reparar como os ramos do cedro abanavam, e saltar de pensamento em pensamento e descobrir que a ideia ou a imagem de uma rã ou de um sapo já não tinham importância e que, as coisas afinal não acabam num dia e hora em que dizemos que acabaram, mas que um dia, quando reparamos acabaram mesmo, e ficaram lá, longe, pequeninas e sem importância, numa altura qualquer que nem conseguimos identificar, há uns meses, lá para trás. Tão pequeninas que nem percebemos como foi possível parecerem tão importantes.
E para ouvir os grilos a cantar. E para ver duas estrelas cadentes - no sentido contrário do normal! - e pedir-lhes, instintivamente, um mesmo desejo. E respirar fundo... e em paz!
E ouvir o som, trazido pelo vento, das badaladas do relógio da Torre.
E reparar que era tarde.
É que, às vezes, também precisamos de um bocadinho de tempo para nós!

Não sei...

Não sei o que se passa com o meu blog!
Parece que tudo o que lá estava foi apagado!
Não sei como, nem por quem, nem porquê, nem nada!
Mas sei que não gostei! Nada!!!