Era uma vez um Rei Mouro que vivia tranquilamente no seu pequeno reino. Não era feliz nem infeliz. Os seus dias seguiam calmos, iguais uns aos outros.
Um dia um Rei Cristão, com o seu séquito, atravessou o Reino mouro em viajem.
O Rei Mouro fez questão de os receber no seu castelo. Levou-os a conhecer o castelo, serviu-lhes um jantar e mostrou-lhes jogos e danças que os cristãos do Norte não conheciam.
No séquito do Rei Cristão seguia a sua filha. E o Rei Mouro apaixonou-se por ela. Não podia pensar em deixá-la ir embora.
Pediu ao Rei Cristão que lhe desse a mão da Princesa, mas o Rei resistiu. Disse, no entanto, que consultaria a filha e que o que ela decidisse seria aquilo que seria feito.
Para espanto do pai, a jovem Princesa, confessou-lhe que também se tinha deixado encantar pelo Rei Mouro e que era sua vontade ficar com ele.
E ficou. Casaram e foram felizes durante muito tempo.
Mas o tempo foi passando e um dia a Princesa começou a entristecer. E cada dia estava mais triste apesar de todo o cuidado que o apaixonado Rei Mouro tinha com ela.
Quase não comia, nem falava, e não saia da janela do Castelo. Foi então que disse ao Rei que tinha muitas saudades da sua terra do Norte e dos seus campos brancos de neve.
O Rei ficou muito triste por não poder fazer nevar no seu reino para aliviar a tristeza da sua mulher. Até que se lembrou de mandar plantar um mar de pequenas árvores à volta do castelo.
Ninguém entendeu porquê, mas um dia, ao acordar, a Princesa encaminhou-se tristemente para a janela e viu uma imensidão de flores brancas. Tantas e tão brancas que parecia que tinha nevado. E foi isso mesmo que lhe pareceu: um imenso manto de neve.
A partir desse dia aquela árvore passou a chamar-se Aluandra, tal como a Princesa. E a Princesa do Norte e o Rei Mouro foram felizes para sempre no seu castelo.
Conhecia esta lenda desde pequena. Às aluandras também se chamam alandras ou cevadilhas. É cevadilhas que chamamos às que temos no jardim.
Umas dão flores brancas, outras cor-de-rosa.Mas soube-me bem ouvir esta história, deitada numa cama de rede no alpendre de uma casa que tem uma linha de aluandras a separar o jardim do laranjal, contada pela pessoa que toma conta dessa casa e saber que, apesar de não poder garantir exactamente de que castelo se tratava, era ali muito, muito perto, naquelas terras do Sul.
E são coisinhas destas que me deixam de sorriso nos lábios apesar de ter que compensar agora o trabalho que deixei atrasar.