quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Procura

Passo metade do tempo a tentar libertar-me das rotinas, dos sítios, das coisas, das tarefas, do que está instituído. Isto para me encontrar.
Passo outra metade a tentar estabelecer rotinas, habituar-me a sítios, automatizar tarefas e instituir hábitos. Isto para tentar encontrar-me.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Silêncio

Desde que sou mãe e, mais ainda desde que sou mãe de duas, aprecio muito o silêncio.
Na verdade sempre o apreciei. É uma dádiva. Um momento nosso, de paz, que podemos preencher com tudo o que quisermos. Na verdade, só consigo encontrar-me no silêncio.

As duas crianças estão fechadas em casa comigo.
Podia ser como nos filmes; mas não é.
Chove lá fora e ouve-se o vento. Estão constipadas e cheias de ranho, as duas. A mais velha tenta ocupar-se com desenhos e pinturas, a mais nova, do alto do egocentrismo dos seus dois anos, berra o seu desconforto pelo ranho, por estar fechada em casa ou o que quer que seja, há três horas, non stop.
Comprei agora uns minutos de silêncio com duas tangerinas que está a comer ao meu colo. Depois do chocolate, as tangerinas são um troféu para as duas.

Ser mãe é, mesmo a melhor coisa do mundo. E as minhas filhas são, mesmo, o maior tesouro que pode existir. Mas um bocadinho, só um bocadinho de silêncio, sabe bem...


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Feliz 2014!!!

Um ano mais.
Um ano sem passar por aqui.
Um ano que se espera que preserve as coisas boas do anterior e que leve as más.
Um ano novinho, como um caderno em branco, para escrevermos o que quisermos.
Um ano em que, talvez,... talvez consiga voltar aqui.

Feliz 2014!!!

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz 2013!!!

A mais pequena dorme! A mais crescida dá cambalhotas no sofá!
Até ao Verão, 2012 foi um ano suave e cheio de luz. A partir daí muita coisa mudou.
É com um misto de alívio e de receio que viro as costas a 2012.
Que venha o 2013, novo em folha, com 365 dias novinhos em folha, e que os possamos preencher de risos, alegria, sonhos realizados e momentos memoráveis. Que em 2013 não nos faltem os sonhos, a esperença, a coragem e a tenacidade para os alcançar!
Bem vindo novo ano!
Feliz 2013!!!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

15 meses!

 
A Constança faz hoje 15 meses.
Não tenho escrito aqui quase nada da evolução delas (e minha) mas hoje apeteceu-me dizer algumas coisas acerca da C.
 
É muito diferente da M. Dizem-me que não devo fazer comparações, mas raramente resisto. Não o faço no sentido qualitativo. Nenhuma é mais especial do que a outra, mas são diferentes, e não me parece errado falar de como é uma e de como é a outra.
 
Mas hoje é um dia da Constança (mesmo que vá, daqui a pouco, buscar a Mafalda para a levar ao teatro e que de seguida sigamos com ela para a festinha de Natal da academia do ballet) e, portanto, apetece-me falar dela.
 
Anda muito. Anda, anda, anda... E eu tenho muitas saudades do meu bebé de colo e das perninhas gordinhas.
Já tenta mesmo correr.
Num ápice, o meu pequeno bebé, usa a colher, a escova do cabelo, a escova dos dentes, esfrega-se no banho, tenta vestir casacos, por gorros e calçar sapatos. Enterte-se muito com os brinquedos. Adora livros, bonecos, jogos, música, dançar, desenhos animados, animais, passear e a nós!
É muito desembaraçada mas, o que a caracteriza mesmo, são os abracinhos, o riso com que nos recebe sempre no regresso a casa e... a doçura sem limites.
Parabéns Constança!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

...

Recuso-me a fechá-lo sabe Deus porquê!
Esta noite acordei a pensar que já nem sabia a password do blog e isso angustiou-me. Felizmente... acabei por me lembrar.
Sim, nem tenho escrito nem sequer lhe tenho posto a vista em cima, mas continua a ser importante para mim.

Ah!  A C. fez um ano e é simpática como só ela.
A M. entrou para a escolinha e adora. Esta a tornar-se uma bailarina "a sério" e já dançou quatro vezes O Lago dos Cisnes.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Sweet

Termino hoje uma tarefa que não escolhi.
Dei, durante meses, (com intervalos de tempo), formação a adultos uma vez por semana (de noite).
Não sentia a menor apetência para fazê-lo.
Não me atraía dar aulas à noite. Nem me atraía dar aulas a adultos.

A escola precisava que o fizesse, e eu fi-lo. À laia de favor. Pago, é verdade. Mas favor, ainda assim.

Foi uma experiência e tanto!
Foi uma oportunidade. Uma tarefa bem sucedida. Uma experiência muito compensadora.
Ensinei algumas coisas, aprendi muito. Sobretudo a ver o mundo de outros prismas. Conheci pessoas com vivências diferentes. Muito diferentes.

Hoje, foi o meu último dia de aulas com eles. Na avaliação que fazem dos formadores, todos me deram a nota máxima (sim, a avaliação é anónima, mas todos têm a mesma avaliação) e fizeram-me o melhor bolo de chocolate que alguma vez comi.

Vou continuar a cruzar-me com eles, durante mais algum tempo, mas vou ter saudades deles. E não me vou esquecer das experiências de vida deles, dos seus percursos, do modo como se atiram à vida e procuram progredir. Não me vou esquecer deles e de como mudaram a forma de ver tantas coisas, como me permitiram deixar apenas o prisma de "menina" de colégio e universidade.
Vou guardar esta experiência, trabalhosa, mas doce.

quarta-feira, 28 de março de 2012

The dark side

As crianças permitem-nos saborear o melhor e o pior da vida.
São passe para as maiores alegrias e permitem-nos viver uma felicidade que nunca, até à sua chegada, tinhamos, sequer, concebido que existisse.
Mas é também, através delas que provamos o gosto amargo da vida e da natureza humana.

A Constança, enche-nos a vida de Sol. E a bebé mais simpática, e com o sorriso e as pestanas mais bonitas que conheci em toda minha vida. Sem falsas modéstias!
É a luz personificada, é a candura na sua plenitude, é a doçura tornada gente.

Ainda assim - lá está!- a par da maior das felicidades, através dela, sou obrigada a enfrentar o facto negro da incapacidade de pessoas, familiares relativamente próximos, de gostarem dela, de a receberem com alegria e coração aberto de, alguns, nunca se terem alegrado com a notícia da sua chegada -nem nunca terem sido capazes de fingi-lo, de a - a ela! aquela doçura de bebé que nos olha com olhos doces e sorriso que desarma - preterirem claramente em relação a outras crianças.

Não me importam essas pessoas. Gostaria que não nos prendessem laços familiares de nenhum tipo. Gostaria que estivessem à margem das nossas vidas e dos nossos pensamentos.
Mas espanta-me a natureza humana. Ou, melhor dizendo, espanta-me a natureza de algumas criaturas.

O N. diz que isso não o afecta. Que, conhecendo a Constança, sabe que quem perde não é ela, são essas pessoas que não tiveram (nem têm) espaço e tempo na sua vida para ela.
A mim, depois de nove meses de gravidez (seis de conhecimento da maioria das pessoas) e mais seis meses de vida da Contança, continua a chocar-me. Cada dia mais, para ser franca. E a revoltar-me.
E preocupa-me também que aquela menina, tão doce e tão pura, tenha de aprender um destes dias que há gente má, que há gente em quem não pode confiar[-se], que há criaturas que era suposto gostarem dela, mas que na verdade não gostam. Um dia vou ter de manchar essa pureza imaculada com a realidade sombria que existe por aí, sob pena de que ela seja indefesa. Um dia, vou ter de lhe ensinar coisas que não queria ensinar...

terça-feira, 27 de março de 2012

Big girl

Learning or...

Quando eu andava no colégio, e depois, na faculdade, eu queria aprender. Ponto.

Um(a) professor(a) fantástico(o) era alguém que conseguisse ensinar-me muitas coisas.

Não entendo miúdos que a única coisa que querem, quando entram numa sala de aula, é sair o mais depressa possível e fazer o minímo que se puder imaginar!
Não entendo e tenho muita dificuldade em lidar com eles!

[Felizmente também tenho dos outros. Dos que adoram aprender. Diferentes graus de ensino, diferentes matérias, diferentes tipo de ensino e... pessoas diferentes!]

quarta-feira, 14 de março de 2012

Seis meses

A Constança fez seis meses.
Meio ano, portanto.
Ontem.

E, esta Mãe, foi adiando pelo dia fora, o momento de passar por aqui e escrever uma vasta lista de palavras pirosas - como fiz no facebook e como é permitido e perdoado a todas as Mães.
Não escrevi, mas pensei-as e senti-as. Corrijo: penso-as e sinto-as, com cada bocadinho do coração.

Ela fez seis meses - meio ano - e está de parabéns!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Bailarina


Queria muito, muito ir para o ballet.
Pedia muitas vezes.
Pediu durante muito tempo.

A Mãe achava que era um capricho, uma ideia sem fundamento.
O Pai achava que tinhamos mais do que fazer.

Foi hoje para o ballet. A sua primeira aula.
A professora elogiou-a e ela não queria sair da sala nem parar de dançar.
Veio para casa porque a professora garantiu que também ela ia sair e que voltavam na próxima aula.

Anda agora, por casa, a treinar passos e posições de ballet. Está deslumbrada.
Quer usar o cabelo apanhado, como nas aulas e parece, de repente, tão mais crescida e elegante.

Está feliz e nós temos uma bailarina.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Constança #1

Há quatro dias que lhe descobri um dentinho.
E como não tenho qualquer pressa que cresça, nem a imaginava já com dentes, já o devia ter há uns diazinhos e tinha-me passado despercebido.
Já não bebe de biberão e, há uns dias, também, que o quarto da Mafalda passou a ser o quarto das meninas - e estão a dar-se lindamente com a mudança.
Tem uma carinha miúdinha, ao contrário da irmã, nesta idade, que tinha uma cara de lua cheia.
Come pouco e faz-se difícil. É de uma teimosia sem igual.
Mas é simpátia e alegre, para além de todos os limites.

terça-feira, 6 de março de 2012

sweetie

Noite de Sábado para Domingo, Mafalda agarridinha a mim, enquanto a adormecia:

- Mãããeee...
- Sim?
- És tão maravilhosa!
...

- Mãããeee...
- Sim?
- Gosto tanto, tanto de ti!

...

- Mãããeee...
- Sim?
- Gostava que fosses minha mana e não minha Mãe...!
- Porquê?!?!
- Porque queria que fosses a minha bebé para sempre...!

E o que é que se responde a isto?!

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Confessei-me há uns dias.
Pode parecer estranho a muita gente. Eu própria agarrei-me durante anos ao facto de sentir - ou dizer -que não fazia sentido colocar-me diante de um ser humano - humano, como eu - e pedir-lhe perdão, e contar-lhe a minha vida, a minha vida naquelas coisas que são mais... inconfessáveis. Pedir-lhe perdão, e esperar que me perdoasse, em nome de Deus.

Fi-lo. Fi-lo, quando me casei, porque a isso era "obrigada" para poder participar plenamente no sacramento; fi-lo depois porque o "devia" mas também, e principalmente, porque queria.
Há qualquer coisa que nos transcende, de facto, nesse acto. Bem vistas as coisas, não há medicamentos nem consultas em psicólogos que valham um "eu te absolvo".

Saimos tão mais leves que quase não nos reconhecemos.
Fazemos um exame de consciência, arrumamos ideias e sentimentos e sentimos a necessidade de sermos absolutamente verdadeiros - principalmente connosco. E, depois, levantamo-nos Homens novos.
Na verdade, estas foram as ocasiões em que tive tempo para pensar mesmo em mim. Um luxo, portanto.

Confessei que não gosto de algumas pessoas [poucas]. Achava que devia gostar. Sentia o peso dessa culpa.
Diz que não. Não é pecado. Não temos a obrigação de gostar. Devemos tentar perdoar (tentar, note-se), mas temos todo o direito de não gostar, de não esquecer, de não ter de aceitar tudo e - não desejando mal - desejar que essas pessoas estejam longe de nós, longe da nossa vida, longe dos "nossos".
Gostei! Senti-me melhor!
Afinal não sou má. Afinal nem é pecado. Afinal é justo. Afinal... ainda bem que é assim!