quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Três anos... e picos

Perguntam-me se continuo a ler os comentários. Continuo, pois. Os comentários e os blogs de quem gosto (sim, disse de quem e não de que, embora pudesse dizer as duas coisas), mesmo que muito caladinha.

Senti que devia escrever este post. Senti-o em mim mesma, em consciência, e os comentários deram um empurrão. Na verdade, já devia tê-lo feito há uns dias, e podia tê-lo feito, mas ficou para agora e ainda vai a tempo.

O post anterior foi escrito num momento muito doloroso, e complicado, e coisas assim. É isso que está reflectido nele (consigo calar, mas não consigo disfarçar). Mas a vida não é assim. É feita de momentos destes também, é verdade, mas a vida não é o que lá se reflecte.
E os momentos maus... Há cerca de ano e meio (será?) dei por mim a declarar que os momentos maus servem para aprendermos a valorizar o que temos de bom. Às vezes esqueço-me disto, mas continuo a acreditar que sim, que isto é verdade. E acredito também, agora, que eles servem para nos por à prova, para nos testar, para nos obrigar a olhar para as coisas com olhos de ver, para nos mostrar o que é importante, para nos levar a transcendermo-nos e a crescer com eles (acho que podemos crescer até ao dia em que morrermos). Sim, eles servem para nos fazer crescer, no plural ou no singular.
Nada de novo; é a lei universal da compensação. Saibamos ( e queiramos) nós aproveitá-la.

No fundo, era isto mesmo que queria dizer.
E o momento mau... passou, ficou lá atrás, mas com muitas lições aprendidas.

Quanto ao blog... sinto-lhe a falta, é um facto. Podia criar outro, ou muitos, mas não seria o mesmo.
Mas uma coisa é certa, o grau de exposição, a frequência dos posts, a maneira de lidar com o reflexo do que escrevo aqui e até o registo de escrita, terão, sem qualquer margem para dúvidas, de ser diferentes.
A privacidade (a nossa e de outros), a reserva necessária, exigem este preço, mas pago-o sem lamentar. Da mesma forma que não lamento já não fazer parte dos meus planos ir para a Escócia, ou que até o doutoramento no país aqui do lado seja muito improvável. Não vou chorar-me e dizer que deixei de fazer X por causa de Y, não é isso que se passa, e muitas vezes é assim que encaramos as coisas.
Quando deixamos de fazer alguma coisa, por causa de outra; quando isso é uma decisão e não uma cedência, então não temos do que nos lamentar; é sinal de que temos a sorte de ter alguma coisa nas nossas vidas que vale mais do que aquelas coisas de que abdicámos. Apenas isto.

E posto isto... tudo segue o seu curso.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Três anos

Este blog fez três anos ontem. Não reparei quando fez um ano, nem dois. Não reparei e, muito menos, comemorei.

Não comemorei, mas acho que podia tê-lo feito. Sei que um ano depois de o ter criado a minha vida estava melhor e eu era mais feliz. Sei, também, que dois anos depois dessa data a minha vida era ainda melhor e eu, mais feliz.
Coisas más durante este tempo? Houve, claro. A vida é feita de coisas tristes e alegres, de dias e de noites, de Sol e de chuva, de esperanças e desilusões. A vida é assim. Mas tudo somadinho, ela estava melhor. Valia a pena!

Se reparei na data desta vez, foi porque senti que chegou a altura de fechar o blog.
Há cerca de mês e meio aconteceu-me uma coisa que ainda não consegui superar completamente. Não há culpas a atribuir, não há intervenção de ninguém. São coisas que acontecem. Não disse o que foi nem quero fazê-lo; é um assunto para guardar comigo, como se isso, se o guardar muito para mim, possa servir-me de algum conforto.

A seguir vieram as férias. Providênciais, porque eu tinha chegado ao meu limite.
Acabaram, entretanto. E não acabaram só as férias, acabou também, entre outras coisas, qualquer coisa de bom para transmitir aos outros. Já não tenho nada de bom para transmitir às outras pessoas. Pela primeira vez na vida sinto-me mal na minha pele, pela primeira vez, arrancá-la-ia se pudesse.

Quando o blog foi criado, foi para mim mesma, sem ter noção nenhuma do meio de comunicação que podia ser, sem imaginar que através dele podiam chegar tantas pessoas à minha vida.
Ele foi feito para eu conversar comigo. Às vezes precisamos de falar connosco mesmos. Faz-nos bem.
Foi feito com esse fim mas, depois vieram as pessoas e, de uma forma geral, tive muita sorte nisso. Se como na vida cá fora, aqui encontrei pessoas que gostava que nunca tivessem cruzado a minha vida (uma ou outra gostava mesmo que não existissem na vida de ninguém), na esmagadora maioria fui mesmo muito bafejada pela sorte, e o único senão que tenho a apontar foi sempre o excesso de qualidades que me atribuiram. Eu não sou especial, nem melhor em nada que ninguém (embora achasse - mas já não sinta o mesmo- que também não seria pior).

Por isso, porque sei que desse lado estão pessoas, boas pessoas, porque algumas delas são muito minhas amigas (algumas já saltaram para o lado de cá e espero conservá-las para sempre, mesmo que quase nunca lhes dedique o tempo que mereciam), por isso... ainda que tivesse começado a apagar post por post, e tenha depois pensado apagar todo o blog, perdi a coragem e vou deixá-lo assim. Quem sabe se um dia...

Entretanto, mesmo reconhecendo que tenho muito pouca capacidade, continuarei a acompanhar, dentro dos possíveis, as pessoas (porque se trata de pessoas e não de blogs) de quem gosto. Talvez quase sempre em silêncio, mas a acompanhar.
E continuarei também disponível, se tiver capacidade para isso, e por esse motivo, o mail continuará activo.

Desejo-vos a maior das sortes!

Da Maddie

Há muito que deixei de crer que a tese de rapto fosse a mais plausível.
E também já não me causa incredulidade que os mais próximos, os que mais deviam amar, os que mais deviam defender, pura e simplesmente não o façam.
Não me causa espanto que os pais possam estar envolvidos na morte da Maddie. É uma hipótese possível. É provável.
Não creio que o tenham feito com dolo, e imagino (ou não) o sofrimento que a morte de uma menina tão encantadora lhes possa ter causado.

Mas não sei, realmente, o que se passou. E espero pelo fim da investigação.
A cada um o que sabe fazer. É a polícia que deve fazer este trabalho. E por isso demito-me de fazer comentários.

A verdade, irónicamente, é que nunca a frase: Please keep looking, please keep praying.*, fez tanto sentido. Sendo que o looking é aqui uma coisa muito agrangente.
Pela Maddie e pelas outras crianças.

* A frase não é proveniente do site, dito oficial, da Maddie. É do Miguel, mas desde o primeiro instante achei que condensava nela tudo o que era essencial.