sexta-feira, 21 de julho de 2006

Praia


Tenho saudades disto. Muitas.
Dos fins de tarde na praia, do contacto da areia, do cheiro do mar, das amigas de férias de há muitos anos, dos risos, da água fria, das ondas, da luz coada do anoitecer sobre o mar que me entra pela janela do quarto, da calma, do tempo, do espaço para mim e do espaço para mim e reparo como, irónicamente, tenho preservado tanto esse espaço, mesmo de pessoas que me pareciam, à data, tão importantes.

Tenho saudades disso tudo.
Mas agora, que é provável que consiga lá passar uns dias, apercebo-me que isso tudo, afinal, é importante, mas não tanto.
Importante, mas não determinante.

quinta-feira, 6 de julho de 2006

Em verdade...

Não estou a fazer o que gosto. E, muito menos, de uma forma que goste. Mas se digo que me vou embora, sou avisada que sou inqualificável, que quero levar tudo ao descalabro, que não o podia fazer agora. Por outro lado, se estou, não faço nada de significativo e é-me, frequentemente, perguntada, afinal, qual é a minha função.
Não tenho horário fixo, o que podia ser uma coisa muito boa mas, na circunstância, está a revelar-se uma coisa muito má.
Entrei em rota de colisão com o meu Pai/patrão em diversos aspectos. Situações destas, em que se mistura trabalho, interesses familiares, afectos e o mesmo local de morada são muito delicadas; quando corre bem, muito bem; quando começa a correr mal, é dificil tornar as coisas estanques e limitadas ao campo em que não estão tão bem.
Pela primeira vez na vida (acho eu!) não vou ter férias de Verão. Nada! Vou ficar sem a minha praia e sem o meu mar. Ainda não me mentalizei bem do facto e prefiro nem o encarar muito de frente. Há-de chegar a altura em que esta falta se vai tornar incontornável.

Mas, em verdade... por mais que lamente tudo o que ficou dito acima, não me sinto infeliz. Nada!
Claro que me sinto cansada, claro que tenho pena de muitas situações, claro que me sinto, às vezes, sem saber para onde me voltar, e que nem quero pensar na ausência da praia.
Mas, em verdade... não trocaria este ano por nenhum outro. Nenhum! Nem com calma, nem com menos trabalho, nem com menos atritos laborais/familiares, nem com férias de dois meses! E, todos os anteriores, foram melhores em todos estes aspectos.
Em verdade,... em verdade... nós, mulheres, somos tão estranhas, que até a nós nos estranhamos! Mas temos cá as nossas razões, muito, muito nossas.