sexta-feira, 28 de abril de 2006

Post noticioso

Serve o presente para informar que não estou de chegada mas sim [novamente] de partida.
Agora que aprendi a "ir", sem datas precisas nem destinos geométricamente pré-estabelecidos, não apetece muito "voltar".
Acho que tenho alma de nómada ( mas por outro lado não podia ser mais apegada às raízes).

O regresso em definitivo será a 15 de Maio. Porque há uma auditoria... senão...
O que não impede que possa passar por aqui de vez em quando mas, como tudo o resto, sem calendário.

Tenho algumas saudades. Mas precisava de fazer isto!

quinta-feira, 27 de abril de 2006

Las Ciés


Os romanos chamavam-lhes as Ilhas dos Deuses.
Eu nunca lhes tinha dado atenção. Mas os romanos sabiam muito!
E tão acessíveis...

Bichaninho


De entre todos os outros, senti, desde que o vi, que este estava destinada a ser o meu.

Olhava para mim, assim. Com o enlevo de quem estava a adorar o Menino Jesus. Sempre.

Por estas, e por outras coisas, sempre me pareceu que ele era diferente, que não pertencia a este nosso mundinho; que tinha uma alma pura e leve; que era especial; que era um poeta num corpo de gato e fora do tempo.

E não. Não pertencia mesmo ao nosso mundo.

quinta-feira, 20 de abril de 2006

Devagarinho...


Começa-se devagarinho...
Agarra-se na bagagem, meio a medo. Sai-se com passos pouco seguros e decisões que se embalam pelo vento que faz no momento.

Sai-se sózinha com esse peso, com essa palavra sublinhada na consciência. De propósito.
Sem fugir de nada mas à procura de alguma coisa; de alguma coisa que há-de estar, afinal, cá dentro.

Quer-se fazê-lo e não se quer.
Achava que não, que nunca sairia assim sózinha (sózinha, apenas partia com destino a um local preciso), mas, no fundo, eu sabia que um dia o faria.
Sabia que haveria uma primeira vez; que chegaria à beira do ninho, que bateria as asas para as experimentar e que acabaria por me lançar no ar.

Sabia que faria um vôo on my own, que seria pequeno, mas que seria só o primeiro.
Começa-se devagarinho, assim...
Volta-se a casa, pousa-se por um instante e volta-se a partir para mais longe, com menos inseguranças.

As certezas ainda não estão cá. Algumas hão-de ser procuradas toda a vida, bem o sei.
Mas os vultos delas começam a aparecer, começo a ver-lhe os contornos e fico feliz por mim.

Voltei a ler, voltei a ouvir-me, voltei a dar-me tempo e atenção.

Voltei a casa; deixo umas coisas e levo outras. Bato as asas outra vez; para mais longe.
E sei que um destes dias as coisas vão estar mais definidas.
Assim... devagarinho...

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Out


Porque precisava. Porque precisava muito!

Um tempo fora.

Um tempo que não marquei na agenda, nem em lado nenhum, mas que, muito notóriamente, se tinha tornado indispensável.

Também não marquei itinerário, nem regresso.

Voltarei, claro. Quando o regresso for tão premente quanto a partida o foi.
Assim, ninguém ficará em cuidado.
Eu estou fora, mas estou bem! Vou à procura de mim...

quinta-feira, 13 de abril de 2006

Boa Páscoa!


Não posso dizer que me sinta muito imbuída do espiríto da Páscoa, este ano.
Não é que considere que a época não é importante. Muito pelo contrário.
Simplesmente não me atingiu como em outros anos, talvez por andar tão atarefada ( too munch!).

De qualquer modo, os dias estão bonitos e a data é muito importante. E gosto das amêndoas de todas as cores e diversos gostos, e dos doces do aspecto das coisas.

Portanto... acho que é mesmo muito importante desejar a todos uma Páscoa muito feliz!

terça-feira, 11 de abril de 2006

For Saint Andrew´s!


Não tenho o hábito, muito generalizado entre os escoceses, religiosos ou não, de rematar com uma mesma expressão conversas longas, curtas, alegres, ou tristes.
Não o faço nem quando falo em inglês. Não o faço, se calhar porque não sou filha da Escócia; sou neta, como me habituei a ouvir.

Por tudo e por nada lá se ouve a mesma expressão: For Saint Andrews!

For Saint Andrew´s!; para apelar à sua protecção perante um mal, para dar coragem e força perante um obstáculo difícil de transpor, ou para lhe atribuir a graça de um bem inesperado.

A cruz branca, traçada, no fundo da bandeira azul não é mais do que a cruz do famoso Santo André. O Santo, a bandeira, a Escócia confundem-se, e fundem-se, e são uma só coisa.

Hoje, ao ir para casa, para almoçar, olho para o horizonte e vejo. Vejo a cruz, branca, cruzada, no fundo azul.
Vi e gostei. Aqueceu-me o coração, senti-me aconchegada!
For Saint Andrew´s!

Worse...

Nem de propósito...
Posso continuar a ouvir o JJ. Posso, mas não o ouvirei mais a partir de rádios escocesas. Pelo menos, em Portugal, claro!
Ontem foi mesmo o último dia.

Algumas já tinham deixado de transmitir para fora do Reino Unido. A partir de ontem, acho que não resta mais nenhuma.
A lei dos direitos de transmição de música mudou e, com isso, as estações só podem emitir para o Reino Unido.

Reconheço os direitos de quem cria as músicas. Trabalho é trabalho e deve ser recompensado. Mas não percebo isto. Será que os autores ganham mais assim?! Ganham, realmente, alguma coisa com isto? Não é o mesmo, para eles, que as suas músicas sejam ouvidas a partir de uma rádio do Reino Unido ou a partir de uma de outro país qualquer?
Se calhar isto nem tem nada a ver com a vontade dos autores.

E a liberdade? A liberdade de comunição? Se os meios permitiam, sem custos, que os ouvintes ouvissem - sim, tenho noção da redundância - o que muito bem entendessem, a partir de onde entendenssem, em nome de quê é que se restringe essa liberdade? Quem é que ganha mesmo com isto?

Passei a ouvir uma da Irlanda, mas da Rep. da Irlanda, claro, que o Reino Unido está todo silenciado. Pois... também tenho ascendência irlandesa, e inglesa... mas, por isso mesmo, distingo muito bem cada uma destas nações. Não é nada a mesma coisa! Por muito que as estime, e que goste delas!
Mas a minha Escócia... quem me afasta dela...
Não, não foi um bom começo de dia!

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Better...

Uma das minhas [várias] manias é ouvir, durante uma boa parte do dia de trabalho, uma rádio escocesa, com o som baixinho.

Não sei porquê mas, nos últimos tempos, talvez a música que passa mais vezes é o Better Together, do Jack Johnson. Não sei porquê, mas é estranho. Até porque não é nada a sonoridade que nos faz lembrar a Escócia; bem pelo contrário.
Mas passa, é um facto. E eu nem me importo nada com isso.

Afasta-se um conjunto de papéis que dizem: Parte 2: Importações a partir de países terceiros não constantes da lista do anexo ao regulamento ( CEE) Nº. ...
Afasto-os, levanto um bocadinho o volume, recosto-me na cadeira, respiro fundo, fecho os olhos e... sabe tão bem.

domingo, 9 de abril de 2006

O Castelo de... Silves

Nos tempo da minha licenciatura era para lá ter ido. Era, mas não fui.
Conheci-o, em pequenina, na altura em que passava as férias lá por terras do Sul. Mas de tão pequenina, não guardo a menor recordação dele.

O castelo de Silves, acho que mais do que qualquer outro, saltava-me para a frente nas palavras de um professor e em textos lidos. E, a par daqueles episódios concretos, datáveis, crús havia um não-sei-quê de névua de mistério, de lendas de mouras encantadas, de cheiro a laranjeiras em flôr.

Um dia, a esse castelo associei um episódio meu. Mau.
Podia não o ter associado, podia ter associado muitos outros sítios desse antigo Al-garb. Podia, mas foi a ele que atirei as culpas, foi a ele que associei os males daquele momento, os que vinham de trás, os que se seguiram.

Durante muito tempo ouvir falar do Castelo de Silves fazia-me estremecer. Deixava-me inquieta como um tigre numa jaula, arrepiada, com vontade de fazer calar quem ousasse pronúnciar tal nome. Visualizava-o mentalmente e sentia vontade de lhe atirar pedras, pedras grandes, com uma força maior do que a minha.

Com o tempo a raiva foi dando lugar ao medo. O medo que o som daquele nome trouxesse essas coisas más que estavam guardadas já tão fundo. Tinha medo dele. Era uma espécie de caixa de Pandora; estava ali quieto, silêncioso... mas a qualquer momento podia mexer-se e fazer sair o mal que continha, tornar tudo presente outra vez. E no entanto... começava a reconhecer que tinha o seu encanto.

Tentava - e conseguia - não pensar nisso, afinal não era presença no meu quotidiano.
Percebi, muito por acaso, numa sms no Verão, que lhe tinha perdido o medo. Olhei para a mensagem, li, voltei a ler... e ri-me. Tinha-lhe perdido o medo. A menção daquele Castelo tinha deixado de me assustar e eu nem tinha dado por isso.

Nos meses seguintes passei-lhe por perto muitas vezes, bem ciente da próximidade desse grande Senhor de cores quentes. E gostei disso, dessa próximidade.

Ontem uma pessoa pegou num livro e mostrou-me para me fazer uma pergunta. Eu olhei e vi, vi a fotografia, aquela - mesmo aquela - que não podia ver. Vi e, mentalmente, só me apeteceu sorrir e dizer: Olá meu Velho Senhor!
Ele não teve a culpa, e eu que já tinha percebido que não lhe tinha medo, voltei a gostar dele. Mais do que antes.

sexta-feira, 7 de abril de 2006

Sugestão de fim-de-semana


É o primeiro.
Para o ano há mais.

terça-feira, 4 de abril de 2006

Importa-se de repetir?!?!

Fui parar ao Hospital. Às urgências.
Detesto hospitais e tenho tido a enorme ventura de se contarem pelos dedos de uma mão as vezes que tive que recorrer a um. Mas hoje teve que ser.

Começo a senti-me enjoada. Um bocadinho, depois mais um bocadinho e depois muito.
E as mãos a transpirar, e depois, de repente, o corpo todo.
E a sentir-me sem forças, cada vez mais.
E a ver mal, até deixar de ver por completo.
E depois... sei lá o que se passou. Levaram-me para o hospital, pois claro.

Pelo caminho a coisa melhorou; recuperei a visão, parei de transpirar; tomei plena consciência, fiquei menos enjoada e senti mais alguma força.

Fui atendida, e nem posso dizer que demorou muito.
A médica, senhora de meia idade e, por isso, com experiência já de uns anos, atende-me de sorriso na cara, ouve-me atentamente e depois diz com toda a calma: Está grávida.

- Eu?! Desculpe, mas importa-se de repetir?!

- Está grávida.

- Impossível!

- Ora, não me venha dizer como a outra paciente, do outro dia, que só se foi um telefonema ou um email!

- Pois! Mas só se foi isso mesmo! E mesmo assim... não estou a ver!

Lá a convenci da impossibilidade de estar certa. Tão bem que na bateria de análises que em mandou fazer não constava nenhuma para comprovar a sua teoria.
Pois. Foi uma baixa de tensão subita. Nem tinha tomado o pequeno-almoço ainda. Tudo muito normal, tudo muito explicável. Mas, e se houvesse, de facto a possibilidade de ela estar certa? Como é que ela se atreve a fazer afirmações destas? É por estas e por outras que detesto hospitais.
E pronto... de volta a casa, um bocadinho tonta ainda. Da tensão!

segunda-feira, 3 de abril de 2006

Realidades

Às vezes uma conversa pelo telefone é fria, pragmática, mecânica; trata-se de assuntos de trabalho. Nem se conhece a cara que está do outro lado ou, conhecendo, ignora-se voluntáriamente as expressões e os contornos. Desliga-se e retoma-se os afazeres.

Às vezes uma conversa pelo telefone é morna. Independentemente do assunto. Conhece-se a cara e, quando o som denúncia um sorriso, sorrimos também e vemos dentro de nós a imagem desse sorriso. Desliga-se e continua-se a fazer o que estavamos a fazer.

Às vezes - muito menos vezes - uma dessas conversas pode fazer disparar o coração, tremer as mãos... Mas depois desliga-se. Podemos ficar a sentir o corpo mais leve que uma pena, podemos conservar um sorriso idiota e denúnciador, mas continuamos o que interrompemos.

Mas, outras vezes, uma conversa ao telefone pode atingir-nos como um tiro, do qual nem procurámos esconder-nos porque não sabiamos que vinha aí. Uma pessoa pode abrir-nos a porta para a sua realidade, e essa realidade pode ser tão sombria que nos faça sentir sem chão debaixo dos pés. Nessa altura percebemos o quanto temos sido infantis até aqui, o quanto a ausência de problemas sérios nos pode levar a criar outros para preencher... para preencher nem sei o quê. Percebemos também o quanto a vida é frágil, e a sorte que tivemos até aqui, e vemos como fútil cada acontecimento que vivemos como um drama.
Nestes, quando se desliga, não conseguimos retomar nada. Ficamos com um nó na garganta, sem força nas pernas, olhamos em volta e parece que não reconhecemos nada. Nestes... as coisas não seguem iguais.

domingo, 2 de abril de 2006

Marés...




Começa-se cedo. É preciso limpar-lhe os cascos e escová-la; trazê-la para a rua, com o cabeção de trabalho e passá-la à guia até transpirar (ela! mas eu também ). Levá-la para o páteo, tirar o cabeção de trabalho e pôr a cabeçada de descanso; dar-lhe um banho; raspar a água do pelo; escová-la mais uma vez; entrançar as crinas e deixá-la acabar de secar.
Tomar um banho, eu!
Voltar; enrolar-lhe as caneleiras de descanso e pôr-lhe o cobrejão de viagem. Convencê-la a entrar na van, enfiar lá dentro tudo o mais que é preciso e seguir viagem.

Há quem tenha a tarefa mais dificultada. Há quem venha de mais longe, até de outros países. Alguns têm que vir de avião. E para a semana, tudo é a sério, para eles.

Depois o trabalho inverso; e mais algum. E ver a tabela das marés.
E levá-los para a praia. Hoje a maré foi às 11:13 - 0.77m, o que foi bom.
E correr; correr muito. Soltar rédeas a galope, com as patas dentro do mar.
Bom para eles, para lhes aumentar as resistências. Bom para nós...

E aproveitar! Aproveitar tudo...
Não tenho tudo o que gostaria mas, em dias assim, nem me atrevo a pedir mais do que o que tenho.


Vês Sara?! Afinal usei o toque. Mas estás a ver a fitinha azul no pescoço? Isso é que não pertence; mas era do biquini. A água continua gelada; tão gelada quanto irresistível! ;)