quinta-feira, 5 de maio de 2005

Um título qualquer

Normalmente não dou muita atenção às notícias e aos jornais. Não por não me importar com o que se passa no mundo mas pelo contrário. Por me atormentar.
Ao muito difundido se não puderes vencê-los junta-te a eles, sempre preferi o se não puderes vencê-los, ignora-os. Mas só se, comprovadamente, não for mesmo possível vencê-los, porque sou suficientemente casmurra para bater o pé até à exaustão.

É verdade que com esta mania até já tenho cometido algumas injustiças.
Bem me avisaram que não é automático que se devam defender sempre os fracos. Ser fraco não é sinónimo de ter sempre razão, nem de ser sempre vítima.
Ser fraco significa tão só que, em caso de serem atacados, têm menos capacidade para se defender. E em caso de não terem razão, menos capacidade para atingir os outros. Só isso! A razão não é património de ninguém. Mas foi uma lição que aprendi tarde.

Passou-me ao lado aquela história da mulher que foi regada de gasolina pelo amante. Paciência! É pena, mas eram adultos. Era lá entre eles.

Passou-me ao lado a história do Ivo.
Até achei que era demasiado passar uns anos na prisão por ter fumado o que não devia. Ouvi com espanto o meu irmão dizer que não assinava a petição, caso lhe passasse pelas mãos. Mas quando tive a oportunidade de assinar também não a assinei.
Afinal o menino conhecia as leis do país. Era suposto respeitá-las. Tinha consciência do que estava a fazer. Se lhe apeteceu fazer o que fez...
Agora, quando muito, vai passar uns tempinhos na prisão, o que lhe vai permitir fazer uma recolha muito mais rica para o tal documentário que estava a preparar. Espero que tenha sorte, mas espero mais ainda, que aprenda alguma coisa.

Mas o que não consigo ignorar é o que se passou com aquela menina, morta e atirada ao Douro pela avó!
Não consigo! É uma coisa em que não consigo deixar de pensar!

Eu tive uma infância de conto de fadas. É verdade que na minha, como em todas as famílias, também houve, em alguns momentos, problemas entre alguns dos membros que a compõem. Mas uma família é isso mesmo, um corpo com vários elementos que se inter ajudam e se completam. Há sempre alguém que compensa. Pelo menos na medida do possível. É por isso que as famílias têm pais, filhos, avós, irmãos, tios, primos...

Não consigo imaginar uma avó e um pai capazes de fazer aquilo a uma criança!
Não percebo como é que ninguém percebeu que a menina era vitíma de maus tratos, como é que não foi entregue a uma das mais do que muitas famílias dispostas a aceitar e amar crianças como esta!
Não consigo imaginar o que tenha sido a agonia dessa menina!
Não consigo pensar no tormento que deve ter sido a sua curta vida!
Não percebo como é que já se começam a arranjar atenuantes: que o bairro é problemático, que as pessoas vivem mal... Caramba! Há lá desculpa para uma coisas destas?!
Não percebo como é que, mesmo que consigam, de facto, provar que aquelas criaturas fizeram aquilo à menina - sim, porque já ouvi uma advogada lembrar que ainda é preciso provar! - daqui a poucos anos vão estar de novo à solta e continuar a sua vidinha tranquilos como se não fosse nada.
Definitivamente, há casos, em que a moldura penal não tem nada a ver com a aplicação da justiça! Por mim, para casos tão horrorosos quanto este, ficariam presos toda a vida! Porque não há desculpas! Nem acredito que criaturas destas se tornem, nem mesmo num dia remoto, pessoas normais!

5 comentários:

Lucia disse...

Confesso que também me faz muita confusão quando ouço ou leio notícias deste genero, como é possível que aqueles que pensamos serem as pessoas que nos ajudam e orientam quando estamos em dificuldades possam cometer tais actos...

HOPE disse...

Margarida!!

Já ando há uns tempos para deixar um comentário no teu blog. Ainda não o tinha feito pq eram sempre textos demasiado pessoais, demasiado teus. Mas desta vez não. Queria dizer-te que partilho as tuas opiniões. Também eu não assinei a petiçao do Ivo. Vivi durante 3 anos num país do médio oriente e, concordando ou não com muitas das leis existentes nesses países, os convidados lá eramos nós. Bem vistas as coisas, respeitar as leis do país que nos acolhe é uma questão de civismo e de boa educação (coisa que não abunda!)
Quanto à triste história da menina, foi mais uma que foi notícia. É incrível, é indigno. E quantos e quantos sofrem em silêncio sem ter uma mão que os ajude?? Não temos sequer noção. Eu acho que deviam fechar esta gente e deitar a chave fora!

Bjs HOPE

alma disse...

Arrepiei-me e continuo escandalizada! Como é que é possível magoar uma criança inocente, inofensiva?
Que raiva!
Eu acho que a prisão é muito pouco para animais que fazem isto! Mereciam ser atados a uma árvore e espancados como o fizeram!
Que nojo!!!!!
Ups...
beijinhos
cate

Sara MM disse...

Eu fiquei sem palavras qd ouvi essa tal noticia... mas agora sei que senti precisamente essas tuas palavras. Mas continuo sem conseguir acreditar.
E como justificam os católicos que "Deus dê Nozes a quem não tem dentes " e neste caso ainda pior !!??! (Desculpem! mas...)

Unknown disse...

Olá Margarida,
Não sei como há pessoas no mundo capazes de tamanha atrocidade...
É daquelas coisas que não consigo imaginar, muito menos, vindas de um pai e de uma avó...

Os meus pais moram pertinho da casa onde a menina vivia com a Madrinha e com a Mãe... pelos vistos os pais são uns drogados... e a mãe, ontem ainda nem tinha aparecido... a madrinha deveria era ter alertado as autoridades logo que lhe tiraram a menina... pelos vistos o tribunal confiou-a à madrinha...

Enfim... até me arrepio só de pensar no sofrimento de uma criança com apenas 5 anos...

Beijos

Isa e Pedrocas