segunda-feira, 9 de maio de 2005

Amor não é...

Tenho um livro na cabeceira que tem estado, literalmente, à cabeceira, porque pouco lhe tenho pegado.
É uma biografia de uma senhora. Uma senhora escocesa que viveu na Idade Média e por quem até tenho um interesse muito especial.
O livro tem poucos anos e está muito bem feito. Mas um dos pontos em que se apoia é numa biografia feita a pedido de uma das filhas dessa senhora, por um monge que a conheceu.
A páginas tantas o tal monge afirma, a respeito do relacionamento entre ela e o marido:

What she refused he refused, and what she loved, he loved for the love of her love.

Fiquei enternecida quando o li.
Li uma segunda vez. Li uma terceira, e comecei a estranhar qualquer coisa.
O amor não é bem isto! Se é que me lembro...
Não o amor entre homem e mulher.
Bom, esta afirmação tem um grande mérito. Apesar de se falar tanto da falta de cumprimento do voto de castidade dos clérigos da Idade Média, temos que concluir que este, pelo menos, parecia cumpri-lo. Porque não fazia ideia nenhuma do que é o amor.

Fiquei a pensar que se fosse comigo eu não ia gostar muito. Simplesmente porque, a ser verdade, a outra pessoa deixa de ter personalidade, deixa de existir. E depois, quem é que é capaz de amar alguém que é vazio?
E, mal por mal, até é melhor amar do que ser amado.
Na verdade ser amado é bom, mas só se for pela pessoa certa.

Do amor espara-se muito mais!
Espara-se assim coisinhas simples como ter a capacidade de nos tirar o sono e de nos fazer dormir nas nuvens, de nos dar asas e de nos prender, de nos tranquilizar e nos deixar com o coração nas mãos, apertadinho e inquieto, de nos fazer chorar de alegria pelas coisas mais simples e sorrir perante coisas dolorosas, de nos fortalecer e tornar dependentes ...
Pode ser? Será pedir muito? Se calhar é, mas enfim...
Se acontecer... que seja assim! Aconteça se tiver que acontecer! Chegue quando tiver que chegar! Dure o que durar! Mas que seja assim!

8 comentários:

39 disse...

O amor é isso tudo que referiste e muito mais!
Como sempre um post maravilhoso!
Beijinhos, muitos!

Anónimo disse...

Adoro ler os teus pensamentos!
Continua a escrever. Obrigada.
Um beijinho,
EP

Sara MM disse...

Pelo que te (blog-)conheço, mal li a frase, sorri a imaginar a tua carinha "revoltada"... e adivinhei! E concordo: "O amor não é bem isto"!
BJS e bom amor quando houver

Margarida Atheling disse...

Eu sei que parece Sofia!
Mas eu continuo a achar que aquilo não é amor. É veneração, ou coisa do género!

E também sei que aquilo de que falo parece mais paixão. Mas pode não ser. Amei duas vezes na vida.
Bem... talvez uma! E senti-me assim durante imenso tempo. Não foi passageiro. Depois, várias coisas correram mal. Muito mal. Mas o sentimento, em si mesmo, esse era bom. Donde...

Olha; também não importa muito!
Que seja qualquer coisa! Menos aquilo! :)

Beijinhos!

P.S. Parece que tenho o blog de volta!

Xuinha Foguetão disse...

Margarida,
ainda estou "banzada"!
Muito lindo o que escreveste...
E tb n me parece amor!
Amor é mais do que isso, tem de ser! Por muito que se possa confundir com paixão o que descreveste... se fosse assim preferia apaixonar-me do que amar alguém!
Beijos, muitos!

André Parente disse...

Tenta ver um bocadinho mais longe... E se o que, à primeira vista, parace veneração ou falta de personalidade for um verdadeiro encontro espiritual, em que tudo o que está à volta (o local, o tempo, o espaço, etc) for simplesmente desprezavel? Ainda que exista.

Margarida Atheling disse...

Tu, que és inteligente e perspicaz, não percebeste que eu "vi mais longe"?!

Vi, vi! Mas tive medo!
Eu bem sei que o amor pode ser isso tudo - é isso tudo! Que é imenso e capaz de virar tudo de pernas para o ar!
Até acredito em almas gémeas. Mas não para mim!

Este post era só para tentar convencer-me, a mim mesma, que as pessoas podiam contentar-se com uma versão bem mais simples!
Um post desonesto, em suma. O único post desonesto que escrevi.

André Parente disse...

Inteligente e perspicaz!? Eu!? Isso nao dizia no meu perfil ;)
Mas, de facto, devemos contentar-nos com a versao simples... Pelo menos, até a outra aparecer. É que, muitas vezes, nao aparece.